Fabio Camara, fundador da FCamara: após aquisição de startup no Reino Unido, meta é colocar os pés no México e nos Estados Unidos em 2023 (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 6 de novembro de 2022 às 08h06.
Uma das principais consultorias em TI para o comércio eletrônico, com grandes clientes no portfólio como Via, Carrefour e Riachuelo, a paulistana FCamara é um negócio pouco conhecido mesmo no Brasil.
Agora, em meio a uma projeção de o negócio dobrar a receita e ultrapassar os 500 milhões de reais em 2022, a companhia anuncia a aquisição da RYoshiga, uma startup de Londres, e espera colocar os dois pés numa expansão para além da América Latina.
Na aquisição de 51% do capital da RYoshiga, focada em sistemas de geolocalização para fintechs e bancos, a FCamara investiu 6,7 milhões de reais. Em três anos, a previsão é de a operação movimentar 28 milhões de reais.
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O negócio da FCamara é o típico 'one stop shop' pretendido por 10 entre 10 empreendedores de tecnologia.
Grandes nomes do comércio eletrônico e, crescentemente, do setor de saúde, procuram a FCamara para cuidar de vários pontos da estratégia digital dos negócios. Alguns deles:
A história da FCamara começa em 2008 com Fabio Camara, profissional com três décadas na gestão de projetos de tecnologia.
Na lista estão a empresa global de outsourcing Stefanini, a varejista Casas Bahia e a gigante Microsoft.
A ideia de empreender veio da percepção de Fabio sobre erros em série cometidos pelas empresas na longa jornada da transformação digital — tema, inclusive, de mais de uma dúzia de livros escritos por ele sobre os desafios de profissionais de TI.
Por vezes, eram investimentos míopes em servidores sem a devida conexão à nuvem. Ou, em outras, a falta de soluções convenientes para um pagamento seguro no comércio eletrônico.
"Entendi haver espaço para uma consultoria capaz de replicar boas práticas e fazer o mercado inteiro do comércio eletrônico avançar", diz ele.
Por trás da atuação low-profile, montando tecnologias white label dentro do cliente, estão cases bem-sucedidos no portfólio da FCamara.
A companhia foi uma das primeiras criadoras de tecnologias para a Vtex, unicórnio desde 2020 com soluções para lojistas colocarem e-commerces no ar e habilitarem o pagamento online.
De lá para cá, colocou no ar sites de pioneiros do comércio eletrônico brasileiro, como a operação da varejista americana Walmart por aqui, e a tecnologia de pagamentos do comparador de preços Buscapé.
Em julho deste ano, a FCamara levantou 100 milhões de reais numa dívida conversível em ações estruturada pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
Mesmo antes da capitalização, a empresa vinha numa toada de aquisições de negócios complementares.
Em 2020, a empresa comprou a Omnik, startup focada em tecnologia para transformar um e-commerce em marketplaces.
No primeiro semestre deste ano, a FCmara adquiriu a Nação Digital, uma empresa de comunicação digital com software para geração de conteúdos persuasivos de vendas — o popular inbound marketing.
A conversa para a aquisição da RYoshiga, a partir de agora chamada FCamara UK, começou a partir do fato de o fundador da startup londrina, Raphael Yoshiga, ter sido funcionário da FCamara.
Por isso, tem "sangue laranja", como gostam de definir a si os mais de 1.300 funcionários.
O apelido, segundo Fabio, vem do fato de a cor laranja ser a primeira notada pelo olho. O 'sangue' decorre da importância desse líquido na troca de informações vitais pelo corpo.
"Queremos ter o mesmo impacto nos clientes, e sermos os primeiros a serem notados por ele", diz.
A simbologia do 'sangue laranja' passa pelo logotipo da empresa — uma gota de sangue com a letra F no meio —, e chega a batizar a Orange Ventures, um braço de venture builder com investimentos em mais de dez startups.
Até a aquisição da RYoshiga, a FCamara atendia clientes na América Latina e Portugal.
Nos próximos 12 meses, a meta é firmar mais duas aquisições e chegar também aos Estados Unidos e ao México.
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