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Johnson & Johnson para de vender talco nos EUA após denúncias de câncer

A companhia continuará vendendo uma versão do talco para bebê com base de amido de milho, e não com base no mineral talco, nos EUA

Johnson & Johnson: empresa enfrenta quase 20.000 processos por causa do produto (Lucas Jackson/Reuters)

Johnson & Johnson: empresa enfrenta quase 20.000 processos por causa do produto (Lucas Jackson/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 19 de maio de 2020 às 19h09.

Última atualização em 20 de maio de 2020 às 08h30.

A gigante farmacêutica Johnson & Johnson irá parar de vender talco para bebês nos Estados Unidos e no Canadá. O produto com base no mineral talco é objeto de milhares de processos contra a companhia, por denúncias de que causaria câncer, causando prejuízos de bilhões de dólares em ações na justiça.

A companhia continuará vendendo uma versão do talco para bebê com base de amido de milho, e não com base no mineral talco. A empresa diz que a demanda pelo produto caiu, por isso irá deixar de comercializá-lo. De acordo com a empresa, as vendas do produto caíram 60% nos últimos três anos. O produto representa 0,5% das vendas da empresa no país. 

O estoque que já está em lojas continuará a ser vendido na América do Norte. Em outros países em que atua, a Johnson & Johnson manterá as vendas dos dois produtos para bebê, com base em amido e em talco. Em comunicado, a empresa diz que a demanda pelo talco na América do Norte caiu em parte por conta da mudança de hábito dos consumidores, em parte "por desinformação sobre a segurança do produto e uma enxurrada constante da publicidade de litígios".

"A Johnson & Johnson permanece firmemente confiante na segurança do talco para bebês da Johnson baseado em talco. Décadas de estudos científicos realizados por médicos especialistas em todo o mundo apoiam a segurança de nosso produto. Continuaremos a defender vigorosamente o produto, sua segurança e as alegações infundadas contra ele e a companhia no tribunal." 

Outros 100 itens serão descontinuados, diz a empresa, como um esforço para priorizar os itens essenciais durante a pandemia do novo coronavírus.

Até março, mais de 19.400 pessoas já haviam aberto processos contra a empresa em cortes nos Estados Unidos, de acordo com o Wall Street Journal. A empresa ganhou alguns casos, mas perdeu outros processos bastante custosos. Em um dos mais relevantes, em 2018, a empresa foi condenada a pagar 4,7 bilhões de dólares a um grupo de 22 mulheres e suas famílias, que supostamente desenvolveram câncer, principalmente no ovário, após uso contínuo do produto.

De acordo com a decisão da justiça na ocasião, a Johnson & Johnson já sabia que havia asbesto, ou amianto, no produto e encobriu esse dado. O grupo nega a presença do amianto, fibra mineral com uso proibido desde o final dos anos 1990.

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