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Anti-Jack Ma: recluso, o "Rei da água mineral" da China vira a pessoa mais rica da Ásia

Fora da China, poucos ouviram falar de Zhong Shanshan, o bilionário que se tornou o homem mais rico da Ásia com uma fortuna graças à água engarrafada e, agora, aos testes de covid-19

Fora da China, poucos ouviram falar de Zhong Shanshan, o bilionário que se tornou o homem mais rico da Ásia com uma fortuna graças à água engarrafada e, agora, aos testes de covid-19 (AFP/AFP)

Fora da China, poucos ouviram falar de Zhong Shanshan, o bilionário que se tornou o homem mais rico da Ásia com uma fortuna graças à água engarrafada e, agora, aos testes de covid-19 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 10 de março de 2021 às 11h13.

Última atualização em 10 de março de 2021 às 11h29.

Fora da China, poucos ouviram falar de Zhong Shanshan, o bilionário que se tornou o homem mais rico da Ásia com uma fortuna graças à água engarrafada e, agora, aos testes de covid-19

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Com fama de rude, solitário e discreto, Zhong Shanshan é conhecido pelas onipresentes garrafas de tampa vermelha na China, onde poucos se atrevem a beber água da torneira sem ferver o líquido.

No comando da marca Nongfu Spring, o empresário, que vai completar 67 anos, domina mais de 25% do mercado nacional de água engarrafada.

Sua fortuna está avaliada em 85 bilhões de dólares, de acordo com a lista Hurun publicada na semana passada. Ele se tornou o homem mais rico da China e da Ásia, e o sétimo no ranking mundial.

No ano passado, Zhong Shanshan levou sua água mineral à Bolsa de Valores de Hong Kong. Além disso, introduziu na Bolsa de Xangai o laboratório Wantai Biological Pharmacy Enterprise, que investiu em um nicho promissor: os testes de detecção da covid-19.

Reforçada pelas operações financeiras, sua ascensão representa um dos acúmulos de riqueza mais rápidos da história, segundo a agência financeira Bloomberg.

Pedreiro, carpinteiro, jornalista

Uma evolução espetacular para alguém que, como milhões de compatriotas, teve que abandonar a escola aos 12 anos, durante o caos da "revolução cultural" maoísta.

Zhong Shanshan trabalhou como pedreiro, carpintero e... jornalista, segundo a imprensa chinesa.

Em 1996 fundou a Nongfu Spring, da qual ainda possui 84%, segundo a consultoria Mintel. A marca se diversificou com bebidas doces, sobretudo chás.

A imprensa chinesa o chama de "lobo solitário" por suas poucas aparições públicas e sua aversão às entrevistas, algo que se destaca levando em consideração que já trabalhou como repórter.

Zhong é o anti-Jack Ma, o excêntrico fundador do grupo de comércio on-line Alibaba, que durante muito tempo foi o homem mais rico do país.

Suas duas empresas têm sede em Hangzhou, na região de Xangai, mas Zhong Shanshan evita as reuniões com os círculos de negócios da cidade, afirmou um empresário local ao China Economic Weekly.

"Não gosto de lidar com as pessoas e ter que beber", admitiu Zhong Shanshan em uma rara entrevista. "Eu não tenho o hábito de bajular na minha personalidade".

Isto ficou evidente em uma conferência: "Ele subiu ao palco para fazer um discurso. Ofendeu todo mundo quando abriu a boca", contou um de seu ex-sócios à imprensa.

Capitalistas sob vigilância

Três anos depois de criar a Nongfu, o empresário fundou um grupo médico, Yangshengtang. Sua filial biofarmacêutica é a Wantai.

Vinte anos depois, Zhong Shanshan continua sendo seu maior acionista.

A empresa vendeu mais de 10 milhões de testes anticovid-19, cujo resultado é conhecido em 75 minutos, segundo o site do grupo.

O laboratório também trabalha no desenvolvimento de uma vacina anticovid que seria administrada com um aerossol nasal.

De acordo com os registros comerciais chineses, Zhong Shanshan está presente em mais de 100 empresas, tanto no capital como no conselho de administração.

Mas, como outros capitalistas do país, ele deve manter um equilíbrio entre o sucesso comercial e a deferência necessária ao regime do presidente Xi Jinping.

"O Partido Comunista Chinês quer que as empresas cresçam e se internacionalizem, mas também quer mantê-las sob controle", explica à AFP Yun Jiang, diretora do China Policy Centre, um centro de pesquisa australiano.

Jack Ma sofreu a pressão no ano passado, quando se viu obrigado a desistir de uma entrada gigantesca na Bolsa pouco depois de criticar publicamente a regulamentação financeira do país.

Ninguém pode escapar da vigilância política do regime, destaca Jiang. Especialmente quando você tem a maior fortuna da China...

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