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A virada da Petrobras ainda não acabou, diz Parente

De acordo com o presidente, a "empresa tem legados bastante complicados, financeiros e estruturais"

 (Bruno Kelly/Reuters)

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Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 12h20.

São Paulo - Há dois anos, a Petrobras teve um prejuízo recorde de 34,8 bilhões de reais. A perda bilionária de 2015 ocorreu em meio ao envolvimento da estatal na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Também foi consequência da alta do dólar e queda no preço internacional do petróleo.

Pedro Parente, que foi anunciado em 2016 como presidente, assumiu com o desafio de recuperar a companhia. De acordo com ele, a empresa tem ações para reduzir o endividamento e aumentar a produção e eficiência de seus campos.

Os primeiros resultados, diz, já apareceram, mas o processo de transformação ainda não terminou. "O turnaround está acontecendo e é algo absolutamente essencial para a empresa, mas ainda não terminou", afirmou.

Ele deu uma palestra no Latin America Investment Conference, promovido pelo Credit Suisse.

De acordo com o presidente, a "empresa tem legados bastante complicados, financeiros e estruturais", mas está otimista com o cenário do setor de óleo e gás.

Endividamento

Um dos sinais da retomada da companhia é o fluxo de caixa livre, destacou o executivo. Enquanto em 2013 o fluxo foi negativo em 42 bilhões de reais, em 2016 foi positivo em 41,57 bilhões de reais.

Com o fluxo de caixa, diminui a dívida bruta, que era de 493 bilhões de reais em 2015 para 359 bilhões de reais no terceiro trimestre de 2017.

Como consequência, a relação entre dívida bruta e Ebitda, que é o lucro antes de impostos e outras taxas, também melhora. Essa taxa é chamada de alavancagem e melhorou de 5,1 vezes em 2015 para 3,2 vezes no terceiro trimestre de 2017, último dado divulgado.

Mesmo assim, a dívida da empresa ainda não está em níveis saudáveis, diz Parente. A meta é chegar a uma relação de 2,5 vezes em 2018.

A projeção é de que a dívida bruta caia de 114 bilhões de dólares, no terceiro trimestre do ano passado, para 102 bilhões de dólares ao final de 2018.

Parente também destacou a melhora no perfil de endividamento no último ano. No fim de 2016, a dívida tinha um prazo médio de pagamento de 7,3 anos, com taxas de 6,3%. Já no final de 2017, o prazo era de 8,4 anos, com taxa de 5,9%.

Maior produtividade

Para melhorar a produtividade da empresa, ela irá investir em duas frentes: desenvolver seus poços de extração de petróleo e vender ativos.

"Vamos fazer um esforço para colocar em operação oito novas plataformas esse ano", disse Parente. Até 2022, a estatal prevê abertura de 11 novas plataformas.

A maior parte dos investimentos da companhia de 2018 a 2022 deve se concentrar nesse segmento, de exploração e produção de óleo e gás - serão 81% dos 74,5 bilhões de dólares previstos em Capex para os anos de 2018 a 2022.
A abertura de campos também ficou mais rápida, o que diminui os custos de cada barril de petróleo, disse Parente.

De acordo com ele, a abertura dos primeiros campos levava em média 330 dias até que estivesse pronto para a produção e que hoje esse prazo é inferior a 90 dias. Entre 2016 a 2017, a média era de 15 novos poços perfurados por ano e a meta é que sejam 29 por ano, no período de 2018 a 2022.

Dessa forma, a média de barris extraídos deve chegar a 2,7 milhões de barris por dia no final de 2018 e a 3,5 milhões de barris por dia em 2022, garante o presidente.

Desinvestimentos

Além de aumentar a produção em campos que considere vantajosos, a empresa também tem um plano para se desfazer de ativos que não sejam eficientes.

A meta de 2017 a 2018 era de arrecadar 21 bilhões de dólares em desinvestimentos - destes, ela já anunciou 4,5 bilhões de dólares em vendas.

Ainda espera vender cerca de 70 campos em terra firme, 31 em águas rasas, estrutura de distribuição no Paraguai, gasodutos no Norte e Nordeste, unidade de fertilizantes e participação na Braskem.

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