Xeque Faisal bin Qassim Al Thani, dono da Al Faisal Holding: sucesso de Al Thani está ligado ao Catar, que tem a terceira maior reserva de gás natural do mundo e a mais alta renda per capita do planeta (Divulgação/Al Faisal Holding)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2014 às 23h54.
Nova York - O museu Sheikh Faisal bin Qassim Al Thani está localizado a 22 quilômetros de Doha, capital do Catar. Uma fortaleza no meio do deserto, com torres de pedra e portas em arco de madeira, o museu guarda em suas 15 salas mais de 15.000 artefatos, incluindo Alcorões antigos, punhais iemenitas e carros americanos vintage.
O museu Al Thani abriga uma coleção que pertence ao xeque Faisal bin Qassim Al Thani, dono da Al Faisal Holding, um conglomerado com sede em Doha que opera 50 empresas de nove setores. A instalação é também símbolo da riqueza acumulada por homens de negócio do Catar durante as últimas quatro décadas.
“Temos sorte de viver em um país com uma economia de rápido crescimento”, disse Al Thani, 65, em um e-mail, no dia 16 de março. “Para se beneficiar dessa explosão econômica é preciso tomar a iniciativa e estar disposto a aproveitar as oportunidades”.
Por meio da Al Faisal e sua subsidiária de capital aberto, a Aamal Company, Al Thani reuniu uma coleção de hotéis de luxo e propriedades imobiliárias comerciais em seis países. Ele tem um patrimônio líquido de pelo menos US$ 2,2 bilhões, segundo o índice Bloomberg Billionaires, e nunca apareceu em um ranking internacional de riqueza.
O sucesso de Al Thani está ligado ao Catar, que tem a terceira maior reserva de gás natural do mundo e a mais alta renda per capita do planeta, segundo o Fundo Monetário Internacional.
A demanda pelo gás ajudou o Catar a quadruplicar seu PIB na última década, contrastando com a duplicação executada pela Turquia e o aumento de 33 por cento ocorrido nos EUA, segundo dados compilados pelo Banco Mundial.
Produção de gás
O PIB do país deverá se expandir em 5 por cento em 2014, mais do que o da Turquia e o do Brasil, segundo dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional. A produção de gás natural liquefeito do Catar, quase na totalidade controlada pelo Estado, ajudou a impulsionar as empresas de Al Thani, que incluem firmas nos setores imobiliário e hoteleiro, escolas com fins lucrativos e o maior serviço de lavanderia industrial do país.
“Os setores de petróleo e principalmente de gás oferecem enormes ‘rendas’ ou receitas com royalty”, disse Matthew Gray, professor associado da Universidade Nacional Australiana, em Canberra, e autor de “Qatar: Politics and the Challenges of Development”, em um e-mail, no dia 6 de março.
Al Thani faz parte da família que governa o país do Golfo e que, incluindo parentes próximos e agregados, representa um quinto dos 300.000 cidadãos do Catar, segundo Gray. A renda com royalties gerada pelas vendas de petróleo e gás chega aos consumidores por meio de gastos e subsídios do governo, que incentivam o investimento e o comércio estrangeiro e beneficiam o setor privado, disse ele.
Al Thani controla outras propriedades comerciais fora de seu ramo de interesse na Aamal, incluindo mais de uma dúzia de edifícios residenciais e de escritórios e três hotéis em Doha, segundo o site da Al Faisal. Ele tem mais oito propriedades de hotéis em construção na capital, que compõem o boom da construção que se espalhou por toda a cidade depois que o país ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo Fifa 2022.
O governo planeja investir US$ 45 bilhões – quase o que a Rússia gastou nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi -- nos próximos 15 anos em uma tentativa de multiplicar em mais de cinco vezes a contagem anual de visitantes, segundo um relatório de fevereiro da Autoridade de Turismo do Catar.
O afluxo de turistas, muitos deles passando por Doha por meio de voos da Qatar Airways, elevou em 6 por cento as taxas de ocupação dos hotéis em 2013, segundo dados compilados pela TRI Hospitality Consulting.
Al Thani vem diversificando no exterior, adquirindo um hotel Four Seasons no Cairo, um Grand Hyatt em Berlim, o Radisson Blu Aqua em Chicago e o W London Leicester Square. Em janeiro, ele comprou o St. Regis Bal Harbour Resort, em Miami, por US$ 213 milhões.
“Nosso objetivo é construir uma carteira renomada de hotéis proeminentes em termos de marca, localização e arquitetura”, disse ele. As recentes aquisições fora do Catar, disse, “têm todos esses elementos”.