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Ambev comemora alta nas vendas, mas rentabilidade preocupa investidores

As vendas de cerveja da Ambev no Brasil cresceram 25,4% no terceiro trimestre do ano, segundo balanço divulgado hoje

Fábrica da Ambev: esperando o fim da pandemia para reajustar os preços (Paulo Fridman/Corbis/Getty Images)

Fábrica da Ambev: esperando o fim da pandemia para reajustar os preços (Paulo Fridman/Corbis/Getty Images)

DG

Denyse Godoy

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 15h55.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 16h11.

A cervejaria Ambev, dona de marcas como Brahma e Skol, surpreendeu os investidores nesta quinta-feira, 29, ao divulgar um balanço do período de julho a setembro melhor do que o esperado pelos analistas. Mas o terceiro trimestre são águas — e cervejas — passadas. O mercado agora está preocupado com a rentabilidade da empresa nos próximos meses: por volta das 15h30, as ações da Ambev despencavam 6,34%, para 12,85 reais.

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Um dos motivos desse mau humor do mercado com a cervejaria é o fato de que um dos grandes propulsores do aumento de 25,4% no volume de cerveja vendida no Brasil no terceiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2019 foi, como a própria Ambev salientou, o auxílio emergencial de 600 reais mensais dado pelo governo federal aos trabalhadores que perderam renda na crise. Mas, até dezembro, o benefício acaba, e não se sabe de onde virá o dinheiro para sustentar em 2021 o consumo que tem ajudado não só a cervejaria mas varejistas de todos os setores a se recuperar da depressão causada pela pandemia do novo coronavírus.

Outra razão é que, por ora, a Ambev vai ter de segurar os reajustes de preços feitos geralmente no final do terceiro trimestre, a tempo de turbinar os ganhos com as vendas do verão. "O fim da pandemia parece ser o melhor momento para fazer reajuste de preços, disse o presidente da Ambev, Jean Jereissati, em conferência com analistas após a divulgação do balanço hoje. Como ninguém sabe quando exatamente a pandemia vai ser controlada, existe uma grande incógnita sobre os reajustes.

A boa notícia, neste momento, é que com a reabertura dos bares e restaurantes na maior parte do país crescem as vendas de cerveja em garrafa, mais rentáveis porque a embalagem é mais barata. Para tentar diminuir um pouco, no futuro, os custos com as latas, a Ambev acabou de inaugurar uma fábrica desse tipo de embalagem em Minas Gerais. "Logo a produção dessa fábrica vai crescer", disse Jereissati.

A receita da Ambev com cervejas no Brasil aumentou 25,2%, para 6,65 bilhões de reais, no intervalo de julho a setembro ante o terceiro trimestre de 2019. Nos nove primeiros meses de 2020, a alta é de 2,9%, para 17,23 bilhões de reais. O lucro ficou em 3,36 bilhões de reais no terceiro trimestre, um aumento de 10,8%.

“O terceiro trimestre da Ambev foi marcado pela contínua recuperação em formato de V impulsionada pela estratégia comercial da companhia, na medida em que inovação, flexibilidade e excelência operacional ganharam momentum. Todos os países apresentaram melhorias sustentadas de volume a partir do segundo trimestre à medida que as restrições foram gradualmente flexibilizadas nos países em que operamos, com algumas exceções”, disse a empresa no balanço do terceiro trimestre, divulgado nesta manhã.

Para a Ambev, a Brahma Duplo Malte é o melhor exemplo da sua estratégia de inovação, atenta às demandas dos consumidores. “Continuamos a expansão da marca com o lançamento da garrafa long neck com tampa abre fácil. Estamos acompanhando de perto o mercado”, disse a cervejaria. A Bohemia cresceu três dígitos por mais um trimestre, e a Skol ganhou participação de mercado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ainda vendo espaço para uma nova marca posicionada entre o portfólio básico e o premium, a Ambev está testando pilotos de outros rótulos em diferentes cidades para entender as preferências do consumidor e determinar qual será lançado.

O desempenho das vendas de cerveja no Brasil foi o melhor entre todas as regiões em que a Ambev atua. Na América Central e no Caribe, o volume comercializado diminuiu 9,9% no terceiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2019. No sul da América Latina, o volume caiu 0,4%, enquanto no Canadá aumentou 7,1%.

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O segmento de refrigerantes no Brasil teve um aumento de 0,7% no faturamento no terceiro trimestre de 2020 na comparação com o mesmo intervalo de 2019, a 1,03 bilhão de reais. Esse crescimento não foi suficiente, porém, para compensar a queda no primeiro semestre. No acumulado do ano, as receitas com a venda de refrigerantes no país têm baixa de 8,3%, a 2,83 bilhões de reais.

Incluindo as demais regiões em que a Ambev atua, as receitas no terceiro trimestre de 2020 ante igual intervalo de 2019 totalizaram 15,6 bilhões de reais, o que significa uma alta de 30,5%. Nos nove primeiros meses deste ano, chegaram a 39,82 milhões de reais, com elevação de 8,4%. O lucro da Ambev no período entre julho e setembro ficou em 2,495 bilhões de reais, 2,2% superior ao do terceiro trimestre de 2019. No acumulado do ano, porém, o lucro ainda tem queda de 35,6%, a 5,096 bilhões.

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