Mariana Dalvi, gerente de produto da Olist: "O empreendedor conversa com a Lis em linguagem natural e consegue criar automações completas" (Olist/Divulgação)
Repórter
Publicado em 28 de julho de 2025 às 11h05.
A plataforma de ferramentas para PMEs Olist anuncia nesta segunda-feira, 28, a chegada dos agentes de IA. A tecnologia, que funciona como um assistente automatizado, promete transformar a rotina de pequenas e médias empresas.
A história da curitibana Olist começou há quase 20 anos, quando Tiago Dalvi, hoje CEO, abriu sua primeira loja física em um shopping. Após três mudanças de modelo de negócios, a companhia se consolidou como um ecossistema que integra gestão, vendas, finanças e logística para varejistas e atacadistas.
A empresa já atende 50 mil clientes ativos e transaciona mais de R$ 60 bilhões ao ano na plataforma. A última rodada de investimento relevante, uma Série E em 2021, trouxe US$ 186 milhões (quase R$ 1 bilhão na época) para reforçar o caixa da companhia.
No início, Dalvi percebeu as dificuldades de operar uma pequena loja no Brasil: excesso de fornecedores de tecnologia, custos altos e baixa integração entre sistemas.
Esse cenário o levou a pivotar o modelo da Olist para atender lojistas e distribuidores que enfrentavam os mesmos problemas. Primeiro, a empresa atuou como distribuidora para grandes varejistas, depois migrou para o formato de marketplace e, por fim, concentrou esforços em construir uma plataforma completa para apoiar a operação dos clientes.
O crescimento veio acompanhado de aquisições estratégicas — como as startups de ERP Tiny e de logística Pax — e do fortalecimento de produtos próprios, como conta digital, meios de pagamento e soluções de logística. Hoje, o ERP (sistema de gestão empresarial) da Olist concentra o “coração” das operações, reunindo dados financeiros, de estoque e de vendas dos clientes.
A nova tecnologia, desenvolvida nos últimos dois anos, conecta inteligência artificial diretamente ao ERP da empresa. Por meio da Lis — uma assistente conversacional que funciona como “o ChatGPT da Olist” — os empreendedores podem ativar agentes especializados em diferentes tarefas: emissão de notas fiscais, atualização de preços, relatórios de vendas, gestão de estoque e criação de automações personalizadas.
Os Agentes da Olist atuam dentro do ambiente da própria empresa, usando dados reais e atualizados em tempo real. Isso significa que eles podem executar ações diretamente no sistema de gestão, sem precisar exportar planilhas, integrar sistemas externos ou refazer processos, o que reduz erros e libera tempo do empreendedor para focar no crescimento do negócio.
Responsável pelo desenvolvimento da ferramenta, a gerente de produto Mariana Dalvi destacou que os agentes podem ser criados pelo próprio usuário, sem necessidade de programação. “Queríamos democratizar a IA. O empreendedor conversa com a Lis em linguagem natural e consegue criar automações completas”, afirmou.
“Nosso objetivo é que o empreendedor tenha a sensação de que há um time invisível trabalhando pelo negócio dele”, diz Dalvi. “A tecnologia não substitui pessoas, mas libera energia para que elas possam ser mais estratégicas no dia a dia”.
Os Agentes de IA serão liberados inicialmente para um grupo de clientes selecionados e depois para toda a base de usuários, de forma escalonada. A expectativa é que em até 12 meses, metade do volume transacionado na plataforma seja processado com apoio dos agentes.
Em breve, a Olist quer que a tecnologia atue de forma proativa no negócio das PMEs, ajudando a reduzir erros de gestão. “Estamos construindo sensores que funcionam como um consultor ativo, avisando quando há descompasso no capital de giro ou risco de ruptura de estoque”, explicou Tiago Dalvi.
Por aqui, a brasileira CloudWalk já tem o JIM. O assistente de IA faz parte da plataforma InfinitePay. A OpenAI, Google, Amazon e Meta já têm ou trabalham para desenvolver os próprios agentes de IA — é a próxima fronteira da inteligência artificial generativa.
Com 676 funcionários — 190 em tecnologia e produto —, a companhia diz que todos os times agora adotam a abordagem AI-first, priorizando inteligência artificial no desenvolvimento de novas ferramentas. O investimento em IA já consome parte significativa dos R$ 100 milhões reservados para novos produtos até 2025.
Dalvi adiantou que a Olist estuda levar os agentes para novas frentes, como geração de imagens, vídeos e publicidade, e ampliar integrações nativas com canais de comunicação como WhatsApp e e-mail. “Esse é só o primeiro passo. A IA vai permear tudo o que fazemos daqui para frente”, afirma.