Negócios

Ant quer reestruturar unidade de crédito para manter empréstimos

A Ant ainda tem pouca clareza sobre até que ponto seu ritmo de crescimento de empréstimos será freado pelas autoridades

Ant Financial: A Ant quer transferir suas principais operações de crédito ao consumidor para uma nova unidade com direito de operar em todo o país (Barcroft Media/Getty Images)

Ant Financial: A Ant quer transferir suas principais operações de crédito ao consumidor para uma nova unidade com direito de operar em todo o país (Barcroft Media/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 09h13.

A Ant Group, de Jack Ma, planeja reestruturar as operações de crédito ao consumidor para que a empresa possa continuar emprestando na China sob novas regulamentações que, de outra forma, ameaçariam restringir drasticamente seus negócios mais lucrativos, disseram pessoas a par do assunto.

O plano, que é preliminar e está sujeito à aprovação regulatória, faz parte da ampla reorganização da estrutura corporativa da Ant após o governo de Pequim ter suspendido a oferta pública inicial de US$ 35 bilhões da fintech em novembro.

A Ant quer transferir gradualmente suas principais operações de crédito ao consumidor - que tinham 1,7 trilhão de yuans (US$ 263 bilhões) em empréstimos em aberto em junho - para uma nova unidade de financiamento com direito de operar em todo o país, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

A maioria dos empréstimos ao consumidor da Ant atualmente se encaixa em duas unidades de microcrédito da empresa, conhecidas como Huabei (que significa apenas gaste) e Jiebei (apenas empreste). Segundo o projeto de regulamentação anunciado em novembro, Huabei e Jiebei seriam obrigadas a limitar suas operações ao município de Chongqing, no sudoeste da China, a menos que obtivessem novas licenças nacionais, um processo potencialmente demorado. Migrá-las para a unidade de financiamento ao consumidor permitiria, em teoria, que a Ant continuasse emprestando em todo o país sem ter que esperar por novas licenças.

Devido ao ritmo de regulamentação na China, a Ant ainda tem pouca clareza sobre até que ponto seu forte ritmo de crescimento de empréstimos nos últimos anos será freado pelas autoridades. A empresa, que é parcialmente controlada pelo Alibaba, quase certamente enfrentará requisitos de capital mais elevados, independentemente do futuro modelo de sua unidade de crédito ao consumidor.

Representantes da Ant não quiseram comentar. A Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

A Bloomberg informou no mês passado que a Ant planeja transferir suas operações financeiras - incluindo as unidades de crédito ao consumidor - para uma holding que poderia ser regulamentada mais como um banco. A holding também incluiria seguros, pagamentos e o MYbank, um banco online do qual a Ant é a maior acionista.

Ma, que cofundou a Ant e o Alibaba, viu seu patrimônio líquido cair quase US$ 11 bilhões desde o final de outubro, enquanto a China intensificava o controle sobre seu império juntamente com outras gigantes de tecnologia do país. O ex-professor de inglês, de 56 anos - frequentemente associado à expansão meteórica do setor de Internet na China -, não é visto em público desde novembro.

--Com a colaboração de Dingmin Zhang.

Acompanhe tudo sobre:AlibabaCréditoEmpresas chinesasJack Ma

Mais de Negócios

Setor de varejo e consumo lança manifesto alertando contra perigo das 'bets'

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades