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Amazon enfrenta oposição em cidades que disputam sua nova sede

"Estamos bem sem a Amazon", diz ativista da região de Boston.

Logo da Amazon  (Pascal Rossignol/File Photo/Reuters)

Logo da Amazon (Pascal Rossignol/File Photo/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 11 de fevereiro de 2018 às 08h48.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2018 às 08h48.

Jamie Eldridge, filho de um engenheiro elétrico que cresceu na região suburbana de Boston, parecia ter tudo para ser um entusiasta da campanha de Massachusetts para conquistar a segunda sede da Amazon. Legislador estadual, ele representa um distrito que fica a menos de 50 quilômetros do campus proposto para a empresa, de US$ 5 bilhões, e de sua promessa de 50.000 empregos de alta remuneração.

Mas Eldridge tem uma mensagem surpreendente para a gigante da tecnologia: não, obrigado.

Eldridge faz parte de um grupo pequeno, mas cada vez mais expressivo, de opositores que moram nas 20 regiões finalistas para ganhar a sede. Enquanto prefeitos e governadores competem para oferecer bilhões de dólares à Amazon na forma de isenções fiscais, esses moradores locais não têm nenhum interesse em pagar para que a empresa escolha sua cidade.

Os opositores dizem que suas comunidades estão prosperando atualmente, e que é por isso mesmo que a Amazon está interessada nelas. Eles veem o lado negativo de ganhar: desviar o dinheiro de escolas e outros serviços, tornar a moradia mais inacessível, entupir as ruas e dificultar o trânsito.

"A Grande Boston está melhor sem a Amazon", disse Eldridge, um advogado de 44 anos.

Em Maryland, Rich Madaleno, senador democrata que é candidato a governador, não vai tão longe, mas é contra pagar para que a Amazon opte pelo estado. Maryland está reservando US$ 5 bilhões para levar a Amazon a Montgomery County, um subúrbio de Washington que faz parte do distrito de Madaleno. Em sua opinião, as autoridades deveriam investir esse dinheiro em faculdades.

"Essa empresa provavelmente poderia gastar US$ 5 bilhões sem nenhum esforço", disse Madaleno.

Em Nova Jersey, onde Newark está cortejando a Amazon, o governador Phil Murphy pediu no mês passado uma auditoria de todos os programas de subsídios fiscais para ver se os custos compensam. O predecessor de Murphy, Chris Christie, elaborou um pacote de redução de impostos de US$ 7 bilhões para a Amazon.

"Nova Jersey é um lugar fantástico, e devemos promover isso, não um suborno", disse Erica Jedynak, diretora do estado de Nova Jersey para a organização conservadora Americans for Prosperity, que chama esses incentivos de "bem-estar corporativo".

Isenção fiscal

Por sua vez, a Amazon afirma ter investido mais de US$ 100 bilhões nos EUA e ter criado 200.000 empregos – 20 por cento deles em sua cidade natal, Seattle. A empresa estima que cada dólar investido em Seattle gerou US$ 1,40 para a economia da cidade. A Amazon afirma ter contribuído com dezenas de milhões de dólares para moradias a preços acessíveis e ter incentivado, com sucesso, os trabalhadores a caminhar, andar de bicicleta e usar o transporte público.

Alguns economistas proeminentes - incluindo Edward Glaeser, de Harvard, e Alan Krueger, de Princeton - assinaram uma petição pedindo que as comunidades entrem em um "pacto de não agressão" que rejeita "incentivos fiscais indignantes" para a competição da Amazon.

Os incentivos comerciais mais que triplicaram desde 1990, de acordo com um estudo realizado no ano passado pela organização sem fins lucrativos W.E. Upjohn Institute for Employment Research. Os governos estaduais e locais chegam a gastar US$ 90 bilhões por ano, mas essas reduções de impostos não parecem ter uma grande correlação com o crescimento do emprego nem com os níveis de renda, segundo o instituto.

Acompanhe tudo sobre:AmazonBoston (Massachusetts)

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