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Aneel nega recurso e deve decidir futuro de eólicas da Renova Energia

Proximidade da decisão da Aneel sobre o futuro do complexo eólico tem preocupado o BNDES, que fez um empréstimo de quase R$ 1 bilhão à Renova

Renova, controlada pela estatal mineira Cemig e pela Light, que também pertence à Cemig, enfrenta uma profunda crise financeira desde ao menos 2015 (Yangphoto/Getty Images)

Renova, controlada pela estatal mineira Cemig e pela Light, que também pertence à Cemig, enfrenta uma profunda crise financeira desde ao menos 2015 (Yangphoto/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 8 de julho de 2019 às 13h59.

São Paulo — A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) rejeitou pedidos para suspender sua recente decisão de revogar a autorização para a venda complexo eólico Alto Sertão III, que a Renova Energia tenta vender à AES Tietê. A venda para a empresa, que pertence à norte-americana AES, é chamada de "Fase B".

Em paralelo, a agência deverá avaliar na terça-feira um possível cancelamento dos contratos para a "Fase A" do empreendimento, que também é alvo das negociações entre Renova e AES, segundo pauta da próxima reunião de diretoria divulgada no site da Aneel.

A Fase A do projeto na Bahia, com 438 megawatts, negociou a venda da produção futura em um leilão do governo para novos projetos de geração em 2013. Já deveria estar em operação há anos, mas teve a construção paralisada pela Renova devido à falta de recursos quanto contava com quase 90% de avanço físico.

A Fase B teria 305 megawatts, com a produção negociada no mercado livre de energia, mas a diretoria da Aneel decidiu no início de junho negar a transferência do empreendimento da Renova à AES Tietê e iniciar processo para cancelamento de sua autorização devido ao atraso.

A Renova e a AES pediram à agência um "efeito suspensivo" da decisão, no qual defenderam que a avaliação sobre a transferência da Fase B fosse ao menos postergada até a definição do futuro também da Fase A do projeto eólico.

O pleito foi negado pelo diretor da Aneel Sandoval Feitosa, que defendeu ao analisar o caso que as decisões sobre as usinas que compõem o complexo Alto Sertão III "são independentes e autônomas".

A proximidade da decisão da Aneel sobre o futuro do complexo eólico tem gerado preocupação no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que fez um empréstimo-ponte de quase 1 bilhão de reais à Renova para a implementação das usinas, conforme publicado pela Reuters no mês passado.

Em carta à Aneel, o banco estatal informou temer que um eventual cancelamento dos contratos da venda da energia de Alto Sertão III possa levar a uma inadimplência no financiamento, que vence em 15 de julho.

A área técnica da agência reguladora já sugeriu em uma nota no final de dezembro que a melhor solução seria rescindir os contratos da fase A do projeto, uma vez que as usinas originalmente precisariam estar em operação desde 2015.

A AES Tietê apresentou à Renova uma oferta de 350 milhões de reais pelo fase A de Alto Sertão III, incluindo ainda assunção das dívidas do projeto e possíveis pagamentos futuros de acordo com seu desempenho. A empresa ainda fez uma proposta de 90 milhões de reais pela fase B.

Risco de inadimplência?

Em carta conjunta à Aneel na qual pediram a suspensão da decisão sobre a Fase B do complexo eólico, AES Tietê e Renova Energia disseram que uma negativa à transferência do controle do projeto na Bahia poderia levar ao "colapso financeiro" das usinas.

"As geradoras serão demandadas a quitar antecipadamente as parcelas vincendas dos financiamentos contraídos junto ao BNDES, o que, diante da ausência de quaisquer recebíveis e da situação financeira já crítica das empresas, não será possível cumprir", afirma o documento, visto pela Reuters.

"A inadimplência das geradoras as forçará a entrar em processo de recuperação judicial, o que, para além das consequências desastrosas para as próprias companhias, causará impactos para seus acionistas", acrescenta a carta.

A Renova, controlada pela estatal mineira Cemig e pela Light, que também pertence à Cemig, enfrenta uma profunda crise financeira desde ao menos 2015, quando viu fracassar um plano de associação à norte-americana SunEdison.

Procurado, o presidente-executivo da Renova, Cristiano Corrêa de Barros, negou à Reuters que a empresa pretenda pedir recuperação judicial caso os contratos de Alto Sertão III sejam cancelados pela Aneel.

"Isso não está nos planos dos acionistas", afirmou ele.

O executivo também procurou afastar preocupações sobre uma eventual punição do regulador. Ele disse acreditar que a empresa conseguirá convencer a Aneel a autorizar a conclusão das obras dos parques eólicos e a transferência do projeto à AES Tietê.

Procuradas, Cemig e Light não comentaram de imediato sobre as expectativas em relação ao futuro do principal empreendimento de sua controlada Renova.

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