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Após IPO pôr fim à alavancagem, CEO da d1000 não quer saber de dívidas

Em entrevista exclusiva à EXAME, Sammy Birmarcker conta que não era o momento ideal para a oferta de ações, precificada no piso da faixa

Sammy Birmarcker: presidente da d1000 e Profarma (André Valentim/Exame)

Sammy Birmarcker: presidente da d1000 e Profarma (André Valentim/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de setembro de 2020 às 15h08.

Última atualização em 30 de setembro de 2020 às 22h59.

Foi na busca da virada de jogo que o Grupo Profarma decidiu levar à bolsa sua rede de farmácias d1000. Segunda maior distribuidora de medicamentos do Brasil e acostumada a trabalhar com margens curtas, a Profarma usou a oferta inicial de ações de sua subsidiária (IPO, na sigla em inglês) para arrumar a casa e alcançar patamares ainda mais altos com seu braço varejista.

"A gente não entrou no setor para ser coadjuvante, por mais duro que seja o varejo farmacêutico. Todo a aprendizado da Proframa em trabalhar com margens apertadas e disputa acirrada está no DNA da d1000", afirma Sammy Birmarcker, presidente da Profarma e da d1000.

Formada em 2013, quando a Profarma decidiu ingressar no varejo com as compras das redes Drogasmil e Farmalife, a d1000 fez aquisições das Drogarias Tamoio, em 2015, e da rede Drogaria Rosário, em 2017. Mas ainda que o crescimento inorgânico esteja nas raízes da empresa, os cerca de 400 milhões de reais levantados em IPO de oferta 100% primária tiveram outra finalidade.

Cerca da metade do dinheiro arrecadado na oferta teve como destino a amortização de parte da dívida líquida de 205 milhões de reais, que até a abertura de capital correspondia a 7,8x do Ebitda ajustado da d1000. A outra metade será para reforçar o caixa e abrir novas lojas. “A gente queria acabar com o problema de alavancagem e a gente entende que o mercado de capitais é a maneira mais barata para os planos da empresa. Tudo que a gente vendeu para os investidores está praticamente garantido”, afirma Birmarcker.

Com a solução da dívida encaminhada, o executivo pretende se manter longe de novos empréstimos, mesmo com taxa de juro na mínima histórica. “O juro pode estar baixo hoje, mas a gente não sabe como vai ser amanhã. Como diz o ditado, cão mordido por cobra tem medo de linguiça.”

"O momento não foi o ideal"

Com IPO precificado no piso da faixa indicativa, Birmarcker admite que o momento da abertura de capital da d1000 não foi o ideal, que, segundo ele, seria no ano que vem, quando a empresa já estaria com resultados mais consolidados para apresentar aos investidores. Ainda assim, o presidente da d1000 preferiu não correr o risco de esperar. “Estamos no mercado há 14 anos com a Profarma e a gente aprendeu que capital se abre quando pode e não quando quer. Mas a janela abriu e estávamos preparados.” Para o presidente da d1000 uma das principais razões de ter aberto o capital em meio à pandemia foi a de ter dinheiro em um momento de grandes oportunidades no mercado de farmácia.

“Há maior oferta de pontos [de locação] e, ao mesmo tempo, o valor pedido pelas luvas de aluguel está 30% a 40% menor do que era antes da pandemia.” Birmarcker também conta que os serviços de farmácias se tornaram ainda mais relevantes durante a pandemia. “Assistência farmacêutica ganhou mais peso no setor de farmácias, se tornando quase um posto avançado de cuidado à saúde [com as pessoas], evitando entrar em hospitais e clínicas. É um grande momento para as farmácias, mas é um setor mais inelástico, não tem um boom como o de imóveis.”

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