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Ações e crédito atrapalham venda da Cesp, dizem analistas

A intenção do governo de São Paulo de retomar discussões sobre uma eventual venda de sua fatia na elétrica estatal Cesp pode esbarrar em alguns problemas


	CESP: pendências judiciais e falta de interessados com capacidade financeira para a aquisição podem atrapalhar a venda, afirmaram especialistas
 (Marcos Issa/Bloomberg News)

CESP: pendências judiciais e falta de interessados com capacidade financeira para a aquisição podem atrapalhar a venda, afirmaram especialistas (Marcos Issa/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2016 às 17h21.

São Paulo - A intenção do governo de São Paulo de retomar discussões sobre uma eventual venda de sua fatia na elétrica estatal Cesp pode esbarrar no grande número de pendências judiciais da maior usina da empresa e na falta de interessados com capacidade financeira para a aquisição no atual cenário do país, afirmaram especialistas à Reuters.

Na semana passada, o secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Renato Vilella, disse que o governo paulista avaliará a venda da geradora e poderá inclusive buscar apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para viabilizar uma eventual privatização.

A Cesp, que chegou a ter 11 gigawatts em 1996, foi dividida em diversas empresas desde então, além de ter visto a concessão de suas maiores hidrelétricas vencer. Atualmente, a empresa conta com apenas 1,65 gigawatt, dos quais 1,54 gigawatt são da usina Porto Primavera, que enfrenta uma série de disputas judiciais.

Segundo formulário de referência da Cesp, a usina está envolvida em ações bilionárias com risco de perda provável ou possível que pedem principalmente indenizações pela desapropriação de terras necessárias à sua construção.

O empreendimento também enfrenta disputas judiciais por questões ambientais e com fornecedores.

"Porto Primavera foi um projeto muito cheio de problemas... precisaria ser muito bem trabalhado para se tornar efetivamente atraente... tem um passivo grande, complicado", afirmou à Reuters o diretor da consultoria Andrade & Canellas, Silvio Areco.

Ele disse que esse assunto era menos problemático em outras tentativas de venda da Cesp, afinal não levadas adiante, mas se torna uma questão chave agora que Porto Primavera representa quase toda a capacidade instalada da geradora paulista.

Em meio à atual crise da economia brasileira, diversas elétricas têm tentado vender ativos para gerar caixa, o que tem resultado em uma sobreoferta de negócios no setor em um momento em que ainda se vislumbram poucos grandes compradores à exceção de estatais chinesas.

Nesse cenário, Areco citou entre os possíveis interessados, além das companhias chinesas, a canadense Brookfield, que recentemente fechou aquisições no setor de energia do Brasil.

O diretor da consultoria Excelência Energética Erik Rego também colocou os chineses entre os franco favoritos, por meio da China Three Gorges, que no ano passado arrematou a concessão de Jupiá e Ilha Solteira, hidrelétricas que somavam cerca de 5 gigawatts em capacidade e eram as maiores da Cesp até terem suas concessões expiradas.

"As apostas num momento como esse seriam nos chineses. Os outros (investidores) estão todos com problema, mesmo os que há pouco tinham recursos hoje já não têm. Pode ter falta de competição por falta de dinheiro", afirmou.

Ele também listou como possível interessada a francesa Engie, que já demonstrou interesse nos ativos da Cesp no passado.

"Que eles vão estudar não tenho dúvida... na hora, não sei, mas é um grupo que vai avaliar, tentar convencer acionistas e conseguir dinheiro (para disputar)." Procurada, a Brookfield disse que não comentaria.

A Engie disse que "está sempre atenta às oportunidades de expandir seus negócios e ativos no Brasil, em especial na área de geração de energia limpa e renovável".

A Three Gorges disse que "está atenta a oportunidades de fusões e aquisições", mas ressaltou que não teve informações oficiais sobre eventual privatização da Cesp pelo governo de São Paulo.

A Cesp possui um valor de mercado de 4,7 bilhões de reais, segundo dados da Thomson Reuters. A fatia do governo de São Paulo na companhia é de cerca de 40 por cento.

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