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Amazon, WalMart e e-books derrubam a Borders

Segunda maior livraria americana pede concordata e vai fechar cerca de 200 lojas

Borders, segunda maior livraria americana: 30% das lojas vão fechar as portas (Scott Olson/Getty Images)

Borders, segunda maior livraria americana: 30% das lojas vão fechar as portas (Scott Olson/Getty Images)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 17h41.

O Bordes Group, segunda maior rede de livrarias americana, anunciou nesta quarta-feira (16/2) seu pedido de proteção contra falência ao Tribunal de Falência dos Estados Unidos. A companhia vai fechar, nas próximas semanas, 30% de suas lojas, isto é, cerca de 200 unidades. A rede tem atualmente 644 pontos de vendas distribuídos em 48 estados americanos. As  lojas que vão baixar as portas estão com desempenho abaixo do esperado pelo grupo.

Michael Edwards, presidente da Borders, afirmou que a companhia não dispõe de recursos financeiros para driblar seus principais concorrentes neste momento. “Não temos nada que nos mova para frente e nos reposicione imediatamente no mercado”, disse o executivo em comunicado divulgado pela empresa. 

Segundo o americano The New York Times, a Borders foi uma vítima simbólica dos novos tempos. A empresa perdeu terreno não apenas para a Barnes & Noble, a maior livraria do país, mas também foi abatida por concorrentes de outros setores. Um deles é a Amazon.com, a maior vendedora de livros pela internet do mundo. Outro é o Walmart, maior varejista do planeta e que, nos últimos anos, vem investindo na venda de bestsellers em seus supermercados.

A redução do número de lojas da Borders pode favorecer muitos varejistas americanos. A Barnes & Noble deve ser a principal beneficiada, uma vez que é a que mais se assemelha ao modelo de negócio da Borders, afirmou um analista de varejo ao The New York Times.

Tecnologia

O e-book (livro digital) e o número crescente de leitores eletrônicos também são apontados como responsáveis pela decadência da livraria, uma vez que a rede não teve capacidade de acompanhar a modernização do varejo de livros nos Estados Unidos.  Segundo o The Wall Street Journal,  a Borders não conseguiu desenvolver uma estratégia bem-sucedida no meio digital, principalmente em um momento em que o e-book é o segmento que mais cresce no universo editorial.

A rede até chegou a vender alguns modelos de e-books em suas lojas, como o Kobo, o Sony Pocket Edition e o AnyBook, mas nenhum foi capaz de desbancar a fama do Kindle, comercializado pela Amazon, e do Nook, da  Barnes & Noble, que criou a sua assinatura no produto.


Endividamento

Desde 2001, a rede vem dando sinais de que os negócios não estão bem. Nos últimos cinco anos, os papéis da companhia apresentaram quedas constantes. A Borders foi obrigada a reduzir de 35.000 para 19.000 o número de seus funcionários. As dívidas do grupo somam mais de 200 milhões de dólares. Cerca de 90% desse valor refere-se a débitos com fornecedores.

No ano passado, na tentativa de se reerguer, a rede reformulou seu site, com a aposta em crescer nas vendas online, mas não foi capaz de desbancar a Amazon . No mesmo ano, a varejista vendeu sua linha de artigos para papelaria por 31,2 milhões de dólares, boa parte do valor foi usado para reduzir dívidas. Nos primeiros nove meses de 2010, a companhia acumulou prejuízo de 143,7 milhões de dólares. 

A Borders nasceu como um sebo no início da década de 70, em Michigan. A rede foi criada pelos irmãos Tom e Louis Borders. Em 1992, a varejista, que já tinha se consolidado no mercado de livros, foi vendida para a Kmart, dona também na época da rede de livraria Waldenbooks.

Para tentar se reposicionar no mercado e honrar os 40 anos de tradição, a companhia aguarda agora a aprovação do Tribunal de Falência americano da liberação de um empréstimo no valor de 505 milhões de dólares concedido pela GE financeira.

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