Loja da Alô Bebê: rede tem faturamento estimado de R$ 200 milhões por ano (Divulgação/Alô Bebê)
Tatiana Vaz
Publicado em 9 de setembro de 2015 às 15h33.
São Paulo – Bebês nascem todos os dias, em todas as estações do ano, tanto faz se em tempos de crise financeira ou não.
De mimos a itens indispensáveis, as compras não se restringem apenas aos pais - parentes e pessoas próximas à família também querem participar os pequenos.
Isso explica, em parte, porque o negócio da Alô Bebê se transformou em um negócio de 200 milhões de reais de faturamento por ano.
A outra parcela ficou por conta da inexpressiva concorrência encontrada pela varejista no caminho – pelo menos até agora. Por enquanto, ela concorre com lojas de bairro e multimarcas menores, além de supermercados e magazines.
Fundada por dois amigos na década de 80, a empresa começou com uma pequena loja de fraldas na rua João Cachoeira, em São Paulo.
Com o aumento da procura, tratou se encher as prateleiras com outras opções.
De roupas a utensílios, mais de 8.000 produtos de 150 fornecedores são vendidos atualmente nas 27 lojas nas cidades de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Goiânia, Uberlândia, Balneário Camboriú e Joinville.
“Somos um negócio que nasceu para crescer e soube se adaptar às mudanças de consumo dos brasileiros”, diz Milton Bueno, diretor de marketing e porta-voz da rede a EXAME.com.
O próximo passo, além da abertura de mais lojas nos próximos meses, é a marca própria de artigos de cama e banho.
Edredons e lençóis Alô Bebê já estão sendo vendidos desde 2013, mas a ideia é ampliar os itens até 2017.
Tudo para incrementar o faturamento, que subiu 13% no último ano, a mesma porcentagem que a companhia espera ter neste ano de crise.
Sem rivais
A falta de concorrência direta fez com que a Alo Bebê se moldasse ao mercado no ritmo que bem entendesse, enquanto engordava a receita em 6% a cada ano.
Crescia conforme seu capital próprio deixava e escolhia as direções e tipos de lojas, de acordo com as oportunidades que apareciam.
Investiram em um site, pela primeira vez, em 1999. A página funciona como uma vitrine virtual, sem a ambição de que nada fosse vendido por ali.
Em 2002 veio a nova imagem visual das lojas e apenas em 2012 é que o primeiro investimento em e-commerce chegou.
No ano seguinte, um centro de distribuição só para atender a demanda online foi construído ao lado do espaço destinado ao estoque destinado às lojas físicas.
“Hoje 70% do que vendemos no mundo real está disponível no virtual e faturamos a mesma coisa que um de nossos pontos comerciais”, explica Bueno.
A entrada e crescimento de – agora - perigosos concorrentes na web, como a Tricae (comprada pela mesma dona da Dafiti, em junho), não assusta, garante o executivo.
“O nosso grande trunfo é que investimos tanto nas lojas físicas quanto nas lojas online, o que nos coloca a frente de qualquer concorrente”, diz ele.
Independência financeira
O fato de um número cada vez maior de casais irem para fora do país fazerem o enxoval de seus filhos não interfere nas decisões – ao contrário. Em tempo de dólar caro os negócios nem se abalam.
“Não dá para trazer tudo do exterior, sempre haverá o que comprar por aqui e termos tudo reunido em um só espaço facilita a vida dos clientes”, afirma.
Enquanto uma rival de peso equivalente não nasce no Brasil, a Alô Bebê segue o mesmo modelo que a fez chegar onde está.
“Temos horror de depender financeiramente de terceiros e nem cogitamos trabalhar com franquias”, diz o diretor.
Bueno é, por sinal, um bom exemplo de como a empresa é conservadora até na maneira de lidar com gente.
Ele está há 15 anos na empresa, tempo médio da maioria dos 50 profissionais da área gerencial – ao todo são 1.500 funcionários.
Os dois sócios-fundadores também seguem a tradição de se manterem avessos a entrevistas, enquanto o negócio segue alimentado por novos brasileiros a cada dia.