EDP: foco em geração distribuída para pequenos e médios estabelecimentos (EDP/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 22 de março de 2023 às 09h00.
Última atualização em 22 de março de 2023 às 13h48.
A liberalização do mercado de energia elétrica trará a figura do consumidor-cliente, com papel mais ativo, central e determinante no setor elétrico. Uma postura empoderada que marcará um novo momento na relação dos brasileiros com a energia. A EDP vem ampliando seu portfólio e se preparando para atuar com protagonismo neste cenário. “Até o final da atual década, teremos um modelo no qual o consumidor poderá escolher quem será seu fornecedor de energia, como hoje escolhe a operadora de celular”, afirma João Marques da Cruz, presidente da EDP Brasil.
A ideia da companhia é ampliar a oferta de serviços para todos os tipos de clientes. Atualmente, apenas clientes com consumo acima de 500 kW, o que equivale a uma conta mensal de cerca de R$ 140 mil, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), instituição gestora do mercado de eletricidade, podem participar do mercado livre. Nesse contexto, a EDP ocupa o quinto lugar no ranking geral entre as 456 maiores comercializadoras de energia aptas a atuar no Mercado Livre de Energia, atendendo a cerca de 25 mil unidades consumidoras.
Essa abertura deve avançar mais uma etapa em janeiro de 2024, quando todos os consumidores empresariais que estão no grupo A, de alta tensão, poderão migrar para o Mercado Livre de Energia. Na prática, essa medida deve impactar cerca de 106 mil novas unidades consumidoras no Brasil – em geral, médias e grandes empresas, como indústrias e shopping centers, que poderão optar por esse modelo.
A expectativa é de que a abertura do mercado empodere em um futuro próximo os clientes de todas as faixas de consumo, inclusive os residenciais, que estarão aptos a buscar novas soluções para reduzir a despesa com energia.
Do ponto de vista dos consumidores haverá uma grande transformação. Isso porque os clientes passarão a lidar com a energia como um serviço de valor agregado, buscando melhores preços, novas opções na forma de utilização, fontes renováveis e mais sustentáveis e tecnologias que tragam mais eficiência, como medidores inteligentes e smart home. Caso não esteja satisfeito com o serviço prestado, o consumidor poderá escolher outro fornecedor, da maneira que já acontece em outros segmentos como a telefonia móvel.
O mercado totalmente aberto trará consigo o conceito de Energy-as-a-Service, um cenário onde a distribuidora se concentra em oferecer serviços relacionados à distribuição de energia de fato, enquanto comercializadoras e geradoras de energia passam a se preocupar em ampliar a penetração de novos clientes no mercado livre, assim como prover novos serviços de valor agregado à venda de energia.
Marques da Cruz destaca que a EDP está atenta a esses avanços e já oferece soluções em energia a seus clientes. “Quando a abertura chegar, vamos acelerar essas estratégias. A ideia é continuar operando com os principais agentes do mercado e clientes B2B, mas estamos nos preparando para ingressar com protagonismo também entre os consumidores de pequenas e médias empresas e os residenciais”.
Essa mudança trará impactos também no aumento do peso e importância de fontes renováveis, como a energia solar, acessível e com um custo cada vez mais competitivo por conta das condições favoráveis no Brasil. Segudo a EDP, parte desse crescimento em geração solar virá não somente da geração distribuída como também de modelagens comerciais, em parceria com clientes, que explorem a modalidade de autoprodução por meio da construção de usinas fotovoltaicas.
A qualidade do serviço também deve melhorar. Isso porque a partir do momento em que a distribuidora passa a ser porta de entrada do consumidor para o acesso à energia e deixa de ser de mero fornecedor de eletricidade, a concorrência aumenta e as empresas terão de se preocupar em oferecer uma boa experiência para ganharem mais clientes.
Diante da liberdade de escolha do consumidor, as empresas terão também o desafio de modernizar o setor elétrico a partir de tecnologias mais eficientes, redução de encargos, subsídios e tributos e revisão de seus modelos de expansão.
Ocupando a liderança do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, carteira na qual marca presença há 17 anos, a EDP é frequentemente reconhecida por suas práticas de ESG e inovação, e vem investindo na ampliação de seu parque solar e promovendo melhorias e modernizações das redes de distribuição e transmissão. “A abertura do mercado e a modernização do setor são dois temas totalmente interligados, pois implicam uma evolução tecnológica natural. Será necessário modernizar as redes, utilizando novos equipamentos e novas tecnologias”, ressalta Marques da Cruz.
A abertura é um modelo já utilizado em diversos países. No Canadá, Estados Unidos e na Europa, onde a EDP atua, houve a liberalização e a consequente modernização. No mercado europeu, o consumidor pode decidir se permenece no ambiente regulado ou se migra para o livre. Em Portugal, o sistema existe há 20 anos e 85% dos usuários cadastrados como pessoas físicas optaram pela migração. A EDP tem cerca de 75% de market share no país. “Se os consumidores decidiram assim, é porque entenderam que a oferta era mais atrativa, que tinham melhores opções de escolha”, afirma o executivo. “Para conquistar os clientes, as empresas têm de se empenhar e oferecer qualidade, bons preços e serviços suplementares, e estamos nos preparando para atuar com protagonismo quando a abertura acontecer no Brasil”, conclui.