(NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 23 de agosto de 2021 às 13h50.
Última atualização em 24 de agosto de 2021 às 10h41.
Em mais uma investida das plataformas asiáticas de e-commerce no Brasil, o Ali Express, maior shopping virtual do planeta, abriu sua plataforma para que vendedores brasileiros ofereçam seus produtos. Até agora, os produtos comprados no Ali Express vinham da China. O Brasil é o primeiro país das Américas a permitir o cadastramento de vendedores locais e o sexto do mundo. O movimento da plataforma, que faz parte do grupo Ali Baba, do bilionário chinês Jack Ma, acontece num cenário cada vez mais competitivo, com empresas nacionais e estrangeiras investindo para conquistar o novo consumidor digital brasileiro.
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"Já abrimos a plataforma para vendedores locais na Rússia, Turquia, Espanha, Itália e França. Começamos o cadastramento há três semanas e posso dizer que já temos milhares de vendedores", disse Yaman Alpata, chefe de vendas da Ali Express no Brasil.
Além da concorrência, outro desafio da Ali Express no Brasil será a logísitica. Empresas locais vêm ampliando sua infraestrutura, com mais Centros de Distribuição, para acelerar o prazo de entregas. Também estão investindo nas chamadas "operações de última milha" para que o produto chegue o mais rápido possível na casa do comprador. O Ali Express não tem Centro de Distribuição próprio no país.
"O Centro de Distribuição é o centro das operações de logística. Temos planos para ter o nosso próprio centro. É uma de nossa prioridades", disse Alpata.
No Brasil, o envio de produtos comprados pela Ali Express será coordenado pela Cainiao, empresa de logística do grupo Alibaba, que já possui operação no país. Os vendedores também poderão utilizar suas próprias operações de logística, se preferirem. Os produtos que vêm da China levam entre sete e dez dias para ser entregues no país. Por aqui, esse prazo vai depender da logística com os parceiros locais do setor, podendo ser no mesmo dia ou dia seguinte à compra.
Podem se cadastrar na plataforma vendedores de todos os portes, desde que tenham CNPJ ou sejam MEIs. Para expor seu produtos no Ali Express é cobrada uma taxa de comissão entre 5% e 8%, dependendo do tipo do produto. Segundo Viviane Gomes Almeida, gerente de vendas do AliExpress Brasil, o Brasil é relevante no negócio da empresa, e a decisão de cadastrar vendedores brasileiros já estava mapeada, especialmente com o crescimento do e-commerce no país. O Ali Express está no país desde 2019.
"Vemos muitas oportunidades. O Brasil é como um terreno com grama alta em que é preciso capinar", disse Viviane.
Mas as dificuldades de logística globais, com aumento do frete, falta de navios e aviões para entregas, também é um fator que foi levado em conta pela empresa ao permitir a entrada de vendedores brasileiros.
"A logística transnacional também se tornou um grande desafio. E com isso aumentou a penetração do comércio eletrônico, não só no Brasil mas no mundo. Na América Latina, o comércio eletrônico brasileiro é um dos que mais cresce. No Brasil, vamos ter desafios na entrega da chamada 'última milha' com a expansão das vendas", explica Yaman Alpata.
O crescimento das vendas online no Brasil tem atraído outras plataformas de comércio online asiáticas. A Shopee, de Singapura, já trabalha com vendedores brasileiros, e a Shein, da China, especialista em roupas com preços baratos, traz produtos importados da China. Ambas já desembarcaram no país há pelo menos dois anos e vêm disputando a atenção do consumidor brasileiro.
Segundo o relatório E-commerce no Brasil — elaborado pela agência Conversion —, o comércio eletrônico no Brasil atingiu 1,49 bilhão de acessos em fevereiro passado, um aumento de 21% em relação ao mesmo período em 2020. O relatório mostra que houve um crescimento de 51,43% em produtos importados, na comparação anual, que pode ser entendido como um reflexo do crescimento das plataformas asiáticas de compra online no país.