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Abilio Diniz: na vida, sempre fui mais copiador que inventor

Em palestra no Latam Retail Show, empresário falou sobre produtividade, otimismo e política para os varejistas presentes no evento

Abilio Diniz: inspiração para os varejistas da Latam Retail Show 2017 (Fabiano Accorsi/Divulgação)

Abilio Diniz: inspiração para os varejistas da Latam Retail Show 2017 (Fabiano Accorsi/Divulgação)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 14h16.

Última atualização em 30 de agosto de 2017 às 12h45.

São Paulo – Ícone do varejo nacional, o empresário Abilio Diniz falou da maneira como encara a vida, os desafios e os medos nesta manhã no Latam Retail Show, que acontece na Expo Center Norte, zona norte São Paulo.

Entre as várias dicas de inspiração para os presentes no evento, uma se destacou pela honestidade: a de que ele mais copiava seu maior concorrente que inovava no setor.

“Copiei o Carrefour a vida inteira para procurar fazer melhor que eles”, disse a uma plateia de centenas de profissionais do varejo. “É muito mais curto o caminho para quem é copiador”.

O curioso é que, depois de anos à frente do Grupo Pão de Açúcar, Abilio é hoje o maior acionista individual da operação Brasil da rede francesa. E ainda liderou a abertura de capital da companhia, em julho, em meio a uma das maiores crises econômicas do país.

“Disseram que eu era louco de fazer (o IPO) e, no fim, levantamos seis bilhões de reais. Sabem por que? Porque os investidores acreditam no país, assim como eu acredito”, comentou.

O tom otimismo do empresário, tanto com o setor quanto com a melhora da economia, balizou toda a palestra de cerca de quarenta minutos, além da já conhecida receita dele para viver mais e melhor – tanto na vida pessoal quanto profissionalmente.

Para ele, o Brasil já mostra sinais de melhora, ainda que não na velocidade almejada pelo empresariado brasileiro. Da crise, sairão pessoas e empresas melhores e mais produtivas.

“Como empresário, digo que precisamos gerar riqueza, aumentar o número de empregos e aumentar a produtividade do país e quem está fazendo isso sairá firme, pronto para a retomada”, afirmou ele.

Para aumentar a produtividade, destacou ainda, três coisas são fundamentais: investimento no negócio, capacitação de pessoas e gestão da operação.

“A gente tem que escolher o que ser na vida. Qual é o nosso tamanho, o que quer fazer, onde quer chegar? ”, disse. “As empresas são grandes por escolha e não por acaso”.

Questionado pela plateia sobre como implementar uma boa cultura dentro da empresa, Abilio rebate sem pestanejar: “gosto da cultura que valoriza as pessoas, gente é fundamental”.

“Para você ter produtividade é preciso ter gente boa com você, que produzam felizes, o que só é possível quando você sabe valorizar as pessoas”, afirmou. “Se tem uma área que está dando certo, quer dizer que são as pessoas certas que estão ali e é preciso dizer isso a elas”.

Mudanças políticas

Diniz se mostrou otimista com a aprovação do teto dos gastos, que precisava ser feita para que o país parasse de gastar mais do que arrecada. Preocupa, daqui para frente, a maneira como os recursos serão geridos.

“Foi colocado (o teto) e agora o governo precisa cortar no lugar certo, porque sempre acaba sobrando (cortes) para saúde, educação e combate à violência”, afirmou ele.

O bilionário disse se sentir triste quando vê belas casas, até em bairros nobres, abandonadas por falta de segurança, uma situação que preocupa todas as classes sociais do país.

“Não dá para, em sã consciência, achar que tudo bem ter dinheiro, enquanto se vê pessoas esperando quatro, cinco meses para fazer uma cirurgia de urgência”, disse. “É preciso que melhorias sejam feitas”.

Ainda assim, salientou que empresário tem de ser empresário, gerar emprego e contribuir para a economia e não "querer ser político".

E sobre o que seria melhor para o país politicamente, sistema parlamentar ou presidencial?

“Penso que o parlamentarismo, em teoria, é melhor e mais ágil em momentos de crise, ainda que não seja ideal para o país de hoje”, opinou o empresário.

Para ele, é preciso um caminho de mudanças para que o sistema possa ser adotado, de forma que os eleitores saibam em quem vão votar e façam isso com consciência.

“Acho que o problema maior é do próprio país, com a maneira como (os políticos) estão lidando com o Brasil e não com o sistema previdenciário em exercício”, disse.

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