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Alibaba vai doar R$ 550 milhões para futebol feminino na China

Varejista vai investir o dinheiro em formação de atletas e no desenvolvimento da seleção feminina da China, onde a Copa do Mundo bateu recorde de audiência

Seleção chinesa em jogo contra a Espanha: mais de 12 milhões de chineses assistiram à Copa do Mundo (Phil Noble/Reuters)

Seleção chinesa em jogo contra a Espanha: mais de 12 milhões de chineses assistiram à Copa do Mundo (Phil Noble/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 9 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 9 de julho de 2019 às 17h24.

O até então esquecido futebol chinês ganhou notoriedade nos últimos anos depois que clubes chineses começaram a fazer ofertas bilionárias pelos melhores jogadores do mundo. Agora, no futebol feminino, o varejista de comércio eletrônico Alibaba quer usar parte de seu poderio econômico para impulsionar também o futebol feminino.

O Alipay, braço de pagamentos online do Alibaba (que também é dono de sites como o AliExpress), anunciou que vai doar 1 milhão de yuans (cerca de 145 milhões de dólares ou 552 milhões de reais) para o desenvolvimento do futebol feminino na China.

A empresa reiterou que o valor se trata de fato de uma doação, e não de um patrocínio, de modo que não vem com contrapartidas como anúncios no uniforme ou nos jogos.

O dinheiro será gerido pela Confederação Chinesa de Futebol, em conjunto com a Fundação Alipay e as fundações dos co-fundadores do Alibaba, Jack Ma e Joe Tsai (hoje presidente e vice-presidente do grupo, respectivamente).

O Alipay afirmou que o dinheiro será usado "em algumas áreas chave", como o desenvolvimento de jovens jogadoras, o treinamento de técnicos e o fortalecimento da seleção chinesa feminina.

Na Copa do Mundo realizada neste ano na França, a seleção chinesa caiu ainda nas oitavas de final, perdendo para a Itália por 2x0. Na fase de grupos, a seleção fez uma campanha de poucos gols, perdendo para a Alemanha por 1x0, empatou com a Espanha em 0x0 e venceu a África do Sul por 1x0.

O torneio terminou neste domingo, 7, com a seleção dos Estados Unidos sagrando-se tetracampeã da competição, vencendo a seleção da Holanda por 2x0.

As americanas, líderes do ranking de seleções da FIFA (federação internacional de futebol), eram grandes favoritas ao título. A seleção chinesa, por sua vez, é apenas a 16a seleção no ranking da FIFA.

Na década de 1990, a seleção chinesa feminina viveu momentos melhores do que atualmente, chegando à final da Copa do Mundo de 1999 e das Olimpíadas de 1996 (em ambas, foi derrotada na final justamente pela seleção dos Estados Unidos).

Alibaba e o futebol

O investimento de 1 bilhão de yuans anunciado agora é o maior já feito no futebol feminino chinês, segundo o Alipay. O magnata chinês Jack Ma, fundador e presidente da Alibaba, disse em comunicado que o objetivo da ação é fazer o futebol "mais sustentável e acessível para meninas e mulheres ao redor do país".

Não é a primeira vez que o Alibaba e o Alipay relacionam suas marcas ao futebol, embora seja a primeira relação direta com o futebol feminino.

Em novembro, o Alipay fez um acordo de patrocínio de 200 milhões de euros com a UEFA, federação europeia de futebol, para ser a empresa de pagamentos oficial nos torneios organizados pela entidade.

O Alibaba também financiou o time de futebol masculino chinês Guangzhou Evergrande, que chegou a contar com o técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari entre 2015 e 2017.

China campeã em 2050?

O futebol vive uma expansão na China nos últimos anos depois que o governo do presidente chinês Xi Jinping, um grande entusiasta do futebol, lançou em 2016 um plano para o desenvolvimento do futebol chinês.

Os objetivos são ambiciosos e a China espera, até 2050, estar entre as potências do futebol mundial e inclusive apta a ganhar uma Copa do Mundo, tanto no masculino quanto no feminino.

A Superliga Chinesa, primeira divisão do campeonato de futebol masculino do país, vale hoje 575 milhões de euros, segundo o site de monitoramento de transferências Transfermarkt. É mais do que times europeus como o italiano AC Milan (503 milhões de euros), o francês Lyon (376 milhões) ou mesmo o holandês Ajax, semifinalista da última edição da Liga dos Campeões da Europa (442 milhões).

O jogador mais valioso do campeonato chinês de futebol masculino é o volante brasileiro Paulinho, estrela do Shanghai SIPG e que vale 38 milhões de dólares. (Desde 2017, contudo, apenas três jogadores estrangeiros podem ser escalados por partida como titulares, de modo a incentivar o desenvolvimento de jogadores no país. Só 15% dos jogadores da primeira divisão chinesa são estrangeiros).

A popularidade do esporte, de fato, vem crescendo entre os chineses. A Copa do Mundo de futebol feminina teve a maior audiência no país desde 2007, segundo dados da FIFA. Foram 12 milhões de telespectadores, ante 8,5 milhões em 2015 e 1,5 milhão em 2011, datas das últimas edições do torneio.

Na Copa do Mundo masculina do ano passado, a China foi o país com maior número de telespectadores, com 250 milhões de pessoas assistindo (20% da população do país), ainda que a seleção masculina nem sequer tenha se classificado.

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