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Após hotel fechar, os herdeiros do Maksoud têm novas brigas na Justiça

O futuro do cinco-estrelas opõe os herdeiros na Justiça. De um lado, dois filhos do fundador, Henry Maksoud, morto em 2014; do outro, o neto, que hoje ocupa a presidência da administradora do hotel

Entrada do Hotel Maksoud Plaza (Stefan Krasowski/Wikimedia Commons)

Entrada do Hotel Maksoud Plaza (Stefan Krasowski/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 13h53.

O Maksoud Plaza fechou as portas neste mês, após 42 anos, mas a novela por trás do hotel que marcou época em São Paulo está longe do fim. O futuro do cinco-estrelas opõe os herdeiros na Justiça. De um lado, dois filhos do fundador, Henry Maksoud, morto em 2014; do outro, o neto, que hoje ocupa a presidência da administradora do hotel.

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Logo após encerrar as atividades, Henry Maksoud Neto revelou ao Estadão "negociações avançadas" para poder reabrir em outro endereço. Segundo ele, pesquisas mostraram a força da marca no setor e parcerias seriam anunciadas em breve.

Os planos incluem até levar o Frank Bar, balcão de drinques icônicos e batizado por causa de Sinatra, cantor que já se apresentou no Maksoud, na região da Avenida Paulista. Os Rolling Stones e a ex-premiê britânica Margaret Thatcher são outros na longa lista de visitantes ilustres do local.

Reação

A ideia desagrada a Roberto, pai de Henry Neto. Afastado dos negócios da família desde os anos 2000, ele é administrador e consultor nas áreas de hotelaria, aviação e turismo. Há anos, disputas pela herança têm dividido a família.

"É inviável a utilização dos valores para investimentos em um novo Maksoud Plaza, pois restam os credores da recuperação judicial, saldo das dívidas com a União e com a Prefeitura, em acordo separado. É puro jogo de cena", afirma.

Roberto e o irmão, Claudio, mobilizaram os advogados. Na sexta-feira, a Justiça suspendeu, até 30 de janeiro, a entrega do hotel aos irmãos Fernando e Jussara Simões, que arremataram o imóvel em leilão de 2011. O tribunal mandou lacrar o espaço e recolher os bens móveis. Segundo o desembargador Araldo Telles, autor da decisão de sexta, o acordo no leilão previa que administradora judicial ficaria com o imóvel até 28 de abril, em comodato.

"Diante de tal cenário, mostra-se razoável atender apenas em parte o pedido de tutela antecipada recursal, com a suspensão da ordem de entrega do imóvel aos arrematantes até o dia 30 de janeiro de 2022, tempo suficiente para o magistrado de primeira instância ponderar as justificativas das devedoras e decidir sobre o assunto", escreveu o desembargador no despacho.

A lacração do imóvel foi recebida com pesar pelo Grupo Maksoud. "É lamentável que uma medida que poderia, entendendo seu intuito prudencial, se ater ao pedido dos impetrantes, e apenas obstar temporariamente, até que os esclarecimentos fossem prestados, a imissão na posse do imóvel pelos arrematantes, tenha provocado também a lacração do prédio", disse o Grupo Maksoud em nota.

Crise

Para entender o caminho até a recuperação judicial, volta-se no tempo. O Maksoud Plaza é a única empresa do Grupo em funcionamento e um dos principais ativos do patrimônio dos Maksouds. Para pagar a dívida trabalhista da Hidroservice, empresa do grupo que não existe mais, o prédio foi a leilão em 2011. Foi arrematado, por R$ 70 milhões, pelos irmãos Simões, do grupo JSL, de logística e transportes. Mas medidas judiciais dos dois lados travaram o processo.

Além dos tribunais, há o problema nas receitas. Em 2019, o faturamento foi de R$ 72,5 milhões, o primeiro ano da década a fechar no positivo. Mas com a pandemia em 2020, o local fechou por quase seis meses e só reabriu em setembro. Para reduzir custos, quase metade dos funcionários foi desligada. A crise motivou o pedido de recuperação judicial.

O fim das operações sucedeu o acordo entre Henry Neto e os Simões, anulando ações dos dois lados. O valor foi atualizado para R$ 132 milhões. É onde entra o argumento da petição de Roberto. Para ele, o hotel não poderia ser negociado durante a recuperação judicial. "A operação hoteleira pagaria grande parte do passivo."

A assessoria da presidência do Maksoud afirma que não foi alienação voluntária do imóvel, mas um leilão em processo perante a Vara Trabalhista. "O que houve foi justamente a homologação de uma mediação, instaurada a partir de manifestação do juízo da própria recuperação judicial, que colocou fim à disputa que não vinha sendo favorável ao Grupo Maksoud." Sobre o valor do imóvel, o grupo diz que o teor completo do acordo entre as partes está em segredo de Justiça.

Os novos proprietários do prédio afirmam, em nota, que "a arrematação, que teve sua perfeita validade confirmada por decisão proferida pelo TST, já transitada em julgado, se restringe ao imóvel onde se encontrava instalado o Hotel Maksoud Plaza, não envolvendo, portanto, nenhuma das atividades antes exercidas no local".

Além disso, os irmãos Simões acreditam na superação do impasse. "Uma vez superada as questões envolvendo a posse do imóvel, os novos proprietários se sentirão muito honrados pela oportunidade de viabilizar uma nova atividade no local, com a certeza de que o empreendimento - ainda a ser definido - irá contribuir com a cidade, com a geração de empregos, renda, valor e benefícios à comunidade."

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