Daniel Doll Lemos e Álvaro Augusto de Freitas Vidigal, da Singulare, e ao centro, Pedro Mac Dowell, da QI Tech: fintech paulistana comprou corretora (QI Tech/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 14 de novembro de 2023 às 05h00.
Fintech criada em 2018 por Pedro Mac Dowell, Marcelo Bentivoglio e Marcelo Buosi, a QI Tech acaba de anunciar a aquisição da Singulare, uma das principais corretoras de valores mobiliários do país. A empresa comprada tem 97 bilhões de reais sob custódia, divididos entre 960 fundos administrados.
O valor da aquisição não é divulgado, mas a compra vem poucos dias depois da fintech paulistana anunciar um aporte de 1 bilhão de reais (200 milhões de dólares) em uma rodada série B liderada pela General Atlantic com participação do já acionista Across Capital, que está dobrando seu investimento inicial na empresa.
Na maior captação de 2023, fintech QI Tech recebe R$ 1 bilhão para operar lá fora e acelerar IPO
"A Singulare possui uma tradição de atendimento excelente e reputação muito sólida no mercado de capitais, o que vamos preservar", diz o CEO da QI Tech, Pedro Mac Dowell. "A aquisição faz parte da estratégia de crescimento como infraestrutura na jornada de crédito".
Com a Singulare, a QI Tech quer ter uma nova gama de produtos e reforçar o seu braço de DTVM (Distribuição Títulos e Valores Mobiliários). É a frente utilizada para estrututar, administrar e proteger fundos de investimento em direitos creditórios. E a Singulare, justamente, está em primeiro lugar em número de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) administrados, pelo ranking da UQBAR. Ou seja, vão ampliar portfólio de clientes e ter uma estrutura maior por trás do sistema.
Esta é a terceira aquisição por parte da QI Tech. Em 2021, após levantar R$ 270 milhões em rodada liderada pelo GIC (Fundo Soberano de Singapura), a companhia abriu uma vertical de antifraude, onboarding e motor de crédito a partir da compra da Zaig. Em 2023, foi a vez da compra da Builder's Bank.
A transação de agora está sujeita à avaliação do Cade e do Banco Central.
A QI Tech oferece um serviço para que empresas de diversos segmentos montem seus bancos digitais e ofereçam produtos financeiros a seus clientes. Na prática, funciona assim: se uma empresa do setor de varejo, por exemplo, quiser abrir uma financeira, oferecendo opções de pagamento, boletos e emissões de crédito, pode fazer isso usando a infraestrutura da QI Tech.
“Uma telefônica talvez não queira correr todos os riscos que envolvem abrir uma financeira”, diz Marcelo Bentivoglio, cofundador e CFO da QI Tech. “Mas quando ela consegue contratar a parte de infraestrutura e apenas entrar com a marca, ela gera um ativo importante para o cliente. Porque o crédito que ela vai oferecer fideliza o cliente, traz lealdade”.
O aporte vem, numa estratégia mais ampla, para buscar um IPO (entrada em alguma Bolsa de Valores) em três anos. Também querem avançar na internacionalização da operação.
As metas, então, são:
No último mês, a QI Tech processou 1 bilhão de reais envolvendo cerca de 300.000 operações. A média tem sido 240.000.
Este é o maior aporte do ano em uma startup brasileira, de acordo com levantamento enviado à EXAME pela consultoria Distrito. A informação da QI Tech foi adicionada pela EXAME. Veja a tabela:
Startup | Funding |
Valor (em dólares)
|
QI Tech | Series B | 200 milhões |
Origo Energia | Series D | 145 milhões |
Gympass | Series F | 85 milhões |
Creditas | Series F | 70 milhões |
Nomad | Series B | 61 milhões |
Digibee | Series B | 60 milhões |
Daki | Series C | 50 milhões |
Mottu | Series C | 50 milhões |
Daki | Series D | 50 milhões |
Tractian | Series B | 45 milhões |
Fonte: Distrito |
A QI Tech foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na segunda colocação na categoria de 150 a 300 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 135,72%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 78,4 milhões. Em 2022, subiu para R$ 184,9 milhões.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados: