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Após abrir canais na TV a cabo, Telecine bate recordes de audiência

Quando a quarentena começou no Brasil, a empresa abriu os canais nas operadoras de TV a cabo --- e o movimento deu resultado

Eldes Matiuzzo: "o maior foco da empresa é o investimento em tecnologia e inovação" (Telecine/Divulgação)

Eldes Matiuzzo: "o maior foco da empresa é o investimento em tecnologia e inovação" (Telecine/Divulgação)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 5 de maio de 2020 às 10h42.

Última atualização em 6 de maio de 2020 às 18h01.

O Telecine, rede de canais de cinema na TV a cabo, tem colhido bons frutos apesar da pandemia do coronavírus. Quando a quarentena começou no Brasil, a empresa abriu o conteúdo de todos os seus canais nas operadoras para não-assinantes e, com isso, viu a audiência bater níveis históricos, com um aumento de 150% entre 16 e 22 de março.

Na corrida para driblar a crise, outras companhias de entretenimento abriram seus conteúdos, como a Disney, o Grupo Bandeirantes e o Smithsonian Channel, canal sobre ciência.

Até o final de fevereiro, a plataforma de streaming da companhia tinha 1,5 milhão de assinantes.

Para Eldes Matiuzzo, diretor-geral do Telecine, não é hora de prever o que acontecerá uma vez que o isolamento social acabar. "Ainda é cedo para apontar tendências e lições, é o momento de estar aberto para as novas possibilidades e estudar as lições que cada uma delas está nos ensinando", afirma ele em entrevista à EXAME.

Como o Telecine enxerga a crise para o setor de entretenimento?

O momento é extremamente desafiador para todos os setores da economia e em escala global. Com o entretenimento não é diferente. Como hub de cinema, Telecine está presente nas diferentes etapas que envolvem a produção audiovisual como coproduções, apoio ao cinema negociação de filmes, entre outros. Por isso, sentimos o impacto da crise apesar desses desdobramentos não estarem diretamente ligados aos nossos negócios. Ao mesmo tempo, o contexto potencializou a força do entretenimento ao redor do planeta. O distanciamento social revelou o poder das conexões e das histórias criadas pelo cinema e como elas podem servir de conforto nessa crise.

Qual o impacto da crise do coronavírus para a empresa?

Nossa primeira preocupação foi garantir o bem-estar dos nossos colaboradores, passando a nossa operação para 100% de trabalho remoto. Além disso, estamos desenvolvendo um trabalho ativo para dar todo o suporte necessário e manter as equipes engajadas nesse momento desafiador para toda a população. Temos ciência que em tempos tão difíceis a magia do cinema se torna ainda mais simbólica e relevante e não à toa que o Telecine registrou audiências históricas entre os dias 16 a 22 de março. A ação de incentivo para que as pessoas fiquem em casa gerou um crescimento de quase 150% na audiência, representando cerca de 15 vezes a média da TV paga. Vale reforçar ainda que esses dados refletem a iniciativa das operadoras de TV de abrir por mais de um mês os sinais dos canais Telecine. Paralelamente, ampliamos o período de degustação do Streaming Telecine, passando a oferecer 30 dias de acesso gratuito ao maior e mais variado catálogo de filmes do país, com mais de 2 mil títulos.

Quais estratégias tiveram de ser adotadas após a quarentena?

A primeira estratégia adotada foi para garantir a segurança e a saúde dos nossos colaboradores. Com os times em esquema home office, reunimos as diferentes áreas da empresa para entendermos de que forma Telecine poderia colaborar com a sociedade nesse momento único e tão desafiador. Nossa primeira ação foi reiterar a iniciativa das operadoras de TV, que decidiram abrir os sinais de todos os canais Telecine no dia 13 de março. Oferecer nossos conteúdos para uma base maior foi uma das formas que encontramos parar endossarmos as orientações das organizações mundiais de saúde pelo distanciamento social e o isolamento voluntário. Ao mesmo tempo, intensificamos a comunicação para novos usuários experimentarem o nosso streaming por 30 dias de forma gratuita, tendo acesso ao catálogo com mais de 2 mil filmes. Também passamos a investir ainda mais em um dos nossos principais ativos: a curadoria humana. Em um momento em que a busca por conteúdos e o consumo do streaming aumentaram exponencialmente, é preciso alinhar de forma ainda mais assertiva a tecnologia com a sensibilidade humana. Por isso nosso time de cinéfilos está ainda mais dedicado em elaborar Cinelists e promover conteúdos que sejam relevantes para o nosso público.

Quanto foi investido para o ano de 2020, em média?

Nós não abrimos dados de investimento, mas o que vale ser ressaltado aqui é que o maior foco da empresa é o investimento em tecnologia e inovação. Vivemos uma mudança no modelo de mindset, transformando o Telecine em uma empresa de entretenimento com um avançado suporte tecnológico para comercializar filmes com distribuição multiplataforma, seja na TV linear ou no streaming, e de forma cada vez mais personalizada.

Qual a importância da iniciativa de abrir os canais do Telecine para assinantes da TV a Cabo? Houve aumento na audiência de vocês por conta disso? De quantos % se comparado ao mesmo período do ano passado? Qual era a audiência antes e qual é a audiência agora?

O Telecine registrou audiências históricas entre os dias 16 a e 22 de março. A ação de incentivo para que as pessoas fiquem em casa gerou um crescimento de quase 150% na audiência, representando cerca de 15 vezes a média da TV paga no período. Os números refletem as iniciativas das operadoras de TV, que abriram no dia 13 de março, os sinais dos canais Telecine. No sábado, 21 de março, com a superestreia de “Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw”, o Telecine conquistou o 12º maior pico entre todos os filmes da Rede, chegando a 1,87 pontos segundo o Ibope.

Com a continuidade da quarentena como medida preventiva de saúde e a alta adesão do público, decidimos prorrogar a abertura dos sinais por mais 15 dias, totalizando no próximo dia 15 de abril um mês de sinal aberto.

Houve aumento na base de assinantes do streaming de vocês? De quantos %, se comparado ao mesmo período do ano passado? Quantos assinantes tinham e quantos têm agora?

Ainda não temos recortes fechados do aumento da nossa base de usuários, a partir da pandemia. Mas posso adiantar que tivemos uma curva bem acentuada e promissora de novos clientes, a partir da campanha #FiqueEmCasaComTelecine, em que destacamos a oportunidade de degustar o nosso streaming pelos 30 primeiros dias de forma gratuita. É natural que a ação promova um crescimento significativo de acessos e nesse momento estamos promovendo estudos mais aprofundados para entendermos o comportamento e fidelização dessa base de novos usuários. Até o final de fevereiro a nossa plataforma de streaming já contava com mais de 1,5 milhão de usuários ativos.

A TV a cabo ainda tem maior adesão do que o streaming? Você acredita que isso faz parte do perfil do consumidor brasileiro?

Trabalhamos com plataformas que se complementam. Existe espaço para o desenvolvimento dos dois negócios e deslumbramos um futuro muito promissor e de crescimento para o nosso streaming nos próximos meses. Nosso foco é atender aos desejos de um novo perfil de consumidor, que busca assistir o que quiser e na hora que desejar e estamos prontos para atender a essa demanda com o nosso Hub de Cinema multiplataforma.

Você acredita essa abertura de conteúdo pode acabar fidelizando o público em um futuro pós-corona? Por quê?

Devemos encarar esse momento como um cenário que vai deixar um enorme legado e muitas novas possibilidades. Estamos atentos ao comportamento dos nossos clientes e sempre abertos para novas possibilidades de engajamento multiplataforma. Ainda é cedo para apontar tendências e lições, é o momento de estar aberto para as novas possibilidades e estudar as lições que cada uma delas está nos ensinando.

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