Negócios

Ação contra JBS aumenta rejeição de detentores de títulos

Fundo Oppenheimer processa a companhia brasileira alegando que empresa incorporou na prática a Frangosul sem assumir dívidas


	Frigorífico da JBS: companhia está alugando fábrica de uma produtora avícola francesa, o que violaria os direitos da Oppenheimer sobre a unidade
 (Divulgação)

Frigorífico da JBS: companhia está alugando fábrica de uma produtora avícola francesa, o que violaria os direitos da Oppenheimer sobre a unidade (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2013 às 18h32.

São Paulo - A ameaça da Oppenheimer Funds Inc. de vender alguns dos seus ativos de renda fixa brasileiros, de US$ 2 bilhões, por causa de uma disputa legal com a JBS SA, apoiada pelo Estado, está enfatizando o aumento do descontentamento com o maior país da América Latina.

Art Steinmetz, chefe de investimentos do fundo com sede em Nova York, afirmou em 20 de agosto que “as coisas estão indo para trás no país” e que ele está “muito preocupado que uma empresa onde o governo brasileiro é dono parcial esteja tratando os direitos dos credores com indiferença”.

A JBS, da qual o Brasil possui 30 por cento por meio de bancos estatais, está alugando a fábrica de uma produtora avícola francesa, o que viola os direitos da Oppenheimer sobre a unidade, que foi oferecida como garantia em um empréstimo de US$ 100 milhões que não foi pago, disse Steinmetz.

A ação judicial acontece em um momento em que as companhias brasileiras, lideradas pela OGX Petróleo Gás Participações SA, de Eike Batista, ocasionaram neste ano as maiores perdas para os investidores em bônus denominados em dólares de mercados emergentes, após o Peru.

Ao mesmo tempo que a presidente Dilma Rousseff aumenta a intervenção do governo no setor de energia elétrica e serviços bancários do Brasil, os títulos corporativos do país caíram 8,5 por cento enquanto o crescimento econômico lento alimenta a especulação de que o país sofrerá um corte de rating.

Não está comprando

Um funcionário da JBS, que não foi identificado conforme a política da companhia, afirmou que a JBS só estava alugando e não comprando a fábrica da Doux SA, com sede em Chateaulin, França, portanto, não estava contraindo dívidas. A JBS possui uma opção de compra da fábrica para 2022, disse o funcionário, que não deu mais detalhes.


A Oppenheimer emprestou fundos para a Doux em 2008 e afirma que a empresa lhe deve US$ 73,5 milhões em capital e juros, de acordo com um processo movido contra a Doux no Supremo Tribunal do Estado em Manhattan em junho. Em julho, a Oppenheimer, que supervisiona US$ 208 bilhões em ativos, entrou com uma ação em São Paulo contra a JBS, a maior produtora avícola e de carne bovina do mundo, para ficar com a planta industrial de Passo Fundo e vendê-la.

Entre os bônus corporativos da Oppenheimer estão os de bancos estatais como o Banco do Brasil SA e o Banco do Estado do Rio Grande do Sul SA, e de companhias como a Oi SA, o Banco BTG Pactual SA, a Gerdau SA e a Braskem SA, segundo documentos dos fundos de dívida de mercados emergentes, títulos internacionais e renda global estratégica da Oppenheimer.

Não está “ajudando”

Em junho, a Standard Poor’s cortou a perspectiva do rating BBB do Brasil, dois graus acima do junk, para negativa, mencionando um crescimento econômico mais lento e a política fiscal expansionista.

“Os detentores de títulos, que antes gostavam do Brasil, agora já não estão gostando mais”, disse Luiz Campos, gestor de recursos da Dinosaur Securities, em entrevista por telefone. “Dilma não está ajudando. O Brasil não está num bom momento econômico. É tudo uma questão de macroeconomia. Tudo parece ruim para as empresas do Brasil”.

O BNDES, que possui participações em 140 companhias brasileiras, aumentou seus empréstimos como parte dos esforços do governo para incentivar o crescimento e expandiu seus investimentos em equity. De 2007 a 2012 seus empréstimos dobraram, para R$ 156 bilhões no ano passado.

“Vale a pena que os bancos estatais sejam obrigados a tomar medidas como essa?”, disse Michael Roche, estrategista para mercados emergentes na corretora de valores Seaport Group LLC, em entrevista por telefone de Nova York. “Para o setor privado, é mais importante resolver o problema. A JBS não está em dificuldades financeiras e o governo pode estar pensando que é melhor sair dela o mais rápido possível, ao invés de esperar mais tempo. É preciso saber quando ir embora”.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasCarnes e derivadosDívidas empresariaisEmpresas abertasEmpresas brasileirasFundos de investimentoJBSJustiçaMercado financeiro

Mais de Negócios

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'