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Birman, da Arezzo, sobre Grupo Soma: 'Temos conversas com inúmeras marcas'

Em entrevista à Exame, o empresário diz querer crescimento orgânico, mas estar preparado 'para inorgânico'

Alexandre Birman, CEO da Arezzo & Co, em loja do grupo de moda (Arezzo/Divulgação)

Alexandre Birman, CEO da Arezzo & Co, em loja do grupo de moda (Arezzo/Divulgação)

GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 3 de novembro de 2021 às 20h40.

Última atualização em 3 de novembro de 2021 às 20h51.

A Arezzo&Co bem que tentou abocanhar a Hering em março deste ano. Mas quem levou a melhor na disputa foi o Grupo Soma, dona das marcas Animale e Farm. E o mercado se movimentou outra vez, nesta quarta-feira, após o Pipeline, do Valor, indicar o interesse de Alexandre Birman na gigante do vestuário. Como resultado, as ações da companhia valorizaram 8,9% – e 5,33% na Arezzo&Co.

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Em entrevista à EXAME, o CEO da Arezzo&Co admitiu manter “conversas com inúmeras empresas e marcas do setor”. Mas a companhia (que se define house of brands, em referência às 17 grifes que fazem parte do portfólio) negou qualquer proposta pelo Grupo Soma. Vale lembrar que a atual dona da Hering vale 11,25 bilhões de reais, enquanto a Arezzo&Co é avaliada em 7,7 bilhões de reais.

E Alexandre Birman não tem do que reclamar – mesmo que a negociação escape das mãos outra vez: “Tivemos crescimento das marcas de calçados e bolsas com mais de 20% no último trimestre, resultados absurdamente bons nos Estados Unidos, melhoria da nossa margem bruta e rentabilidade estável, mesmo com o aumento dos investimentos que nós fizemos nos últimos meses”, afirma.

No balanço divulgado hoje, 3, a Arezzo&Co confirmou o crescimento de 82% em relação ao mesmo período de 2020 e de 77% quando comparado ao terceiro trimestre de 2019. Como reflexo, o Ebitda já o maior para um único trimestre em toda a história da companhia, com 125 milhões de reais – enquanto receita bruta ficou em 954 milhões de reais e lucro líquido ajustado em 82 milhões de reais.

Realmente existe o interesse da Arezzo&Co no Grupo Soma?

"Não deve ser fácil começar uma entrevista depois de um dia assim. Não foi como planejamos. Mas te peço para ver o que colocamos em fato relevante. Não temos nada mais a dizer além do que está lá. Ou seja: a Arezzo&Co quer crescimento orgânico e também tem um pipeline bem-estruturado de crescimento inorgânico. Tanto que isso ficou claro nos últimos 12 meses. E temos conversas ativas com inúmeras marcas e empresas do setor".

Veja o fato relevante divulgado pela Arrezo&Co: "AREZZO INDÚSTRIA E COMÉRCIO S.A. (“Arezzo&Co” ou “Companhia”), em cumprimento ao disposto na Lei 6.404, de 15.12.1976, conforme alterada, e na Resolução CVM n.º 44, de 2021, em atenção à notícia “Arezzo quer comprar Grupo Soma”, divulgada no portal “Pipeline”, do jornal “Valor Econômico”, no dia 3 de novembro de 2021, comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que, conforme amplamente divulgado, a Companhia tem como objetivo consolidar-se como uma “house of brands”, através do crescimento orgânico de suas marcas e também por meio de aquisições. Na execução dessa estratégia, a Companhia busca, ativamente, oportunidades que visam complementar seu portifólio. A Companhia mantém, com diversos parceiros potenciais, conversas preliminares a respeito do tema. A Companhia comunica que não contratou assessores financeiros e não assinou qualquer documento ou proposta com o Grupo Soma."

E qual é o plano: adquirir novas empresas ou focar nas marcas próprias?

“Vamos completar 50 anos em 2022 e, desde o começo, tivemos o crescimento orgânico nas nossas raízes. E sempre crescemos. Em onze anos na bolsa de valores, só caímos em dois trimestres. Mas a gente também se preparou para replicar esse modelo de negócio que construímos e implementar a gestão diferenciada de coleção em outras marcas. Somos preparados para crescimento inorgânico”.

Dá para falar em cenário pós-pandemia para a Arezzo&Co?

“Sem dúvida! Se pegar lá atrás, no terceiro trimestre de 2020, e comparar com o mesmo período de 2019, nossa queda foi de apenas 5%. Pandemia, para nós, foi questão de apenas um trimestre. Todo o nosso plano digital e a flexibilidade para troca de coleções funcionou muito bem e logo voltamos ao patamar quase estável de vendas. No último trimestre do ano passado já tivemos crescimento.

O que aconteceu neste período de pós-pandemia foi, primeiro, a depuração da oferta, e as empresas sólidas conseguiram crescer. Por outro lado, companhias que não estavam bem-estruturadas foram perdendo espaço e diminuindo. Essa separação aconteceu em todo o mundo e não apenas no nosso setor. E agora existe a junção das vendas físicas e do e-commerce com resultados fortíssimos”, diz.

E como as lojas físicas se inserem na estratégia da Arezzo&Co?

“Temos dados que comprovam que os clientes de lojas físicas e e-commerce gastam duas vezes mais que aqueles que comprar apenas em um ou no outro. Só por esse motivo, os pontos físicos já seriam super-elevantes. Nós nunca tivemos dúvida da retomada que vem desde setembro, quando tivemos resultados fortes. Já dá para dizer que ‘Efeito Covid’, em termos de fluxo, praticamente não existe”.

Quais foram as mudanças que a pandemia trouxe de vez ao varejo e à moda?

Maior mudança foi digitalização das negociações B2B, nossa para as lojas, fossem elas multimarcas ou franqueadas. Porque, antes da pandemia, esse processo era bem tradicional, com showroom ou representante comercial que viajava pelo país. Em relação ao consumo, sempre achamos que estilos despojados seriam momentâneos e, de fato, com a volta das festas, o salto voltou com força total”.

Como está a expansão internacional? Como é o plano é afetado pelo cenário atual?

“Começando do fim, o plano é afetado positivamente, porque acelera ainda mais a diversificação da receita por geografia. Nosso foco, lá fora, são os EUA, porque temos muito potencial de crescimento, já que estamos falando de um mercado seis vezes maior que o brasileiro. Se temos 30% de market share aqui, imagine o crescimento lá. E vamos ensaiar um modelo digital na Europa para 2022”, diz.

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