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Livro mostra a transformação do Uber e do Airbnb

Surgem quase simultaneamente duas empresas que incorporam plenamente esse momento desenvolvendo negócios tão planetários quando bilionários: Airbnb e Uber

Uber: empresa impulsionou "uma nova economia baseada na confiança mútua" (Divulgação)

Uber: empresa impulsionou "uma nova economia baseada na confiança mútua" (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2017 às 08h42.

Última atualização em 23 de julho de 2017 às 09h57.

As Upstarts – Como a Uber, o Airbnb e as killer companies

do novo Vale do Silício estão mudando o mundo

Autor: Brad Stone. 384 páginas

Editora Intrínseca

O ano é 2008. Enquanto o universo financeiro mergulha numa das maiores crises de todos os tempos, começam a surgir indícios de uma grande transformação tecnológica, aquela que foi chamada de “terceira fase da internet”. A Apple tinha lançado o iPhone um ano trás. O Facebook crescia vertiginosamente em direção a um bilhão de usuários.

O mundo estava em transformação e, nesse ambiente, surgem quase simultaneamente duas empresas que incorporam plenamente esse momento desenvolvendo negócios tão planetários quando bilionários: Airbnb e Uber. As duas são protagonistas do livro As Upstarts, do jornalista americano Brad Stone, recém-lançado no Brasil pela Editora Intrínseca.

Upstarts, segundo a definição traduzida do autor, é substantivo feminino que significa “pessoa que iniciou há pouco uma atividade, fez sucesso e não demonstra o devido respeito para com pessoas mais velhas e experientes ou para com as maneiras tradicionais de se fazer as coisas”.

Faz sentido. Stone conta principalmente a grandiosa história das duas empresas e de como ambas se tornaram gigantes do mundo de negócios usando não só novas tecnologias mas também uma ousada capacidade de enfrentar convenções, regras, leis e éticas para conseguir impor os seus modelos transformadores.

O livro vai muito além do que o autor chama de “mitologia” das empresas, ou, em outras palavras, as lendas que são frequentemente associadas aos fundadores do Airbnb e da Uber.

Stone é editor executivo da Bloomberg, sediado no escritório de São Francisco, de onde conheceu e acompanhou aqueles jovens, todos com menos de 30 anos, dispostos a realizar o sonho de transformar o mundo a partir dos algoritmos e aplicativos do vale do Silício. Tinham, como fundamentos, não só o uso da tecnologia, mas o conceito inovador da economia compartilhada e de duas grandes áreas de negócios: o transporte urbano e a moradia nas cidades.

“Não é que o Airbnb e a Uber tenham engendrado a ‘economia compartilhada’, ‘economia sob demanda’ ou ‘economia one-tap [acionada por um toque]’ (rótulos que nunca parecem 100% adequados). Eles na verdade impulsionaram uma nova economia baseada na confiança mútua, ajudando pessoas comuns a negociarem suas necessidades de transporte e hospedagem na era do acesso universal à internet”, escreve o autor.

Depois de ler o relato de Stone não chega a ser surpresa que, em apenas oito anos, ambas as empresas, sediadas a menos de dois quilômetros de distância uma da outra em São Francisco tenham se transformado em startups com um valor de mercado de meia centena de bilhões de dólares.

O autor revela como essas duas empresas não apenas supriram carências urbanas, mas transformaram o comportamento e até mesmo a economia de algumas das grandes cidades.

O ritmo do livro é intenso principalmente quando se concentra em traçar o perfil dos protagonistas, os principais executivos das duas empresas. A história e o estilo de vida desses personagens – jovens ricos e carismáticos, concentrados de uma maneira obsessiva nos negócios – constitui uma sequência surpreendente de fatos, decisões, diálogos e conspirações típicas da economia bilionária que poucos conhecem.

Um desses personagens é Travis Kalanick, formado em engenharia de computação que já na época que fundou o Uber, em 2008, tinha enriquecido pegando carona na primeira onda das empresas pontocom. Era um jovem arrogante e temperamental que aparentava ter ideias e comportamento de adolescente, mas uma paixão irrefreável pelo conceito do transporte compartilhado e principal responsável pela ascensão vertiginosa do negócio.

O outro é Brian Joseph Chesky, designer industrial, que movido pelo instinto e observação, teve a brilhante ideia de montar um negócio que transformou a hospedagem urbana. Ambos eram destemidos, extremamente esforçados, capazes de resolver qualquer problema ainda que fosse preciso sacrifícios inimagináveis.

“O Airbnb pode ser considerado a maior empresa hoteleira do planeta, apesar de não ser dono de nenhum quarto de hotel. A Uber é uma das maiores empresas de serviços automotivos do mundo, apesar de não empregar motoristas profissionais nem ter sequer um veículo”, escreve Stone.

O livro é revelador e surpreendente porque oferece duas conclusões importantes: a primeira é que se trata de uma história que transformou o planeta, mas que nos fez de testemunhas, já que aconteceu na última década e ainda acontece. A outra conclusão é que talvez não seja uma mudança tão radical assim, porque as estratégias são as mesmas praticadas pelas corporações do século 20. Ou seja, negociatas, exploração e maus tratos dos funcionários, corrupção, conspiração.

Um fato que o livro não conta: recentemente Travis Kalanick teve que deixar o Uber depois de ser acusado de ser complacente com o assédio sexual e moral praticado dentro da empresa.

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