Accor: Com 16 marcas distintas de hotéis, a empresa acha que ainda é pouco (Tadeu Brunelli/AccorHotels/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 17h27.
São Paulo – No último ano, a Accor Hotels adquiriu 8 companhias diferentes, tanto redes de hotéis quanto serviços e tecnologias relacionadas a hotelaria e turismo.
A empresa incorporou 347 novos hotéis e 81 mil quartos à sua rede e fechou o ano com 583 mil quartos. As compras foram feitas com o próprio caixa da companhia, disse Patrick Mendes, presidente da Accor para a América do Sul.
Com 16 marcas distintas de hotéis, a empresa acha que ainda é pouco. “As aquisições vão continuar e vemos espaço para aumentar o número de marcas”, afirmou o presidente. “Nosso sonho é sermos um dos três maiores no setor de hotelaria e turismo”, disse em evento.
Um dos impulsos para essas compras virá de fundos de investimentos que poderão entrar em uma nova estrutura que será criada pela rede de hotéis.
Este ano, a companhia irá se dividir em duas. Enquanto a HotelServices irá operar, cuidar do dia a dia e franquear os mais de 4.000 hotéis da Accor, a HotelInvest será criada para gerenciar os ativos imobiliários do grupo.
A nova empresa poderá receber investimentos de fundos em troca de até 60% de participação. Com cerca de 1.000 hotéis próprios, o patrimônio imobiliário do grupo gira em torno de US$ 7 bilhões, afirmou Mendes.
Dessa forma, ele acredita que a Accor poderá receber até US$ 4,2 bilhões, valor que será investido em aquisições, reformas e modernizações de empreendimentos existentes e em tecnologia.
A divisão de tarefas já existia na companhia desde 2013, mas este ano a HotelInvest se tornará uma subsidiária, uma pessoa jurídica distinta dentro do grupo, o que permite a entrada dos investidores.
Entre as incorporações do ano passado, estão as redes Onefinestay, Oasis Collection e Travel Keys, de aluguel de apartamentos e quartos de luxo, do serviço de call center e concierge John Paul, entre outros.
A maior dessas aquisições foi a do grupo FRHI, que detém as redes Fairmont, Raffles e Swissotel, por US$ 2,9 bilhões.
O grupo também adquiriu a Fast Booking, plataforma onde hotéis independentes, que não fazem parte de nenhuma grande rede, podem disponibilizar seus quartos para reserva no site da Accor e aumentar sua exposição. No Brasil, já há 42 hotéis cadastrados na plataforma.
No entanto, o grupo precisou desenvolver uma nova maneira de incorporar as adquiridas ao seu portfólio. Enquanto no passado a rede mudava decoração, cultura e estrutura dos hotéis comprados, a diretriz hoje é outra, para conservar os diferenciais dos empreendimentos. “Não queremos mais integrar, digerir e fundir esses hotéis com a nossa máquina”, declarou o presidente.
Globalmente, a receita do grupo hoteleiro atingiu 5,6 bilhões de euros, crescimento de 2,2% contra o ano anterior. O faturamento na América do Sul, que corresponde a 9,6% das receitas do grupo, cresceu 4,7%.
Na região, os países responsáveis pelo crescimento foram, principalmente, Colômbia, Chile e Peru, com aberturas recordes de novos empreendimentos. “Os países hispânicos ajudaram a segurar a queda no Brasil, que caiu 1,4% em cima da mesma base”, afirmou Mendes.
Contando com as aberturas e aquisições, a receita no Brasil cresceu 2,4%.
“Para 2017 estamos mais otimistas. Com a inflação controlada e juros mais baixos, esperamos um ano de retomada”, disse o presidente do grupo na região.
Mesmo sem os Jogos Olímpicos, a Accor espera crescer entre 5% e 6% no Brasil e 4,5% na América do Sul.
Ainda que a crise tenha impactado os resultados da rede no Brasil, também abriu oportunidades, disse o executivo. “Como a crise impactou alguns hotéis, vimos possibilidades de convertê-los em empreendimentos Accor”, afirmou.