“A indústria de aviação do Reino Unido é a mais atingida na Europa”, disse no domingo Brian Strutton, secretário-geral da British Airline Pilots Association (BALPA) (Ariana Drehsler/The New York Times)
Bloomberg
Publicado em 21 de junho de 2021 às 22h06.
O avanço dos casos de Covid-19 no Reino Unido aumenta a divergência entre companhias aéreas e autoridades de saúde sobre a decisão do governo de manter as restrições para viagens, que estão entre as mais rigorosas na Europa.
Representantes do setor de viagens planejam realizar eventos na quarta-feira em Londres, Edimburgo e Belfast para chamar a atenção para cerca de 195 mil empregos que, segundo eles, estão sob risco devido às restrições para viagens ao exterior. No entanto, um conselheiro da Saúde Pública da Inglaterra alertou que um quarto lockdown nacional pode ser necessário este ano para frear o coronavírus.
Essas prioridades conflitantes têm desgastado o consenso político que o primeiro-ministro, Boris Johnson, tem contado para o combate à pandemia, aumentando o foco no setor que emprega 860 mil pessoas e que foi paralisado pelas regras do governo. Isso colocou o primeiro-ministro em rota de colisão com membros do parlamento, cada vez mais preocupados com os danos à economia.
“A indústria de aviação do Reino Unido é a mais atingida na Europa”, disse no domingo Brian Strutton, secretário-geral da British Airline Pilots Association (BALPA). “Os infelizes ministros dão toda a impressão de atacar deliberadamente a aviação e atormentar o público com mensagens contraditórias sobre as férias de verão.”
Sob as regras atuais, viajantes que chegam ao Reino Unido devem fazer quarentena, a menos que venham das 11 jurisdições verdes, nenhuma das quais é um destino turístico típico.
Na segunda-feira, o secretário de Negócios do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, sugeriu que é improvável que esse quadro mude em breve. Perguntado sobre dados do jornal Times, segundo os quais apenas 1 em cada 200 viajantes que chegam de países listados na lista âmbar apresenta resultados positivos, ele disse que os números “não revelam o quadro completo”.
“Os dados que vimos dos países da lista âmbar são encorajadores, mas, no momento, queremos adotar uma abordagem sob a qual é melhor prevenir do que remediar”, disse Kwarteng à Sky News.
Na semana passada, Johnson adiou o fim das restrições relacionadas à Covid, previsto para esta segunda-feira, até 19 de julho. Uma revisão na próxima semana decidirá se a medida poderia ser adotada em 5 de julho. Kwarteng disse à Sky News que é “improvável” que as regras sejam flexibilizadas antes disso e afirmou posteriormente à rádio LBC que “estamos muito concentrados em 19 de julho”.
Essas regras são independentes das regulamentações em andamento que regem as viagens internacionais, o que significa que pessoas que chegam da maioria dos países precisam se isolar e realizar vários testes de Covid-19.
O número de voos de chegada e saída do Reino Unido mostra queda de 73% em relação aos níveis de 2019, o que levou ao corte ou licenças de 860 mil empregos em viagens e turismo, de acordo com a BALPA. Na semana passada, a Itália disse que vai exigir que residentes do Reino Unido façam quarentena por cinco dias após a chegada para evitar novos casos.