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Ambev pode cobrar 4,5% mais por cervejas depois de impostos

O preço cobrado pelos refrigerantes também pode aumentar de 8% a 9% a partir de outubro

Cervejas Antártica e Brahma, da Ambev: preço pode ficar mais salgado (Pedro Rubens/EXAME.com)

Cervejas Antártica e Brahma, da Ambev: preço pode ficar mais salgado (Pedro Rubens/EXAME.com)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 31 de julho de 2012 às 15h52.

São Paulo – A Ambev pode aumentar entre 4% e 4,5% o preço das cervejas fabricadas por ela a partir de outubro, como reflexo do aumento nos impostos federais no Brasil a partir daquele mês. O preço cobrado pelos refrigerantes também pode aumentar de 8% a 9%.

“Já estamos crescendo quase que aquém da inflação e não temos como absorver um aumento tão grande de impostos sem repassar isso no preço aos consumidores”, disse Nelson Jamel, vice-presidente financeiro e de RI da Ambev, em teleconferência.

O aumento dos preços deve gerar uma queda do volume de vendas da companhia, em especial, no último trimestre deste ano. “Estamos conversando com associações e outras empresas do setor para tentar impedir que esse aumento tributário aconteça, mas dependemos da decisão do governo”, afirmou Jamel.

Outra consequência do aumento dos impostos é a possibilidade da Ambev deixar de investir o que havia previsto para 2012 em aumento de capacidade de produção e ampliação dos centros de distribuição da empresa no país.
A empresa investiu 2,6 bilhões de reais no ano passado; 1,4 bilhão de reais apenas no primeiro semestre. Para este ano, 2,5 bilhões de reais estavam previstos e os recursos seriam usados para a construção de seis novas unidades da companhia e alocados em diversas regiões do país – não detalhadas pela empresa.

De janeiro a junho, 1 bilhão de reais foram investidos em duas dessas unidades, uma fábrica de latas em Aquiraz, no Ceará, e uma nova filial da Ambev em Recife, Pernambuco. “Nossa intenção é manter esses investimentos, mas dependemos também desse possível aumento de carga tributária sobre nós”, afirmou o executivo.

De acordo com Jamel, o Nordeste é a região que mais apresenta aumento de consumo – se de maneira geral, o aumento do volume vendido pela empresa gira em torno de 3%, na região a porcentagem é três vezes maior. “Por lá, são consumidas menos cervejas premium que no Sudeste, mas essa diferença de preço é compensada pelo volume”, disse ele.


Resultados animadores

No segundo trimestre, a Ambev teve lucro líquido de 1,93 bilhão de reais, alta de 5,4% sobre o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o lucro atingiu 4,28 bilhões de reais, 9,1% mais em relação ao mesmo período do ano anterior.

A receita líquida da Ambev cresceu 17,4% no segundo trimestre, para 6,8 bilhões de reais. Na primeira metade do ano, esse dado totalizou de 14 bilhões de reais, alta de 13,6%.
Já o custo de produtos vendidos por hectolitro passou de 55,8 reais no segundo trimestre de 2011 para 61,5 reais no trimestre passado, um aumento de 10,2%. “Adotamos várias iniciativas para controlar e reduzir custos, incluindo um sistema de compras por meio de leilões eletrônicos, que já nos rendeu uma economia de 10%”, disse Jamel.

No Brasil, a Ambev alcançou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) normalizado de 2,07 bilhões de reais no segundo trimestre de 2012, um crescimento orgânico de 12,2% se comparado com o mesmo período do ano anterior. O volume total de vendas cresceu 3,9% e chegou a 25,9 milhões de hectolitros.

Em cerveja, o volume de vendas foi de 18,9 milhões de hectolitros, aumento de 2,8%. A média brasileira de participação de mercado em cerveja no trimestre foi de 68,8%. Já o volume de refrigerante avançou 6,9% no país, em um total de sete milhões de hectolitros vendidos. No trimestre, a média de participação de mercado de refrigerante foi de 17,8%.

“Como perspectiva para o Brasil, a companhia espera um crescimento de volume este ano maior do que em 2011, ao mesmo tempo em que busca um maior equilíbrio entre preço e volumes do que o observado no ano passado”, de acordo com relatório emitido pela corretora Planner.

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