Fio elastano: Rosset foi uma das primeiras empresas a usar, no Brasil, o material que revolucionou a indústria do vestuário (Lycra/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 7 de junho de 2023 às 09h00.
Última atualização em 7 de junho de 2023 às 09h32.
Para abastecer o guarda-roupa de um consumidor ávido por novidades e exigente como o brasileiro, é preciso estar sempre na dianteira das tendências e ter agilidade na capacidade de produzir e distribuir suas peças. Para a indústria de matéria-prima de tecidos, isso significa manter parcerias que se tornam quase extensões do próprio negócio.
É o caso da LYCRA®. Marca de elastano mais reconhecida no mundo, chega aos 65 anos com parcerias de décadas, como a Rosset Têxtil, uma das maiores empresas do setor têxtil brasileiro. Juntas, as duas marcas se preparam para lançar, nos próximos meses, uma tecnologia exclusiva no país.
Em atividade desde 1939, a Rosset Têxtil está sob o comando da terceira geração da família e atende clientes de todo o país, além de possuir marcas próprias, como a Cia Marítima e Água Doce, de moda praia; a Body for Sure, de moda fitness, e a operação exclusiva das marcas de lingerie Valisere, Triumph e Sloggi no Brasil.
A Rosset foi uma das primeiras empresas a usar o fio elastano no país. Na época produzido pela DuPont, nos Estados Unidos, o material foi enviado para cá no começo da década de 1970. “Foi uma grande revolução na indústria do vestuário. Naquela época, imagine, tudo o que se vestia era rígido. Foi um salto e um desafio tecnológico muito grande. Estávamos, basicamente, colocando um fio de borracha em máquinas que não eram feitas para isso”, conta Gustavo Rosset, COO do grupo.
Hoje, a empresa tem mais de 200 lojas das marcas próprias, que usam o fio LYCRA® nas suas peças, e é a maior fornecedora de tecidos com elastano do país. A dianteira no fornecimento e criação no setor dá uma visão privilegiada das tendências no mercado brasileiro.
Para o COO da Rosset, a tendência mundial do athleisure – roupas confortáveis e esportivas para usar no dia a dia –, que foi alavancada pela pandemia, veio para ficar mais uns anos e deve fazer parte do portfólio das marcas por mais algumas coleções.
A vice-presidente da The LYCRA Company para as Américas, Adriana Morasco, concorda. E conta que o consumidor brasileiro tem valorizado o conforto até em peças formais, o que deve gerar uma evolução também no desenvolvimento de tecidos, e não só de peças. “O consumidor quer uma peça de alfaiataria com o conforto do moletom que ele usou para ficar em casa nos últimos anos”.
Para Adriana, a parceria com indústrias como a Rosset permite acelerar a inovação no mercado regional, já que têm escala, um portfólio robusto de clientes e tecnologia de ponta na linha de produção. “A Rosset tem sido uma extensão da LYCRA® no mercado brasileiro. Como estamos na ponta do processo, abastecendo a indústria, é importante a cocriação em parceria com quem conhece o mercado para termos esse retorno do que o consumidor quer.”
LYCRA® XTRA LIFE™ é uma das tecnologias da marca LYCRA® que atuam no esforço de sustentabilidade. A marca tem um entendimento de que um dos pilares para diminuir a geração de lixo de difícil reciclagem – como são os tecidos de qualquer origem – é tornar o produto mais durável.
“A sustentabilidade, no comportamento do consumidor, é um caminho sem volta, felizmente. A pandemia acelerou muito o dilema qualidade versus quantidade. Ele passa a perceber que é melhor ter dez camisetas que duram anos, do que 50 que duram poucas lavagens”, afirma Adriana Morasco.
Para Gustavo Rosset, a discussão da sustentabilidade na indústria da moda ainda precisa informar melhor o consumidor, pois não tem um discurso tão fácil de se vender. Uma peça de roupa descartada, por exemplo, não pode ser desfiada e transformada em outra. O sustentável é o processo que utiliza menos água na produção, corantes ecológicos e dura anos.
Não à toa, a Rosset tem uma estação de captação e tratamento de água do Rio Tietê, na zona sul de São Paulo, onde está seu polo fabril. “A gente capta, trata essa água, só usa corantes importados biodegradáveis e devolve essa água para um esgoto específico, muito melhor do que recebemos”, explica. O próximo passo – em fase final de planejamento – é ter sua própria estação de tratamento de efluentes.
A The LYCRA Company deu um passo largo em direção à sustentabilidade no final de 2022, quando assinou uma parceria com a empresa de biotecnologia Qore para produzir um fio elastano cuja origem seja de até 70% vegetal, com um derivado de milho. A expectativa é de que a nova fibra tenha produção em massa a partir de 2024.
Nas duas pontas do fio Uma das características mais curiosas do modelo de negócios da marca LYCRA® é que a venda é feita no formato B2B, mas também conta com um investimento em comunicação B2C, atende as duas pontas. A empresa não produz tecido, ela fornece o fio para a indústria têxtil, que usa o elastano em diversas composições.
Mas também é comum ver etiquetas e comunicação próprias da marca LYCRA®, contando mais sobre as qualidades do produto, tecnologias embarcadas e garantia de origem. “Quando eu informo o consumidor sobre a qualidade do que ele está comprando, quando ele percebe qualidade ao ver a etiqueta LYCRA®, eu estou simultaneamente valorizando o meu fio, a matéria-prima, e o produto do meu cliente. Essa é uma operação bem característica nossa, na qual todo mundo ganha”, completa Adriana Morasco.