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Aos 40, ele criou coragem para abrir um negócio. Hoje, fatura R$ 25 milhões

Angelo Max Donaton é fundador da Lavô, rede de franquias de lavanderias. Impulso para empreender veio da convivência com outros donos de empresas, diz ele. Com 636 lojas pelo Brasil inteiro, ele prepara nova marca e expansão internacional

Angelo Max Donaton, da Lavô, sobre o preparo que fez antes de abrir o negócio: “Afinal, se não tivesse me preparado antes, a sorte talvez nunca tivesse aparecido” (Divulgação/Divulgação)

Angelo Max Donaton, da Lavô, sobre o preparo que fez antes de abrir o negócio: “Afinal, se não tivesse me preparado antes, a sorte talvez nunca tivesse aparecido” (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 10h49.

Última atualização em 15 de outubro de 2025 às 10h51.

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“O que eles tinham era coragem”, lembra Angelo Max Donaton ao contar sobre os empreendedores que o inspiraram.

Formado em marketing, com pós-graduação em gestão de projetos e especialização em energias renováveis, ele passou boa parte da carreira como gerente comercial até fundar a Lavô, hoje líder no segmento de lavanderias de autoatendimento no Brasil, onde o cliente chega, mede as roupas no cesto, coloca na máquina, paga pelo serviço em um totem e sai com as peças limpas e secas em pouco mais de uma hora.

O estalo veio por volta dos 40 anos. No trabalho como representante comercial, Angelo percebeu que quase todos à sua volta eram donos dos próprios negócios.

E ele ali, coordenando projetos e ajudando os outros a ganhar dinheiro.

“O que esse pessoal todo tem que eu não tenho?”, se perguntava.

Até que um dia entendeu que o que eles tinham era atitude para fazer acontecer. Naquele momento, decidiu apostar em seu próprio projeto.

A ideia de empreender, porém, vinha de longe. Quinze anos antes, chegou a pensar em investir no ramo de refrigeração e ar-condicionado. Ele ensaiou, pesquisou, mas desanimou ao perceber o alto custo de entrada.

Foi em uma viagem aos Estados Unidos, em 2017, que o conceito da Lavô começou a ganhar forma.

Ele já pesquisava sobre modelos de negócios sem funcionários quando conheceu as lavanderias de autoatendimento e autogestão, algo praticamente inexistente por aqui na época.

Mais ou menos naquele mesmo período, amigas próximas partiram para uma viagem sabática pela América do Sul e viveram, durante alguns meses, de aventuras e perrengues, sendo um deles lavar e secar roupas.

Angelo acompanhava tudo por videochamadas e relembra que elas chegaram a improvisar uma forma de lavar as roupas dentro de um tambor com tampa, enchendo de água e chacoalhando durante o trajeto.

“Mas secar era o problema”, diz.

Foi por conta disso que a viagem quase acabou, e foi dali que nasceu a semente da Lavô.

Fundada em 2019, a primeira loja da rede foi aberta em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

“Queria testar lá, num lugar turístico, bonito, tranquilo, para ver se daria certo. Quando desse, eu expandiria.”

Quatro meses depois, já em 2020, o negócio se tornou franquia, com a primeira unidade em Campinas (SP).

Angelo trabalhava na cidade e percebeu uma boa movimentação em um posto de gasolina na rua e apresentou seu negócio para o proprietário, que adorou a ideia.

Daí em diante, o crescimento foi rápido. Abriu outra unidade em Balneário Camboriú, depois foi para o Norte, em Belém, Foz do Iguaçu, Macaé e São Paulo.

Hoje são 636 operações, do Acre ao Rio Grande do Sul. O resultado colocou a empresa em terceiro lugar no ranking EXAME Negócios em Expansão 2025 entre 177 companhias que faturaram de R$ 5 a R$ 30 milhões em 2024.

Em 2025, a companhia deve fechar com receitas de R$ 25 milhões.

Desafio da pandemia à oportunidade

Quando fala sobre os maiores desafios, o executivo cita a pandemia que, paradoxalmente, também foi o momento mais decisivo da trajetória.

“Era complicado organizar as coisas com tudo parado. Além disso, não existiam muitos fornecedores para esse tipo de negócio.”

As máquinas chegaram a atrasar seis meses, mas, mesmo diante das dificuldades, ele persistiu, buscou soluções, fez ajustes e deu certo.

O que parecia um obstáculo se transformou em oportunidade. “A pandemia aumentou a preocupação com higiene e desinfecção, e nosso modelo, sem funcionários e sem necessidade de treinamento, se encaixou perfeitamente naquele momento.”

Muitos falam que o empreendedor teve sorte e que “estava no lugar certo, na hora certa”, mas ele prefere chamar de trabalho.

“Afinal, se não tivesse me preparado antes, a sorte talvez nunca tivesse aparecido”, afirma.

Hoje, a Lavô opera com três modelos de negócio. Há as lojas modulares, que antes eram chamadas de containers, as salas comerciais e as unidades instaladas em condomínios.

Nenhuma delas precisa de funcionários, mas há quem opte por oferecer o serviço de delivery ou o chamado “deixou, lavou”.

“Tem cliente que não tem tempo ou simplesmente não quer esperar. Então o franqueado pode escolher se quer ser 100% self-service ou híbrido, com atendimento.”

No final de 2024, a rede inovou ao lançar a Lavô Street, no Itaim Bibi, na capital paulista.

O modelo de negócio une o conceito com o aconchego de uma cafeteria, com o objetivo de transformar o momento da lavagem de roupas, visto como maçante, em uma experiência agradável.

A marca prevê implantar cinco operações ainda este ano e, em 2026, estender a expansão a nível nacional, aumentando o faturamento em 10%.

Lavô pede dedicação e planejamento

A maioria dos franqueados têm entre 30 e 45 anos e muitos são casais. Mesmo assim, há uma triagem para quem entra no negócio. Ele explica que o empreendimento parece fácil, mas não é.

Por mais que seja lavanderia de autoatendimento, existe gestão, ou seja, é preciso cuidar dos clientes, do CRM, além de lidar com a manutenção dos equipamentos.

A franqueadora oferece suporte completo aos que embarcam no negócio, contando, por exemplo, com empresas parceiras para o atendimento técnico, fornecedores homologados de máquinas e uma verba de marketing voltada ao tráfego pago.

Mercado internacional na mira

A Lavô está em plena expansão. A sede será inaugurada em janeiro próximo em Joinville, no norte de Santa Catarina.

A inauguração contará com uma grande festa, reunindo franqueados, colaboradores e fornecedores, e a expectativa é receber cerca de 300 pessoas.

A rede deve encerrar o ano com cerca de 680 unidades. Pensando em um futuro próximo, a marca fará sua estreia internacional com a abertura da primeira loja em Portimão, Portugal, na região do Algarve, ainda no primeiro trimestre de 2026.

Além de ser a cidade onde mora uma amiga de longa data de Angelo, e que também é sócia-operadora, o local é turístico.

“Curiosamente, lembra muito Balneário Camboriú, onde tudo começou”, comenta.

Entre as novidades citadas pelo executivo, está também o lançamento de uma segunda marca, voltada à lavagem de tênis: a Shoolé Lavatênis.

A ideia nasceu de uma demanda identificada dentro da própria Lavô.

“É proibido lavar tênis nas máquinas, mas a procura é enorme.”

Os equipamentos, importados da China, chegaram ao Porto de Santos na quarta-feira, 14 de setembro.

O novo serviço será especializado, com lavagem e secagem expressa, e as primeiras unidades serão inauguradas em Londrina (PR) e Manaus (AM) entre novembro e dezembro.

Diferentemente da Lavô, a Shoolé contará com funcionários.

O que é o ranking Negócios em Expansão

O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.

Em 2025, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2024. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.

São 470 empresas que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros. Conheça o hub do projeto, com os resultados completos do ranking e, também, a cobertura total do evento de lançamento da edição 2025.

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