Heverton Rodrigues, da Voguer: “Estamos fazendo trabalho de formiguinha, ligando para donos de barco, apresentando a empresa"
Repórter de Negócios
Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 09h56.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2024 às 10h26.
Um iate de luxo, daqueles vistos em grandes produções cinematográficas — ou no Instagram de celebridades e jogadores de futebol — pode custar mais de 200 milhões de reais. Se você não for nada disso, talvez seja difícil embarcar num desses veículos náuticos.
Ou pelo menos, era. O empreendedor paulista Heverton Rodrigues, de 30 anos, quer chacoalhar um pouco essa realidade. Ele acaba de lançar a Voguer, um aplicativo de locação de barcos e iates por diárias, num modelo parecido com o AirBnB.
Pela plataforma de Rodrigues, a pessoa escolhe uma cidade litorânea, coloca as datas em que quer alugar o barco e vê as opções. Tem embarcações a partir de 2.000 reais para 10 pessoas. Ou seja, uma diária pode custar cerca de 200 reais individualmente.
Por outro lado, há opções que são de luxo, mesmo que por locação. Uma embarcação que está prestes a entrar na plataforma terá diárias de 150.000 reais. A ideia é que o iate atenda a um público de luxo, mas que não tem tempo - ou nem mesmo necessidade - de adquirir um barco.
A meta de Rodrigues é faturar 10 milhões de reais neste primeiro ano de operação.
Formado em desenvolvimento de sistemas, Rodrigues teve, por muitos anos, uma fábrica de softwares. Por ali, desenvolvia vários aplicativos e plataformas. Numa delas, donos de sebos de livros cadastravam seus itens, que eram distribuídos simultaneamente em vários marketplaces. Hoje, essa startup foi comprada pela Estante Virtual.
“Depois disso, criei outras startups que não deram certo”, diz. “Na sequência, fiz uma fintech de antecipação de recebíveis, que foi vendida para uma multinacional”.
Logo depois dessas experiências empreendedoras, Rodrigues foi para o “outro lado do balcão”, como executivo de uma empresa que não era dele. Ele passou a liderar a Flapper, de táxis aéreos, no Brasil. Foi quando se aproximou do mercado de artigos de luxo.
“O mercado de turismo de luxo, de grandes barcos, está muito próximo do mercado de aviação”, afirma. “Acabei descobrindo essa sinergia. Eventos de aviação, sempre tem empresa de barco expondo. É um mercado que está muito conectado. E percebi que tinha uma oportunidade pouco desenvolvida”.
Sedento por voltar a empreender, Rodrigues saiu da Flapper no final do ano passado para se dedicar a Voguer.
A Voguer é um marketplace de experiências náuticas. Nesse primeiro momento, funciona com locação de barcos, conectando proprietários a quem quer locatário.
“Hoje, esse mercado é operado por bookers locais que conhecem meia dúzia de proprietários de barcos”, diz. “A nossa ideia é criar um marketplace com confiança”.
Pela plataforma, o usuário coloca as datas, onde quer locar e faz a reserva. O pagamento já inclui a rota e o combustível, bem como o marinheiro responsável por tripular a embarcação. Atualmente, são cerca de 300 barcos, focando no eixo entre Rio de Janeiro e litoral norte de Santa Catarina, na região de Balneário Camboriú.
Para a Voguer, o dinheiro entra com uma taxa de comissão cobrada do valor da locação.
“Trabalhamos com comissão regressiva”, diz. “Se ele acabou de cadastrar o barco, cobramos 15% de comissão. Se ele verifica o barco, tripulante, quantas pessoas cabem, a partir desse momento reduzimos a comissão para 10%. E depois de três meses na plataforma, se ele tiver uma nota acima de 4,8 estrelas, a comissão cai para 5%”.
Como todo marketplace no início, há o famoso desafio “do ovo e da galinha”. O dilema é convencer os donos de barcos a colocarem a embarcação lá, mesmo ainda sem muitos clientes - e vice versa: chamar clientes mesmo sem muitas embarcações.
“Estamos fazendo trabalho de formiguinha, ligando para donos de barco, apresentando a empresa”, diz. “E ainda fazemos todo trabalho para ele. Ele nos manda as fotos, e a gente ajuda a cadastrar e colocar as informações necessárias”.
A expectativa é faturar 10 milhões de reais neste primeiro ano de operação, com 2.000 embarcações cadastradas. O diferencial que a startup quer destacar é a confiabilidade, fundamental num setor de luxo, e com um mercado nacional de 2 bilhões de reais.
Para quando chegarem num limite de embarcações cadastradas, a escala deverá vir do tíquete médio.
“O mercado de luxo trabalha em aumentar o tíquete médio, onde conseguiremos ter as melhores margens”, diz. “Essa embarcação de 150.000 reais que colocaremos no sistema, vai trazer, numa única locação, um bom valor. Além disso, vamos escalar os barcos padrões”.
Para manter uma receita recorrente, também planejaram um clube de assinatura mensal. Por esse clube, o usuário tem menores taxas, concierge exclusivo e, no futuro, cashback. “Um pacote de serviços e a grande vantagem é que vamos ter uma receita recorrente, para driblar a sazonalidade”, diz.