Com 100 milhões de membros Prime em todo o mundo, a Amazon começa a preparar tudo para ser a principal plataforma de comércio eletrônico (Simon Dawson/Getty Images/Getty Images)
Karin Salomão
Publicado em 20 de maio de 2018 às 08h00.
Última atualização em 20 de maio de 2018 às 08h00.
A Amazon.com concorrerá com a Alibaba no território da gigante chinesa do comércio eletrônico.
Nas próximas semanas, a Amazon realizará um evento em Hangzhou – cidade natal da Alibaba – para conectar comerciantes on-line a 400 fabricantes chineses ávidos por vender produtos eletrônicos, autopeças, produtos domésticos e mais diretamente a consumidores americanos e europeus. Especialistas da Amazon explicarão tendências de compra para que os comerciantes possam estocar antes da temporada de fim de ano de 2018, segundo um convite analisado pela Bloomberg. Patrocinado pela Amazon Global Selling, o evento se chama “Coming Together for U”.
O encontro faz parte do empenho da Amazon para que sua plataforma de comércio eletrônico evolua e se torne uma operação global de logística. A ideia é ajudar os comerciantes da Amazon a se conectar diretamente com fabricantes na China, uma região praticamente fora do alcance da empresa. A Amazon cobraria comissões por ajudar os comerciantes a comprar bens diretamente das fábricas e transportá-los a outros países para que sejam entregues com rapidez quando os pedidos chegarem. O frete rápido ajudou a Amazon a dominar o comércio eletrônico nos EUA, e a empresa quer fazer o mesmo globalmente para se defender da Alibaba Group Holding, da eBay e da Wish.
A Amazon preferiu não comentar.
Com 100 milhões de membros Prime em todo o mundo, a Amazon começa a preparar tudo para ser a principal plataforma de comércio eletrônico a conectar compradores em um país a comerciantes em outro. A empresa está realizando grandes iniciativas na Índia e na América Latina e lançou operações na Austrália no ano passado. A aquisição da Souq.com, de Dubai, deu à Amazon uma presença no Oriente Médio.
Seja em Paris, Pequim ou Sidney, os consumidores que procuram preços melhores e produtos que não podem ser encontrados em seu próprio país estão cada vez mais dispostos a comprar de comerciantes no exterior. Essas transações internacionais estão crescendo mais rapidamente do que as vendas locais do comércio eletrônico e projeta-se que por volta de 2020 elas totalizarão US$ 900 bilhões, 20 por cento do mercado global, segundo um relatório de 2016 da DHL Worldwide Express.
As vendas internacionais são um dos grandes focos das aspirações de logística da Amazon. No ano passado, a empresa organizou um evento em Nova York para apresentar serviços de câmbio e ferramentas de tradução a 1.500 comerciantes a fim de ajudá-los a vender produtos a clientes no exterior. A Amazon pode aproveitar seu porte e seu alcance para consolidar remessas com companhias internacionais de carga para obter descontos por volume e usar essa economia de custos para atrair mais comerciantes e bens para a plataforma.
Porém, a iniciativa da Amazon poderia causar problemas para alguns de seus comerciantes parceiros.
“Se a Amazon conectar as fábricas chinesas diretamente aos consumidores finais em sua plataforma, esses comerciantes independentes serão obrigados a concorrer diretamente com seus próprios fornecedores”, diz Ryan Petersen, CEO da Flexport, uma empresa internacional de agenciamento de carga que ajuda comerciantes da Amazon a importar produtos do exterior. “Essa nova concorrência será dura para os comerciantes que só revendem produtos chineses e não criam produtos originais.”