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Aos 80 anos, Murdoch é envolvido em escândalo de um de seus jornais

O caso das escutas ilegais no Reino Unido levou ao fechamento do News of the World, o periódico mais antigo do magnata da imprensa

Considerado o 13º homem mais poderoso do mundo em uma lista publicada pela "Forbes", Murdoch tem uma fortuna estimada em US$ 7,6 bilhões
 (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Considerado o 13º homem mais poderoso do mundo em uma lista publicada pela "Forbes", Murdoch tem uma fortuna estimada em US$ 7,6 bilhões (Peter Macdiarmid/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2011 às 09h50.

Nova York - Rupert Murdoch, fundador, presidente e executivo-chefe do império midiático News Corp, está há semanas envolvido em um desses suculentos escândalos que seus vários jornais e canais de televisão teriam explorado sem compaixão.

Aos 80 anos e após ter criado o segundo maior conglomerado midiático do mundo, Murdoch foi vítima de seu próprio estilo de fazer jornalismo, um método bastante criticado, mas que o levou a se situar no nível dos quase intocáveis e a ser visto como um magnata da imprensa internacional.

O escândalo das escutas ilegais no Reino Unido, que levou ao fechamento do News of the World, seu jornal mais antigo, começou por grampos telefônicos de famosos, políticos e membros da realeza britânica e terminou por mostrar a prática das formas mais desprezíveis de jornalismo.

No caminho, acabou por trazer à tona um caso de corrupção por conivência com a Polícia britânica e que pode inclusive salpicar nas mais altas esferas da política do país, incluindo no primeiro-ministro, David Cameron, e provocou célebres demissões na News Corp e até na Scotland Yard.

O escândalo no qual Murdoch parece se afundar cada vez mais foi crescendo pouco a pouco pelas revelações de que jornalistas do tabloide grampearam o telefone de uma menina assassinada, de familiares dos militares britânicos mortos no Afeganistão e das vítimas dos atentados de Londres de 2007.

Nos Estados Unidos, já se investiga algo que, caso seja confirmado, elevará o escândalo a proporções imprevisíveis: a possibilidade dos veículos da News Corp terem feito escutas ilegais dos familiares das vítimas dos atentados de 11 de setembro.


Nascido em Melbourne (Austrália) em 11 de março de 1931 e filho de um jornalista, Murdoch estudou em Oxford e trabalhou durante dois anos no jornal britânico "Daily Express", antes de voltar à Austrália para, aos 22 anos, assumir a herança de seu pai.

Keith Murdoch, um grande empresário do setor da comunicação na Austrália, deixou ao filho como única herança o "Adelaide News", um pequeno jornal que lhe serviu de trampolim para comprar outros periódicos, até que em 1964 lançou o "The Australian".

Anos depois, o empresário que apareceu três vezes na lista das personalidades mais influentes do mundo elaborada pela revista "Time" já tinha um papel relevante entre a imprensa australiana e influência entre os políticos devido aos editoriais de seus jornais, dando seu apoio a posições conservadoras.

Considerado o 13º homem mais poderoso do mundo em uma lista publicada pela "Forbes" em março e liderada pelo primeiro-ministro chinês, Hu Jintao, Murdoch tem uma fortuna estimada em US$ 7,6 bilhões.

Seu patrimônio cresceu com seus negócios em ambos os lados do Atlântico: no Reino Unido, para onde se expandiu a partir da Austrália em 1968, quando comprou o já célebre "News of the World", e nos Estados Unidos, onde seu império começou a ser criado ao comprar o "San Antonio Express-News", o tabloide "Star" e o "New York Post".

Com nacionalidade americana desde 1985, Murdoch está no posto número 122 dos multimilionários do mundo e no 38º entre os 400 mais ricos dos EUA, também segundo a "Forbes", que na semana passada, ao recapitular suas frustradas intenções de comprar a companhia de televisão por satélite BSkyB, afirmou que sua prioridade "nunca foi dar lucro aos acionistas".

"Longe disso. Sua prioridade vem sendo engrandecer seu poder midiático nos últimos 11 anos, especialmente através do dinheirão pago pelo 'The Wall Street Journal'", afirmou o colunista Robert Lenzner.

Amado e odiado, respeitado e desprezado, invejado e admirado, Murdoch ganhou todos esses adjetivos e outros que ele próprio aumentou com sua fama de ser um homem direto, que não se alia com ninguém e que não titubeia na hora de publicar informações, mesmo que saiba que não são um retrato fiel da realidade.

Entre esses famosos episódios estão os da publicação, em 1983, de supostos diários de Adolf Hitler no "Sunday Times", cuja falsidade havia sido advertida pelo historiador Hugh Trevor-Roper, o Lorde Dacre de Glanton.

"Que Dacre se dane. Publique!", ordenou Murdoch em uma reunião famosa com diretores do "Sunday Times" sobre esse lamentável episódio jornalístico.

Casado em três ocasiões e pai de seis filhos, um dos quais, James, também está prestando esclarecimentos sobre o caso dos grampos, Murdoch comparece nesta terça-feira junto a seu braço direito, Rebekah Brooks, diante do Comitê de Meios de Comunicação da Câmara dos Comuns para explicar as atividades jornalísticas ilegais do "News of the World".

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