Negócios

Após investir R$ 1,5 bi, essa empresa compra startup para cuidar da logística nos mares do país

Compradora tem em seu portfólio 100 softwares para gestão de logística das empresas e já fatura R$ 800 milhões

Vasco Oliveira, CEO da nstech: “O que queremos fazer é completar o ecossistema de logística cada vez mais” (Vivian Koblinsky/Divulgação)

Vasco Oliveira, CEO da nstech: “O que queremos fazer é completar o ecossistema de logística cada vez mais” (Vivian Koblinsky/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 6 de maio de 2024 às 07h12.

Levar uma carga do polo industrial de Manaus até o sudeste do país pode ser um desafio e tanto -- e tão custoso quanto. Precisa passar por estradas, balsas, e enfrentar bons (milhares) de quilômetros.

Uma alternativa, não tão conhecida no grande público, é cada vez mais adotada para facilitar essa entrega: a cabotagem. Nessa modalidade, o transporte é feito em navios pela costa brasileira. Ou seja, vai de um porto nacional para outro. 

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o segmento de cabotagem está em expansão, totalizando 290,1 milhões de toneladas movimentadas em 2023. 

Para administrar tanta carga, as empresas de logística usam softwares que ajudam em todas as etapas do transporte. São programas que conseguem determinar a capacidade de carga no navio, fazer a gestão de qual carga embarca, em qual embarcação, os custos e gastos, e a margem que dá para se tirar do negócio.

Por trás dessa tecnologia, no Brasil, provavelmente está a startup Signa. Ela é responsável por entregar esse software para as quatro maiores empresas de cabotagem do Brasil. Criada há 28 anos pelos empresários paulistanos Nuno Figueiredo e Henri Coelho, a empresa nasceu depois que os dois engenheiros decidiram sair do mercado financeiro e empreender no desenvolvimento de softwares.

“Depois de dois anos tentando fazer software de tudo que é coisa, recebemos uma demanda do setor de cabotagem e acabamos nos especializando nessa área”, conta Figueiredo.

Agora, a empresa acaba de ser vendida para a nstech, uma empresa de softwares de logística que adquire a desenvolvedora focada em embarcações para aumentar o portfólio de produtos em sua prateleira. O valor da negociação não foi divulgado.

Criada há quase quatro anos,a nstech começou com a aquisição do controle da Buonny — uma empresa que monitora cargas de alto valor  — e já passou de 20 fusões e aquisições no setor de logística. Desde que nasceu, já investiu 1,5 bilhão de reais para crescer. Por trás da startup está o fundador Vasco Oliveira e sócios via equity como Niche Partners, veículo de aporte da gestora de investimento Tarpon, e a sueca Greenbridge, que juntas já colocaram 800 milhões de reais na empresa.

Quais são os planos da nstech com a compra da Signa

Até então, a nstech já trabalha com cabotagem, mas ainda não tinha o domínio do mercado -- movimento que deve acontecer agora com a aquisição da empresa Signa. 

A Signa possui, em sua carteira de clientes, os principais players do mercado de cabotagem, além de transportadoras rodoviárias como a JSL. Entre eles, estão empresas como Mercosul, Aliança (Maersk), Login e Norcoast.

“O que queremos fazer é completar o ecossistema de logística cada vez mais”, diz Vasco Oliveira, CEO da nstech. “E a Signa, por ter se especializado nesse nicho, não só desenvolveu um software muito parrudo, mas tem gente com conhecimento muito forte na indústria. Fez muito sentido para nós a colocarmos dentro do universo da nstech”.

A aquisição foi de 100% da empresa. Signa deve virar o nome do produto de cabotagem da nstech. Parte da compra foi negociada em ações da nstech. 

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal Exame Empreenda

A nstech comercializa hoje cerca de 100 softwares para gestão de logística das empresas. São produtos que conseguem dar visibilidade de onde estão as cargas, traçar rotas, fazer gestão de risco de acidente, mitigar riscos de roubos, entre outros. Atende praticamente todos os grandes players de logística do país, inclusive de setores do varejo, como Mercado Livre, Magazine Luiza e Shopee.  

“É uma plataforma bem completa: atende desde o dono da carga, pode ser uma indústria, um varejo, Unilever, Carrefour, até embarcadores e operadores logísticos”, afirma Oliveira. “A logística consome 13% do nosso PIB, contra 8% dos Estados Unidos. Esses softwares ajudam as empresas a gerir melhor, reduzir custo, melhorar nível de serviço”. 

Qual é a estrutura da nstech

Com esses 100 softwares que a nstech tem em seu portfólio, a empresa consegue atender cerca de 60.000 empresas do setor. Em seu banco de dados o ecossistema reúne 2,3 milhões de motoristas, o maior do Brasil. Além do Brasil, a nstech está presente em:

  • Angola
  • Argentina
  • Bolívia
  • Chile
  • Colômbia
  • Equador
  • EUA
  • México
  • Panamá
  • Paraguai
  • Peru
  • Portugal
  • Uruguai
  • Venezuela

A empresa ano passado terminou 2023 com receita recorrente na casa de 800 milhões e um crescimento acima de 30% em relação a 2022. A companhia não divulga as previsões para este ano.

Oliveira, fundador da empresa, atua no setor de logística há 26 anos. No final dos anos 1990, fundou a AGV Logística, uma das grandes operadoras logísticas de armazenagem e transporte. Há quatro anos, a empresa se juntou à gestora de investimento Tarpon, que é a controladora da companhia hoje. Nesse movimento, Oliveira virou sócio do grupo e passou a investir em tecnologia, com a criação da nstech. 

“A nossa visão é construir a melhor empresa do mundo voltada para tecnologia de transporte doméstico”, diz Oliveira. “E já devemos ser o terceiro maior player do planeta”.

Acompanhe tudo sobre:Fusões e Aquisições

Mais de Negócios

Os segredos da Electrolux para conquistar a preferência dos brasileiros há quase um século

Você já usou algo desta empresa gaúcha que faz R$ 690 milhões — mas nunca ouviu falar dela

Ela gastou US$ 30 mil para abrir um negócio na sala de casa – agora ele rende US$ 9 milhões por ano

Ele só queria um salário básico para pagar o aluguel e sobreviver – hoje seu negócio vale US$ 2,7 bi