Agibank: O plano é atingir 100 bilhões de reais em carteira de crédito até 2030
Repórter de Negócios
Publicado em 6 de maio de 2025 às 16h01.
Um dos bancos mais associados ao crédito consignado — não à toa, foi o aplicativo mais baixado do país quando começaram as liberações do consignado privado — está ampliando sua carteira.
O Agibank acaba de captar 440 milhões de reais com a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial voltado ao setor privado.
A operação marca a entrada do banco no mercado internacional de crédito com impacto social.
O recurso será usado para oferecer mais empréstimos a aposentados do INSS, foco principal do banco. Mas o que dá peso à operação é o selo de “Social Loan” concedido pela IFC, que classifica o financiamento como voltado a projetos com impacto social. Isso significa que o dinheiro vai beneficiar públicos considerados vulneráveis — como idosos, mulheres e pessoas de baixa renda — e precisa seguir critérios de transparência, governança e mensuração de impacto.
“Essa é nossa primeira captação internacional com uma instituição multilateral, e com um selo social. Passamos por um processo longo de diligência da IFC, que envolveu desde a estrutura de governança até visitas aos nossos Smart Hubs. Isso valida nossa operação na prática”, afirma Marcelo Dubeux, diretor de Tesouraria e Relações com Investidores do Agibank.
A operação também reforça a estratégia do banco para ampliar sua base de funding.
O plano é atingir 100 bilhões de reais em carteira de crédito até 2030.
“Esse produto já entrou na nossa composição e vai somar. Estamos crescendo 50% ao ano de forma composta nos últimos quatro anos”, diz Dubeux.
A operação foi avaliada pela IFC com base em padrões internacionais de impacto.
A Sustainalytics, referência global em avaliação ESG, confirmou a elegibilidade do modelo do Agibank, destacando que os recursos aplicados devem gerar impacto social positivo.
Além do crédito, a parceria com a IFC inclui suporte técnico para desenvolver outros produtos financeiros com viés social.
“Ter esse selo abre portas para futuras captações com outras instituições multilaterais”, afirma Dubeux. Segundo ele, o processo levou meses e incluiu visitas presenciais da IFC às unidades do banco, com foco em entender o público e a operação no detalhe.
Até agora, o Agibank financiava sua expansão com recursos locais — como CDBs, letras financeiras e operações de securitização.
A emissão com a IFC é a primeira com um investidor internacional com esse perfil. Os recursos já foram convertidos para reais, sem risco cambial.
“Além do financiamento, esse selo nos posiciona melhor para acessar novos mercados e obter crédito com condições mais vantajosas”, diz Dubeux.
A liberação recente do crédito consignado para trabalhadores de carteira assinada também abriu uma nova frente de crescimento.
“Temos apetite para operar esse produto. Conseguimos originar cerca de 10% dos contratos do mercado, graças à nossa preparação tecnológica e presença digital”, afirma Dubeux.
O novo público já faz parte da estratégia do banco. “Esse produto já entrou na nossa carteira. E com o selo da IFC, temos ainda mais credibilidade para continuar crescendo”, diz.
O Agibank nasceu em 1999, ainda como Agiplan, fundado por Marciano Testa em Caxias do Sul, no interior do Rio Grande do Sul.
Começou como correspondente bancário, oferecendo crédito pessoal — principalmente consignado — para quem não tinha acesso aos grandes bancos. Ao longo dos anos 2000, virou um dos principais distribuidores de crédito consignado do Brasil, chegando a ser o maior parceiro do Bradesco nesse segmento.
Em 2012, a empresa criou sua própria financeira e, em 2016, comprou o Banco Gerador, de Recife. A aquisição marcou sua transição de distribuidor para banco. Em 2018, adotou o nome Agibank e passou a operar como banco digital, com foco em clientes com mais de 50 anos e com menor familiaridade com o digital.