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Adidas tem queda de 96% no lucro com pandemia do coronavírus

Vendas foram impactadas por lojas fechadas em todo o mundo. Alta de 35% no comércio eletrônico não foi suficiente para aplacar a queda, diz presidente

Loja da Adidas em Hamburgo, na Alemanha, no fim de março: apesar de algumas reaberturas em abril, mais de 70% das lojas da empresa no mundo seguem fechadas (Fabian Bimmer/Arquivo/Reuters)

Loja da Adidas em Hamburgo, na Alemanha, no fim de março: apesar de algumas reaberturas em abril, mais de 70% das lojas da empresa no mundo seguem fechadas (Fabian Bimmer/Arquivo/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 27 de abril de 2020 às 08h23.

Última atualização em 27 de abril de 2020 às 15h13.

A fabricante de material esportivo Adidas teve queda de 96% no lucro do primeiro trimestre de 2020, resultado pior do que a média das projeções de analistas. Os resultados da companhia foram divulgados na madrugada desta segunda-feira, 27.

O lucro líquido entre janeiro e março foi de 26 milhões de euros, ante lucro de 633 milhões de euros no mesmo período do ano passado.

O faturamento caiu 19%, somando 4,75 bilhões de euros. As vendas da marca Adidas caíram 20%, enquanto as da Reebok tiveram queda de 12%.

Na outra ponta, o comércio eletrônico cresceu 35% no trimestre, embora não o suficiente para aplacar todas as perdas, escreveu a Adidas em comunicado. "Nosso foco em acelerar nossos próprios canais de varejo e comércio eletrônico nos servirão ainda melhor no futuro. Estamos bem posicionados como uma empresa global com marcas fortes", disse o presidente Kasper Rorsted.

A empresa diz que foi impactada por queda de 800 milhões de euros em vendas na China, 58% a menos do que no ano anterior. A China foi o primeiro país afetado pela pandemia do novo coronavírus. Ainda que parte das operações na China tenham sido retomadas em março, diz o comunicado da Adidas, a disseminação da pandemia para o restante do mundo na sequência também afetou as vendas globalmente, com cancelamento de pedidos no varejo em meio a lojas fechadas.

O único mercado dentre os números divulgados pela empresa que não sofreu queda foi o da Rússia (incluindo a região dos Estaods Independentes na Europa Oriental), com alta de 9% nas vendas. Até o fim de março, a Rússia não havia fechado o comércio nas principais cidades e tinha poucos casos de coronavírus contabilizados -- atualmente, o país tem mais de 87.000 casos da doença.

A América do Norte, onde a pandemia começou a ficar mais forte sobretudo no fim de março, teve queda de somente 1% no acumulado do trimestre. Na Europa, a queda foi de 8% e nos mercados emergentes, de 11%.

Boa parte dos impactos em países do Ocidente, como na América do Norte, deve vir no segundo trimestre. Para o período entre abril e junho, as projeções da Adidas seguem sendo negativas, ainda que algum tipo de reabertura do comércio tenha começado a acontecer nos países do Hemisfério Norte na semana passada. A expectativa é de que a empresa tenha prejuízo operacional no segundo trimestre e queda de 40% nas vendas.

"No momento, estamos focados em administrar os desafios atuais e apostando na recuperação na China e nas oportunidades que vemos no comércio eletrônico", disse Rorsted.

O presidente da Adidas diz ainda que, apesar da confiança na força de longo prazo da empresa, se mantém "realista", com mais de 70% de suas lojas no mundo ainda fechadas. Diante da imprevisibilidade da volta à normalidade, a empresa afirmou que não consegue neste momento indicar uma projeção de resultados para 2020.

*Uma versão anterior desta reportagem dizia em um trecho que os resultados eram referentes ao primeiro trimestre de 2019, não de 2020. A informação foi corrigida. 

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