André Esteves: fundador e maior sócio individual do banco de investimento, Esteves foi afastado do bloco de controle e da presidência da instituição no fim de 2015 (Cesar Greco/Foto Arena/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de março de 2018 às 08h29.
Última atualização em 12 de março de 2018 às 08h49.
São Paulo - À espera do desfecho da Justiça sobre o processo em que é acusado de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato, André Esteves traça planos para voltar a exercer um cargo formal no BTG Pactual, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Há discussões internas para que o banqueiro possa retomar a presidência do conselho.
Fundador e maior sócio individual do banco de investimento, Esteves foi afastado do bloco de controle e da presidência da instituição no fim de 2015, após ser preso sob suspeita de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró. O Ministério Público Federal, no entanto, entendeu que não há provas para incriminá-lo e já pediu a sua absolvição.
O reconhecimento da inocência é o que Esteves precisa para tentar virar a página do período mais crítico da história do BTG, que teve a imagem abalada e o futuro colocado em xeque.
O banqueiro voltou ao dia a dia da empresa em abril de 2016, com o "crachá" de sócio sênior, assim que o Supremo Tribunal Federal (STF) o liberou do recolhimento domiciliar. Mas quer agora um cargo formal.
Esteves já participa ativamente de reuniões com clientes e tem assento no mesão do 14.º andar da sede do banco, na Avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. Neste ano, voltou às rodas do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
O retorno a um cargo de comando no banco - além de presidente, Esteves comandava o conselho - depende agora da decisão da 10.ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, que recebeu a recomendação do MPF para inocentá-lo da acusação feita pelo ex-senador Delcídio Amaral.
Ao jornal, o advogado de Esteves, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que a decisão da Justiça está para sair "a qualquer momento". Procurado, o banco não comenta.
A volta ao bloco de controle também não está descartada. Nada impede que o banqueiro aumente sua participação no banco que fundou em 2008, ao sair do UBS. Até o fim de 2017, sua fatia era de 28%, sem incluir investimento como pessoa física ou por meio de outros veículos do banco, o que o deixaria com mais de 30%, segundo fontes. O BTG, porém, não confirma.
Muito tempo encarado com ressalvas diante do risco de a prisão de Esteves comprometer a imagem do banco, o retorno do banqueiro deixou de ser tabu dentro e fora da instituição, apurou o Estado.
Segundo uma pessoa próxima ao banco, Esteves poderia voltar a ser chairman. Marcelo Kalim, atual presidente do conselho, já negociou sua saída e deve deixar o posto nos próximos meses. A presidência executiva se manteria com Roberto Sallouti.
Para voltar, o banqueiro precisará do aval do chamado Top Seven Partners, ou G7, formado pelos sócios mais relevantes. O grupo, que passou a ter o controle do BTG em 2015, após permuta de ações com Esteves, sofreu baixas nos últimos tempos - além de Kalim, Persio Arida e James Marcos de Oliveira anunciaram a saída em 2017.
Agora, as movimentações giram em torno das indicações dos que devem recompor o G7, hoje formado por Sallouti, Antônio Carlos Canto Porto Filho (o Totó), Renato Monteiro dos Santos e Guilherme Paes. Os principais sócios têm de 3% a 5% do capital total.
Nomes como Huw Jenkins, sócio do banco em Londres, José Zitelman, responsável por gestão de ativos, e de Rogério Pessoa, de gestão de fortuna, ganham destaque na nova recomposição de forças no banco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.