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Ajuda do governo não levanta Petrobras, dizem especialistas

Especialistas sinalizam que o apoio do governo para a Petrobras, por si só, pode não ser suficiente para a estatal, que teve seu grau de investimento rebaixado


	Petrobras: o governo liberou à Petrobras até R$ 6 bilhões de bancos estatais para reforçar a posição de caixa da companhia, diz jornal
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Petrobras: o governo liberou à Petrobras até R$ 6 bilhões de bancos estatais para reforçar a posição de caixa da companhia, diz jornal (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2015 às 17h06.

Rio de Janeiro/São Paulo - Em um momento em que repercussões de uma crescente investigação derrubaram a Petrobras para o grau especulativo, traders no mercado de derivativos sinalizam que o apoio do governo, por si só, pode não ser suficiente para evitar novos rebaixamentos do rating da empresa.

Ao se comparar o custo para um investidor se proteger de um calote da dívida e da empresa, o custo de proteção para bonds da Petrobras mais do que dobraram desde que surgiram as acusações de corrupção e subornos na produtora de petróleo controlada pelo governo, em novembro.

O prêmio saltou para 3,50 pontos porcentuais na semana passada, o maior da história.

A Moody’s Investors Service reduziu o rating de crédito da Petrobras em dois degraus, nesta semana, devido à preocupação de que a investigação irá prejudicar a capacidade da empresa de obter financiamento e controlar sua dívida de US$ 135 bilhões, a maior entre as produtoras de petróleo de capital aberto do mundo.

“O governo parece estar disposto a dar apoio à empresa, mas isso não parece ser suficiente” no que diz respeito à qualidade de crédito, disse Paulo Gala, estrategista da Fator SA Corretora de Valores, por telefone, de São Paulo.

O governo liberou à Petrobras até R$ 6 bilhões (US$ 2,1 bilhões) de bancos estatais para reforçar a posição de caixa da companhia, informou o jornal O Estado de S. Paulo na quinta-feira, citando um executivo não identificado da empresa.

A Petrobras, que foi praticamente excluída dos mercados internacionais de dívidas devido à investigação federal, possui cerca de US$ 52 bilhões em bonds.

Rebaixamento no rating

A assessoria de imprensa da Petrobras preferiu não comentar o potencial apoio do governo e a reportagem do Estadão.

Em um comunicado, na quarta-feira, a empresa com sede no Rio de Janeiro disse que estuda opções de financiamento e cortes de custos após o rebaixamento pela Moody’s, no dia anterior.

A Petrobras também disse que planeja divulgar resultados auditados “o mais brevemente possível” e que está adotando medidas para preservar caixa e reduzir dívida.

A Moody’s manteve uma perspectiva negativa para o rating da Petrobras após rebaixá-lo para Ba2, dois níveis abaixo do grau de investimento e três degraus abaixo da nota do governo.

O rebaixamento de dois níveis é o segundo corte realizado pela Moody’s em menos de um mês.

Embora provável, o apoio do governo não será suficiente para evitar mais rebaixamentos para o grau especulativo, disse Fabiano Santin, analista de crédito da XP Investimentos CCTVM SA.

“Se estivesse dentro eu sairia, porque a probabilidade de outro rebaixamento é real”, disse ele, do Rio de Janeiro.

Swaps sobem

A Fitch Ratings e a Standard Poor’s classificam a Petrobras como BBB-, os mais baixo patamar do chamado grau de investimento.

A Fitch, em resposta por e-mail a perguntas, disse que não alterou sua perspectiva para a Petrobras. A S&P preferiu não comentar a respeito de uma potencial mudança no rating da empresa.

Os derivativos chamados de credit default swap de cinco anos da Petrobras subiram 2,8 pontos porcentuais, para 6,06 pontos porcentuais, desde 13 de novembro, o dia anterior ao que a polícia prendeu mais de 20 pessoas como parte da investigação que apura se os executivos da empresa exigiram subornos de construtoras em troca de contratos.

Contratos similares do Brasil custam 2,56 pontos porcentuais.

Embora o Brasil não garanta explicitamente a dívida da Petrobras, a posição do governo de maior acionista da empresa historicamente deu aos investidores a confiança de que o apoio estatal, em um momento de dificuldades, estaria praticamente assegurado.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sinalizou neste ano que haveria uma maior austeridade fiscal e uma participação menor de bancos públicos na concessão de crédito no país.

“Haverá outros rebaixamentos”, disse Jorge Piedrahita, CEO da corretora Torino Capital em Nova York, em um e-mail. “Os negócios da Petrobras ainda estão em desordem”.

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