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Ansiedade entre empresários aumenta com recuperação lenta

Ritmo decepcionante da economia e a perspectiva ainda turva adiante têm feito com que algumas empresas segurem investimentos

Flavio Rocha: "O que tira o sono à noite é esse núcleo beligerante que existe dentro do governo, que parece não ter trocado o chip da campanha para o chip do governo”, disse o empresário (Rodrigo Capote/Bloomberg)

Flavio Rocha: "O que tira o sono à noite é esse núcleo beligerante que existe dentro do governo, que parece não ter trocado o chip da campanha para o chip do governo”, disse o empresário (Rodrigo Capote/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 11 de abril de 2019 às 17h17.

Empresários brasileiros que começaram o ano com grandes esperanças de que a economia finalmente se recuperaria -- em meio ao otimismo com a administração Jair Bolsonaro -- estão ficando cada vez mais impacientes com a lentidão das coisas.

Em conversas privadas em um evento na semana passada, executivos de algumas das maiores empresas do país expressaram desapontamento com o ritmo da recuperação econômica, preocupação com a persistentemente alta taxa de desemprego e, acima de tudo, frustração com o progresso da agenda econômica. Eles ainda estão otimistas em relação à aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso, mas esperam uma economia menor do que a imaginada anteriormente, além de um atraso no cronograma.

Em um evento na semana passada, cerca de 450 executivos e autoridades se reuniram em Campos do Jordão para falar sobre as perspectivas para a maior economia da América Latina e ouvir alguns peso-pesados do governo, incluindo o ministro da Economia, Paulo Guedes. As preocupações com o ritmo lento da recuperação foram predominantes nas conversas - e já estão refletidas na confiança dos empresários, que no mês passado caiu para o nível mais baixo desde outubro, de acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas.

Embora a maioria dos empresários ainda prefira falar sobre política sob condição de anonimato, alguns estão falando abertamente - principalmente em defesa da agenda do governo, como fez o banqueiro André Esteves, e especialmente da reforma da Previdência, considerada fundamental para consertar as contas públicas do país. Mas outros também apontam para o que veem como erros do governo.

"O que tira o sono à noite é esse núcleo beligerante que existe dentro do governo, que parece não ter trocado o chip da campanha para o chip do governo”, disse Flavio Rocha, que já havia participado da corrida presidencial. "Isso é a maior ameaça à reforma hoje."

O ritmo decepcionante da economia e a perspectiva ainda turva adiante têm feito com que algumas empresas que dependem da economia doméstica mantenham seus planos de investimento sob controle. As gigantes do varejo, incluindo Magazine Luiza e Carrefour Brasil, estão trabalhando com investimentos no mesmo nível de 2018 ou esperando apenas leves aumentos.

Acompanhe tudo sobre:Nível de confiançaReforma da PrevidênciaGoverno Bolsonaro

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