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Após escândalos, banco do Vaticano fecha centenas de contas

Trata-se da primeira mudança pró-transparência nos 71 anos de história do banco da Igreja Católica


	Banco do Vaticano foi considerado um dos piores em quesito de transparência
 (REUTERS / Paul Hanna)

Banco do Vaticano foi considerado um dos piores em quesito de transparência (REUTERS / Paul Hanna)

Diogo Max

Diogo Max

Publicado em 7 de dezembro de 2013 às 15h36.

São Paulo – O banco do Vaticano está fechando centenas de contas depois da pressão das maiores instituições financeiras do mundo para se livrar de penalidades de autoridades europeias, segundo reportagem publicada, neste sábado, pelo Financial Times (FT).

Trata-se da primeira mudança pró-transparência nos 71 anos de história do banco da Igreja Católica.

A investigação do FT durou 11 meses e revela a falta de transparência e a má gestão do banco do Vaticano, características que dão margem para interpretação de que o Instituto para Obras de Religião (nome oficial do banco) estaria ligado com lavagem de dinheiro da máfia italiana.

Deutsche Bank, JPMorgan e UniCredit estão entre os grandes bancos que se recusaram a prestar serviços financeiros ao longo dos últimos dois anos ao Vaticano. Essa pressão, uma consequência do aperto feito por autoridades europeias, fez com que a Igreja Católica sacudisse o banco para retirar potenciais lavadores de dinheiro e fraudes fiscais.

O banco do Vaticano foi considerado por um órgão do Conselho Europeu como um dos piores em quesito de transparência, há dois anos atrás.

Segundo o FT, poucos documentos eram usados para controlar o fluxo de caixa do banco. Existia um complexo sistema de "proxies", que permitia a representantes realizarem transações, em nome dos titulares das contas. Foi dessa forma, que, segundo o jornal britânico, foram enviados dinheiro secretamente para grupos cristãos em Cuba e no Egito.

Ainda de acordo com o FT, as mudanças no banco do Vaticano começaram com o então papa Bento XVI. Este processo foi acelerado pelo papa Francisco desde sua eleição, em março.

Em junho deste ano, um clérigo sênior, monsenhor Nunzio Scarano, foi preso por supostamente agir como intermediário em transações do Vaticano, tornando-as difíceis de rastrear. Ele estaria transferindo dinheiro em nome de pessoas que conhecia, incluindo uma família de proprietários de navio da região de Nápoles.

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