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Aos 39, fundador Diogo Roberte deixa PicPay e atuará como investidor

Empreendedor criou a startup junto com Dárcio Stehling e Anderson Chamon há nove anos. Companhia tem hoje 30 milhões de clientes

Diogo Roberte: "Me sinto como um pai deixando o filho no ônibus para ele ir fazer faculdade" (Divulgação/Divulgação)

Diogo Roberte: "Me sinto como um pai deixando o filho no ônibus para ele ir fazer faculdade" (Divulgação/Divulgação)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 14h35.

Última atualização em 20 de agosto de 2020 às 14h52.

O PicPay, maior carteira digital do Brasil, vive um 2020 de grandes mudanças. A pandemia do novo coronavírus turbinou os pagamentos digitais e ampliou o número de usuários da companhia de 18 milhões para 30 milhões em poucos meses.

No início de agosto, seu presidente, Gueitiro Genso, há um ano no cargo, anunciou a saída. Agora, um de seus três fundadores, Diogo Roberte, está vendendo suas ações e deixando a empresa. Os outros dois fundadores, Dárcio Stehling e Anderson Chamon, seguem no negócio.

Criado em 2012 em Vitória, no Espírito Santo, o PicPay é controlado pelo Banco Original, do mesmo grupo controlador do frigorífico JBS. Desde a saída de Genso o PicPay é comandado por José Antônio Batista da Costa, neto de Zé Mineiro, patriarca da JBS.

Roberte diz que sua saída estava prevista para março, mas precisou ser adiada por causa do início da pandemia. "Me sinto como um pai deixando o filho no ônibus para ele ir fazer faculdade. Triste, mas feliz com a fase nova", afirma. "Transformamos o PicPay em um dos líderes do mundo em pagamentos com QR Code e criamos uma nova arena competitiva no Brasil. Saio com sensação de missão cumprida."

Segundo uma conta tradicional no mercado de fintechs, o PicPay pode chegar a valer 35 bilhões de reais, uma vez que deve fechar o ano movimentando esse montante em transações. A companhia tem 1.800 funcionários, e mantém um ritmo intenso de contratação mesmo durante a pandemia.

O maior desafio do PicPay será seguir crescendo num ambiente cada vez mais competitivo. A batalha inclui WhatsApp, bancos e milhares de fintechs, e será turbinada com a entrada em vigor do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, previsto para outubro.

É um mercado em tamanha transformação que o valor de mercado de fintechs como o PicPay pode variar radicalmente — para cima e para baixo — da noite para o dia. "Vai ser dureza, mas a empresa tem um time com muita experiência e acostumado a inovação", diz Roberte. "No primeiro almoço com o Original dissemos que nosso objetivo era fazer um negócio de 2 a 3 bilhões de reais. Estamos muito maiores do que isso".

Roberte deve se dedicar a investimentos. Ele já tem colaborado com a Norte Capital, um grupo de investidores que reúne fundadores de startups. E investe em outras três empresas: a Mora Rocks, de moradias a preços acessíveis, a Clarke, que ajuda clientes a otimizar os custos com energia, e a Capsu, que redesenha moradias populares para o futuro. "Meu grande prazer é construir projetos que começam não do zero, mas do -2, como gosto de chamar. Foi o que fiz com o PicPay", afirma.

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