Geração eólica: projeto deve ficar pronto em 2022 (Vincent West/Reuters)
Juliana Estigarribia
Publicado em 3 de setembro de 2020 às 18h10.
Última atualização em 3 de setembro de 2020 às 19h16.
A AES Tietê e a Unipar Carbocloro estão buscando empréstimos junto ao BNDES e ao Banco do Nordeste para financiar parte da construção do parque eólico que as duas empresas começarão a levantar no ano que vem nos municípios de Tucano, Biritinga e Araci, todos no estado da Bahia. O investimento estimado para o empreendimento é de 620 milhões de reais.
As duas empresas oficializaram a joint venture em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no início da noite desta quinta-feira, 3.
Cada uma das empresas terá 50% da sociedade. A usina terá capacidade instalada de 155 megawatt médios (MW), o suficiente para suprir a demanda de 280.000 residências.
“Este é um marco importante dentro da nossa estratégia de ganhar competitividade e reforçar nossa posição no sentido da sustentabilidade”, afirma Maurício Russomanno, presidente da Unipar Carbocloro, em entrevista exclusiva à EXAME.
Cerca de 60 MW serão utilizados para a produção da própria Unipar e o restante da cota da empresa (de pouco mais de 77 MW) deve ser comercializado no mercado livre de energia.
A AES Tietê ficará responsável pela construção e gestão de todo o projeto e sua parcela na capacidade instalada será negociada no mercado livre de energia.
“As fontes renováveis trazem competitividade e a eólica vem crescendo muito. Isso traz competitividade ao Brasil”, afirmou Ítalo Freitas, presidente da companhia, à EXAME.
A construção da usina terá início a partir de janeiro de 2021 e sua conclusão está prevista para dezembro do ano seguinte. As empresas buscam agora financiamento com bancos de fomento para viabilizar parte do projeto.
“Vamos buscar opções e decidir a parcela de investimento a ser financiada. Estamos em discussões com estes bancos de fomento para tomar essa decisão”, diz Russomanno.
A Unipar foi a primeira indústria brasileira a entrar no mercado livre de energia, onde as negociações de contratação são realizadas diretamente entre geradora e cliente. Com a decisão de investir na autogeração, a companhia busca competitividade.
A AES Tietê salienta que, neste caso, não se trata de apenas mais um contrato de fornecimento de energia. “Para buscar uma joint venture de autogeração, o cliente precisa escolher uma empresa com musculatura, experiência e alto grau de governança, pois trata-se de uma sociedade de longo prazo”, diz Freitas.
Segundo o executivo, a companhia negocia com outras grandes empresas novos projetos nos moldes da joint venture com a Unipar.
O movimento de autogeração não é uma novidade, mas vem crescendo de forma mais significativa nos últimos anos, principalmente diante da queda dos custos das renováveis. “Além da competitividade trazida pela autogeração, as grandes empresas também têm buscado limpar sua matriz energética”, diz Freitas.
O presidente da Unipar relata que, mesmo diante da pandemia, a empresa e a AES Tietê decidiram manter o cronograma da usina eólica da Bahia.
“A pandemia vai passar eventualmente, mas dentro do nosso horizonte de negócios é importante priorizar a competitividade e energia é um custo muito importante a ser considerado”, afirma Russomanno.
A pandemia do novo coronavírus teve um impacto limitado na operação da Unipar, que produz matérias-primas como o cloro, essencial para desinfecção de hospitais. “Desde o início, buscamos um parceiro que conhece do negócio, por isso a decisão de manter o cronograma mesmo em meio à pandemia”, diz o executivo.