O Ministério da Economia enviou um ofício ao Banco do Brasil, na tarde desta sexta-feira, 14, autorizando a instituição a iniciar os procedimentos de governança necessários para substituição do presidente Rubem Novaes por André Guilherme Brandão. O banco divulgou isso em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Presidente do HSBC, Brandão substituiu em março de 2012 Conrado Engel — que também foi cotado para assumir a presidência do Banco do Brasil. O executivo tem mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro e passou também pelo Citibank.
Rubem Novaes entregou pedido de renúncia ao cargo ao presidente Jair Bolsonaro e pegou o mercado de surpresa. O pedido de renúncia se deu, pois o executivo entende que o banco “precisa de renovação para enfrentar os momentos futuros de muitas inovações no sistema bancário.” Novaes faz parte de uma seleção de executivos escolhidos por Guedes para assumir a liderança das principais instituições econômicas do país. O grupo agora conta apenas com Pedro Guimarães, no comando da Caixa Econômica Federal, e Roberto Campos Neto, que atua como presidente do Banco Central.
O ex-presidente do Banco do Brasil, que deverá deixar o cargo neste mês, era um dos defensores do processo de privatização do BB. Em entrevista à EXAME, no fim de maio, o executivo afirmou que os planos neste sentido estavam “paralisados” e culpou a crise econômica gerada pelo novo coronavírus por isso.
“Uma crise econômica mundial desta dimensão resulta sempre na paralisação de negócios que envolvem participações e parcerias. Poderemos retomar as discussões no futuro próximo, quando as condições de mercado ficarem mais claras e desde que agreguem valor aos negócios do banco”, afirmou na ocasião.
Isso não foi o suficiente para acalmar os ânimos do governo, que enxergava uma discrepância entre o desempenho da Caixa — que tem liderando a transferência de renda a mais de 100 milhões de brasileiros — e o BB.
A situação piorou em abril. No dia 22, Guedes criticou a atuação de Novaes à frente do BB. Ele disse que o governo “faz o que quer” com a Caixa Econômica Federal e o BNDES, mas no BB “não consegue fazer nada”, mesmo tendo um “liberal lá”, em referência a Novaes. O executivo estava presente na reunião.