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Além da hidroxicloroquina: o que a Prevent Senior aprendeu com a pandemia

Inteligência artificial e exames via drive-thru são algumas das mudanças na operadora de saúde que vieram com a pandemia de covid-19

Fernando Parrillo, presidente da Prevent Senior: os aprendizados que vêm com a pandemia (Germano Lüders/Exame)

Fernando Parrillo, presidente da Prevent Senior: os aprendizados que vêm com a pandemia (Germano Lüders/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 27 de maio de 2020 às 06h00.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 10h53.

Operadora de planos de saúde com foco em idosos, a Prevent Senior esteve no centro do debate sobre como lidar com o novo coronavírus quando a pandemia ganhou força no Brasil. Um dos temas em foco foi o uso da hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes com covid-19. A operadora chegou a iniciar um estudo sobre o tema, que foi suspenso. No entanto, os aprendizados trazidos pela pandemia para a empresa vão além da pesquisa com o remédio. Na visão do presidente da companhia, Fernando Parrillo, o novo coronavírus vai mudar o comportamento do paciente e a empresa vai precisar se adaptar a isso.

Dentre as mudanças que devem ficar estão os atendimentos via telemedicina e a possibilidade de realizar exames no modelo drive-thru. Ambas as facilidades foram liberadas no Brasil por conta da necessidade de isolamento social e, segundo a operadora, estão sendo bem aceitas pelos pacientes, além de serem mais seguras.

Os exames da Prevent Senior têm sido realizados no modelo drive-thru em um prédio da operadora na avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. Ela instalou uma operação de enfermagem na garagem do prédio, onde é feita a coleta de amostras de sangue, por exemplo.

“Sabemos que o ambiente de um laboratório para coleta de exames às vezes é tumultuado. Com o sistema drive-thru a coleta não demora mais que seis minutos. Se for permitido, vamos manter depois da pandemia”, afirma Parrillo.

Outra mudança que veio com o coronavírus e vai continuar na companhia é um serviço com foco no contato com os beneficiários. Com um público majoritariamente de idosos, a empresa percebeu que parte de seus beneficiários estava se sentindo sozinha com o isolamento social, o que fez aumentar os casos de depressão. Para lidar com isso, a Prevent Senior criou uma equipe para, basicamente, ligar para eles.

“Cada ligação dura cerca 40 minutos. A ideia é bater papo, escutar suas histórias. O ser humano não foi feito para ficar isolado e na pessoa de mais idade isso piora o quadro clínico. E já aconteceu de ligarmos para um beneficiário de 92 anos, ele estava sozinho em casa e não estava bem. Enviamos uma ambulância para a casa dele por causa dessa ligação”, diz Parrillo.

A equipe por enquanto tem doze pessoas, e pode ser ampliada para mais cem pessoas no futuro. Numa variação do projeto, parte da equipe começou também a escrever cartas a alguns dos beneficiários. “Com isso, estimulamos a escrita deles, desenvolvemos a parte motora e é um meio com o qual eles estão acostumados”, diz Parrillo.

A pandemia também impulsionou iniciativas que já estavam em andamento na operadora. Uma delas é o centro de inteligência da empresa, com foco em buscar inovação e melhores práticas em tratamentos de saúde. O departamento começou a funcionar no meio do ano passado e tem ajudado a companhia a enfrentar o novo coronavírus. “Nosso centro de pesquisa científica trouxe agilidade ao processo decisório e evitou que entrássemos em uma situação complicada no contexto de uma pandemia que afeta principalmente os idosos”, diz Parrillo.

Esse contato levou a Prevent Senior a usar um programa de inteligência artificial desenvolvido pela empresa sul-coreana Lunit. O programa compara a radiografia de tórax dos pacientes com um enorme banco de dados de radiografias, em busca de anormalidades que possam revelar características de pneumonia e ou de lesões causadas por covid-19.

Desde março, mais de 10.000 radiografias de tórax já foram analisadas automaticamente pelo programa na Prevent Senior. De acordo com a Lunit, sua ferramenta já foi usada para analisar mais de 3 milhões de radiografias de tórax em 80 países.

Segundo Parrillo, o número de internações por covid-19 nos hospitais da operadora estabilizou por ora. A Prevent Senior tem três unidades destinadas especificamente para o tratamento da doença. A hidroxicloroquina continua sendo usada pela operadora para o tratamento de covid-19, mas não é o único medicamento adotado.

A pesquisa iniciada pela Prevent Senior para estudar o efeito do remédio em pacientes com o novo coronavírus foi suspensa por inconsistências entre a data do início do tratamento e a do pedido de autorização. A operadora diz que divulgou dados observados em seus beneficiários e que houve erro ao associá-los à pesquisa. A empresa não descarta retomar o estudo. A Organização Mundial da Saúde recentemente suspendeu os testes com a cloroquina para o tratamento de pessoas com a doença.

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