Abílio: discurso nacionalista para defender a fusão com os franceses
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2011 às 21h20.
São Paulo – Já de volta ao Brasil, depois de tentar um encontro com a cúpula do Casino em Paris, o empresário Abílio Diniz se manifestou publicamente pela primeira vez sobre a eventual fusão do Pão de Açúcar com as operações do Carrefour no Brasil.
Em entrevista ao Jornal Nacional, na noite desta quarta-feira (29/6), Abílio defendeu a operação e o apoio prometido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empresário esteve, hoje, em Brasília, onde participou de uma reunião da Câmara de Gestão do Governo, junto com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
“Para o BNDES, é um bom negócio”, afirmou. “Evita a desnacionalização do setor, é bom para a sociedade, para os consumidores e para o país”, completou. Na operação proposta, o banco público investiria até 2 bilhões de euros (cerca de 4,5 bilhões de reais) para apoiar Abílio.
Desse total, 1,7 bilhão de euros seriam usados pelo BNDESPar, o braço de participações do banco, para comprar uma fatia da nova empresa que surgiria da fusão, chamada de Novo Pão de Açúcar. Essa holding agruparia os atuais ativos do grupo de Abílio, mais as operações brasileiras do Carrefour.
Negócio de mérito
À imprensa, o presidente do banco, Luciano Coutinho, afirmou que a instituição enxergava “méritos” na operação e, portanto, iria analisá-la. Durante o dia, o banco já havia divulgado uma nota afirmando que o apoio à internacionalização do Pão de Açúcar o ajudaria a ter uma posição estratégica no cenário mundial de varejo.
O apoio, porém, despertou críticas dos partidos de oposição ao governo. Senadores da oposição chegaram a afirmar que o negócio era um casamento de gigantes, e que o presente seria dado pelo povo brasileiro.
Obter o apoio do Casino, seu sócio francês no Pão de Açúcar, tem sido tão difícil quanto convencer os senadores brasileiros. Na entrevista ao Jornal Nacional, Abílio afirmou que espera que o Casino analise a proposta “sem emoção”.
A julgar pelo chá de cadeira que tomou em Paris, onde tentou por mais de um dia um encontro com a direção do Casino, o caso ainda promete muita emoção – para desgosto de Abílio.