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Aneel e Isolux travam disputa judicial por cobrança de seguros

Aneel decidiu impor cobranças de seguros milionárias sobre a Isolux Corsán, que tem atrasado a entrega de obras de linhas de transmissão

Transmissão: Isolux afirma que não teve espaço para apresentar suas justificativas ou se defender (.)

Transmissão: Isolux afirma que não teve espaço para apresentar suas justificativas ou se defender (.)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de outubro de 2016 às 14h34.

Última atualização em 31 de outubro de 2016 às 14h38.

Brasília - Em meio a um processo de recuperação extrajudicial e da venda de seus ativos no Brasil, a espanhola Isolux Corsán trava uma disputa jurídica com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por conta de cobranças milionárias de seguros que a agência decidiu impor à empresa, após sucessivos atrasos em suas obras de linhas de transmissão.

Nesta semana, a Isolux reagiu duramente à decisão da Aneel, que partiu para cima da J. Malucelli Seguradora, contratada dos espanhóis para assegurar suas propostas oferecidas nos leilões das linhas de transmissão.

A agência cobra da seguradora mais de R$ 12 milhões relacionados a essas garantias, porque a Isolux não assinou, após meses de espera, os novos seguros que devem dar cobertura às obras, papéis que ultrapassariam R$ 121 milhões.

Em carta enviada à Aneel, a Isolux informou que foi "surpreendida" com a decisão da agência, que "ignorou por completo as adversidades atuais do mercado de transmissão de energia elétrica, assim como a avançada negociação que a empresa trava com a Brookfield", que pode comprar os ativos da empresa espanhola no Brasil.

A Aneel, segundo a Isolux, errou em sua decisão de cobrança, ao não "quantificar" os prejuízos efetivos que as apólices de seguro cobririam. "Não é possível justificar a execução das garantias de proposta da Isolux, como forma de compensar os abstratos prejuízos a serem futuramente suportados pelos consumidores (...) sem a quantificação prévia dos danos alegados", declarou a companhia. "Estaremos diante da hipótese de enriquecimento ilícito da administração pública."

A companhia afirma ainda que não teve espaço para apresentar suas justificativas ou mesmo se defender. Não é o que diz, porém, a Aneel. No mês passado, a agência foi cobrada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), sobre as razões de não ter firmado as novas "garantias de fiel cumprimento" com a Isolux. Em sua resposta, a agência explicou que prorrogou os acordos com a empresa, por conta de suas dificuldades financeiras, mas que, "transcorridos mais de nove meses sem que quaisquer dos compromissos assumidos tenham sido honrados pela Isolux", determinou a execução das garantias de proposta apresentadas pela empresa.

De acordo com informações da Aneel obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação, a Isolux tem hoje cinco contratos com obras atrasadas em relação ao cronograma original. Um deles, que prevê a construção de uma linha de transmissão entre Taubaté (SP) e Nova Iguaçu (RJ), acumula 1.166 dias de atraso. A entrega prevista para 9 de fevereiro de 2014 foi reprogramada para 20 de abril de 2017.

Procurada pela reportagem, a Isolux informou que não vai comentar o assunto. A Aneel declarou que "o caso está em análise".

Depois de serem alçadas à categoria dos grandes investidores do setor elétrico brasileiro, as espanholas Isolux e Abengoa se converteram na maior dor de cabeça financeira e estrutural para o governo, comprometendo o andamento de outras obras de transmissão e colocando em risco o fornecimento de grandes usinas, como a hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Pará.

A Abengoa, que está em processo de recuperação judicial no Brasil, tem hoje 15 contratos de concessão firmados com o governo, todos eles em processo de caducidade e sem previsão de serem concluídos. Desses contratos, nove já acumulam mais de 1.000 dias de atraso.

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