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BRF de Abílio quer garantir a ceia de Natal dos brasileiros

Apesar do aumento dos custos de produção, a BRF está decidida a não elevar os preços de seus produtos pelo menos até dezembro


	BRF: mesmo com crise, a empresa está decidida a não elevar os preços de seus produtos pelo menos até dezembro
 (Mario Rodrigues/Veja São Paulo)

BRF: mesmo com crise, a empresa está decidida a não elevar os preços de seus produtos pelo menos até dezembro (Mario Rodrigues/Veja São Paulo)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2015 às 14h07.

São Paulo - O bilionário Abilio Diniz, presidente do conselho da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, quer garantir que os brasileiros possam comprar um presunto de primeira linha neste Natal.

Apesar do aumento dos custos de produção, a BRF está decidida a não elevar os preços de seus produtos pelo menos até dezembro, afirmaram seus executivos em um encontro com investidores e jornalistas, em Nova York, na semana passada.

Não se trata de uma decisão altruísta: com a economia brasileira caminhando para a recessão mais longa desde os anos 1930 e o desemprego em alta, a empresa comandada por Diniz está fazendo uma jogada para preservar a participação de mercado em meio à concorrência cada vez mais acirrada da JBS, a maior produtora de carne do mundo.

A BRF também está ampliando os gastos com marketing a fim de relançar produtos da marca Perdigão e promover sua linha premium de presuntos na TV.

Os investidores reagiram mal, e as ações da BRF registraram a maior queda em sete anos no último dia 30, depois que a empresa reportou que suas margens de lucro no Brasil encolheram no terceiro trimestre.

“Estamos cautelosos em relação a essa estratégia”, disse Caio Moreira, analista do Banco Fator em São Paulo. “A menos que a empresa seja capaz de aumentar os volumes e diluir os crescentes custos operacionais, passaremos a ver margens mais baixas”.

O CEO da BRF, Pedro Faria, afirmou em Nova York que manter a fidelidade do consumidor no maior mercado da empresa é um investimento para garantir que os lucros se recuperem a longo prazo, quando a economia retomar o crescimento. A BRF também quer que os clientes associem a marca Sadia ao sucesso e aos bons tempos econômicos do passado recente.

“As pessoas no Brasil precisam sentir isso, especialmente agora”, afirmou Faria a uma sala cheia de analistas, no New York Palace Hotel, na semana passada.

O Brasil entrou em recessão no segundo trimestre, com os níveis de confiança do consumidor e do investidor nos patamares mais baixos já registrados.

Economistas projetam que a economia vai encolher, em média, 2,8 % neste ano e 0,9 % no próximo, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Além disso, o real perdeu quase um terço do valor neste ano, a maior queda frente ao dólar entre as moedas monitoradas pela Bloomberg. Como resultado, a inflação avançou ao maior patamar em 12 anos, embora a crise econômica reduza a demanda por qualquer coisa além dos itens de primeira necessidade.

Crise política

Nesse contexto, as receitas da BRF no terceiro trimestre cresceram menos do que os analistas projetavam, enquanto as despesas de capital cresceram 24 % na comparação anual.

Apesar disso, o lucro líquido subiu 53 %, para R$ 877 milhões, à medida que as exportações mais que compensaram os resultados domésticos fracos.

Diniz defendeu os investimentos da BRF em um momento de turbulência no Brasil. Segundo ele, o país não atravessa uma crise econômica, mas uma crise política, que tem diminuído a capacidade do governo de implementar medidas para reforçar o orçamento e restaurar o crescimento.

Uma vez que isso seja resolvido, a economia se recuperará, garantiu.

“Estamos preparando essa empresa para que ela cresça na crise e depois da crise”, afirmou Diniz. “É claro que não estamos felizes com a forma como o mercado está entendendo isso, mas nós seguimos o nosso caminho, fazendo o melhor para a empresa”.

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