Denise Oliveira, fundadora da Fitinsur: “Nosso foco é ter poucos clientes com tíquete médio alto” (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 11 de março de 2025 às 05h55.
A digitalização no setor de seguros sempre andou a passos lentos. Processos burocráticos, papelada e pouca inovação marcaram o mercado por décadas. A Fitinsur, fundada em 2019, viu uma oportunidade nessa ineficiência e criou um modelo de negócios para transformar a operação das seguradoras.
No último ano, a startup cresceu mais de 30% ao ano, segundo o Ranking Negócios em Expansão da EXAME. A receita saltou de 5,4 milhões de reais em 2023 para 7,2 milhões em 2024, consolidando sua posição como referência em tecnologia para o setor.
"Mexemos no núcleo sistêmico mesmo. Nossa curva de crescimento é diferente de startups que fazem venda direta. Trabalhamos na fundação da infraestrutura das seguradoras, modernizando a base que sustenta todo o setor", diz Denise de Oliveira, fundadora da Fitinsur.
Assim como a Fitinsur, a sua empresa pode aparecer na EXAME. Inscreva-se no ranking Negócios em Expansão. É gratuito!Antes de empreender, Denise fez carreira em grandes multinacionais, como IBM, EY e AIG. Apesar do sucesso profissional, sentia que precisava de mais autonomia. "Eu não deixei o que eu gosto de fazer, eu deixei o corporativismo", afirma.
A decisão de sair do mundo corporativo veio acompanhada do desafio de estruturar um negócio viável. O setor de seguros sempre foi tradicional e resistente à mudança, o que exigiu da Fitinsur uma abordagem diferente para se posicionar no mercado.
Denise começou a vida profissional cedo, aos 15 anos, trabalhando como Jovem Aprendiz em uma agência do Banco do Brasil. Fez faculdade técnica em TI enquanto equilibrava maternidade e estudos, e seguiu carreira no setor financeiro.
No ambiente corporativo, percebeu que, para crescer, precisaria se adequar a padrões estéticos e comportamentais impostos pelas empresas. "O corporativismo me adoeceu. Eu precisava atuar do meu jeito, e isso só seria possível empreendendo", diz.
A Fitinsur nasceu como uma plataforma para novos modelos de negócios e distribuição de seguros. Mas, ao perceber que as seguradoras ainda tinham dificuldades na implementação de tecnologia, a empresa mudou o foco.
Agora, seu principal cliente é o setor de TI das seguradoras. "A partir do momento em que a TI se moderniza, a área de negócios ganha escala no lançamento de produtos digitais que hoje ela não tem", diz Oliveira.
A Fitinsur criou uma plataforma que conecta clientes a seguradoras de forma automatizada, reduzindo burocracia e acelerando processos internos. "Hoje, qualquer pedido da área de negócios leva de três a seis meses para sair. Com a nossa plataforma, isso pode ser feito em semanas."
A mudança trouxe resultados. Em vez de atender muitas empresas menores, a Fitinsur passou a focar em poucos clientes estratégicos, com contratos de alto valor. "Nosso foco não é ter milhares de clientes, mas poucos com um ticket médio alto", afirma Denise.
Com o crescimento acelerado, a Fitinsur traçou uma estratégia para expandir sem comprometer a qualidade do serviço. A empresa quer dobrar o faturamento nos próximos anos, mas mantendo a abordagem seletiva de clientes e priorizando grandes seguradoras que demandam alto nível de tecnologia.
O investimento em programas de aceleração tem sido um dos pilares para garantir essa evolução. A startup já passou por iniciativas como o Scale-Up Endeavor e programas do Google for Startups, que ajudaram a estruturar processos internos e desenvolver novos produtos. "Nós entendemos que esses programas transformam a forma de atuar. Toda a reestruturação da engenharia, RH e finanças veio desses projetos", diz Oliveira.
Outra aposta está na ampliação do portfólio de soluções. Em 2024, a Fitinsur lançou um produto de inteligência artificial voltado para seguradoras, permitindo automação e maior eficiência no gerenciamento de apólices. "A digitalização do setor de seguros está só começando. O potencial de crescimento ainda é enorme", afirma a fundadora.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
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