Renato Ramalho, CEO da KPTL: escolhemos devolver os recursos antes de qualquer movimento mais chato e demorado dos reguladores (KPTL/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 10 de abril de 2023 às 16h29.
Última atualização em 10 de abril de 2023 às 16h54.
A gestora de investimentos KPTL anunciou nesta segunda-feira, 10, que encerrou toda a vertical de fundos em criptoativos no exterior. De acordo com a empresa, todos os investidores dos três fundos da unidade de negócios - Bohr Arbitrage Crypto, Appia e Lupa Web3 – já tiveram os valores restituídos integralmente.
A motivação, segundo a operadora, é a ausência de um ambiente regulatório aprimorado para proteger os investidores.
Desde o fechamento do Signature e Silvergate Bank, nos Estados Unidos, duas instituições bancárias conhecidas pela relação próxima ao universo dos ativos digitais, os órgãos de regulação americana têm aumentado as cobranças sobre o setor e alguns bancos optaram por não mais operar este tipo de ativo.
“Nós preferimos nos antecipar e não atrapalhar a vida dos investidores. Escolhemos devolver os recursos antes de qualquer movimento mais chato e demorado dos reguladores”, afirma Renato Ramalho, CEO da KPTL.
Nos três fundos, a gestora contava com cerca de 40 investidores, distribuídos entre fundos de fundos (FOFs), family offices e pessoas físicas. O grupo era formado majoritariamente por estrangeiros.
No auge, os três ativos somaram mais de US$ 55 milhões. Com as notícias e incertezas, o movimento de resgate se acentuou entre os investidores. No fechamento, a vertical contabilizava um volume em torno de US$ 10 milhões.
Apesar do anúncio atual, Carvalho não descarta um eventual retorno da vertical e ao mundo dos criptoativos. “Podemos voltar, mas passa por termos um arcabouço regulatório bancário mais preparado do que estamos vendo”, afirma.
No mercado desde 2007, a KPTL trabalha como uma tese mais voltada para produtos de inovação e tecnologia. Desde então, lançou sete fundos, entre eles Criatec, um dos veículos de investimentos mais mais atuantes em venture capital.
Atualmente, tem sob gestão mais de R$ 1 bilhão e 60 empresas investidas entre negócios de agronegócio, saúde, financeiro, energia e IoT.
A gestora entrou no ecossistema de criptoativos em meados de 2020 com o objetivo de estar próxima do mercado de ativos digitais. Na ocasião, lançou o Bohr, fundo que acumulou 73% de retorno ao longo dos 34 meses de operação e, no pico, 95%. A boa performance levou à criação de uma vertente mais arrojada, Appia, com foco em variação do preço futuro das criptomoedas.
O Lupa Web3 era o mais recente e foi apresentado ao mercado em agosto de 2022, acompanhando a onda tecnológica e os investimentos em metaversos. Na proposta, aportar recursos em NFTs (tokens não fungíveis), DAOs (organizações autônomas descentralizadas), ativos em DeFi (finanças descentralizadas) e terrenos no metaverso.
"É uma história de amor que tem um fim mais rápido que o esperado", afirma Carvalho.