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Abilio quer expropriar Pão de Açúcar do Casino, diz Naouri

Em visita ao Brasil, presidente do Casino considera traição estratégia do empresário brasileiro; Naouri concedeu entrevista aos principais jornais impressos do país

Jean-Charles Naouri: Quando investimos no Pão de Açúcar, em 1999, o grupo tinha uma operação medíocre (Divulgação)

Jean-Charles Naouri: Quando investimos no Pão de Açúcar, em 1999, o grupo tinha uma operação medíocre (Divulgação)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 10 de outubro de 2013 às 14h43.

São Paulo – No Brasil desde o último fim de semana, Jean-Charles Naouri, presidente do grupo Casino, concedeu, na última terça-feira (5/7), entrevista aos principais jornais impressos do país. Sem poupar palavras, o executivo mostrou-se desapontado com a estratégia de Abilio Diniz, que está empenhado a unir as operações do grupo Pão de Açúcar e Carrefour.

Naouri classificou o movimento de Diniz como expropriação do Casino no grupo.  Para ele, a proposta de unir-se ao Carrefour, seu principal concorrente na França, é totalmente sem fundamento.

“A posição formal do Casino será comunicada. Preciso fazer algumas observações, já que eles negam o direito de controle do grupo sobre as atividades. A fusão com o Carrefour é muito complexa e nos parece que está sendo assentada em uma base estratégica errada”, disse Naouri ao jornal O Estado de S. Paulo.

O executivo afirmou que na última semana não quis receber Diniz na França, pois o próprio empresário havia dito que não estaria disponível para falar com o Casino antes do dia 4 de julho.

“Diniz disse que estava muito cansado e estressado para me ver antes da data combinada. Quando ele me ligou, no dia 27 de junho, considerei essa maneira de proceder como manipulação. Eu ainda não tinha conhecimento da proposta de fusão, somente sabia pela imprensa. Por isso, recusei a reunião”, afirmou o executivo ao jornal Valor Econômico.

Há cerca de dois anos, o empresário brasileiro, em reunião com o Casino,  disse que gostaria de renegociar o acordo que prevê a transferência do controle para o Casino. 

“Ele (Abilio Diniz) queria manter a sua imagem e o status elevado que conquistou no Brasil. Disse que seria difícil aceitar, pois já tínhamos investidos 2 bilhões de dólares no grupo, mas que estávamos abertos para conversar”, disse Naouri ao Estadão.

Segundo ele, não há arrependimento de ter fechado negócios com o Pão de Açúcar. Há, no entanto, um descontentamento pela dissimulação de Diniz nos últimos meses.  “Quando investimos no Pão de Açúcar, em 1999, o grupo tinha um negócio medíocre, que saía de um estado de quase falência. Fiz a aposta e estou muito contente com o desempenho do grupo”, afirmou.

Naouri veio ao Brasil para conversar com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Luciano Coutinho. Na segunda-feira (4/7), os dois conversaram. Questionado se veio pedir ao BNDES não financiar a fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour, o executivo limitou-se a dizer que não pediu nessas palavras.

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