Negócios

O drama da Ford no Brasil e no mundo em 5 gráficos

O anúncio de fechamento das fábricas da marca no mercado brasileiro trouxe à luz as dificuldades que o grupo americano vem enfrentando nos últimos anos

Ford: dificuldades ao longo dos anos (Ginnette Riquelme/Reuters)

Ford: dificuldades ao longo dos anos (Ginnette Riquelme/Reuters)

JE

Juliana Estigarribia

Publicado em 17 de janeiro de 2021 às 08h00.

Última atualização em 19 de janeiro de 2021 às 09h51.

Com o anúncio do fechamento de todas as fábricas da Ford no Brasil, a situação da montadora no mercado global acabou ficando em evidência. Em um cenário de transformação do negócio no mundo e de mudança de hábitos do consumidor, o grupo americano vem apresentando dificuldades para se manter no topo.

Apesar de pioneira na indústria automotiva global, a Ford tem tentado se reinventar em meio ao avanço agressivo das suas concorrentes, principalmente asiáticas.

Com a expansão do conceito de elétricos e autônomos, a situação ficou ainda mais desafiadora. A novata Tesla, do bilionário Elon Musk, vem liderando a corrida global pelo carro elétrico. Mas inúmeras montadoras e até startups vêm investindo pesado para ganhar espaço rapidamente.

Não é de hoje que a Ford vem reformulando sua estratégia para se manter na elite do mercado automotivo global, mas os resultados estão aquém do ideal.

Confira, abaixo, gráficos que mostram a situação da montadora.

Ao longo dos últimos anos, a participação de mercado da marca no mundo vem caindo de forma contínua. Enquanto concorrentes como Toyota e Volkswagen continuam avançando, a marca americana tem apresentado dificuldades para crescer em vendas, principalmente fora do chamado "segmento C" -- de maior porte, como picapes e SUVs grandes. Em compactos e sedãs, o selo americano dificilmente está entre os mais vendidos globalmente. Já entre os modelos maiores, a competição é brutal, deixando pouco espaço para se sobressair.

No Brasil, cada ponto percentual de participação de mercado representa centenas de milhões de reais em receita para montadoras e rede de concessionárias. Diante dessa premissa, a Ford vem perdendo espaço ano a ano, inclusive no segmento compacto, onde a marca é historicamente forte no país. Após perder o valioso posto de "quarta maior" do país em 2019 -- em meio a altos e baixos na década -- a Ford encerrou 2020 na quinta posição do ranking de vendas de automóveis e comerciais leves e, se contabilizados somente os carros de passeio, a montadora cai para a sexta colocação.

O volume de vendas da Ford no Brasil vem oscilando nos últimos anos, especialmente no segmento compacto, que mantém aquecidas as linhas de produção. Embora o Ka represente um volume significativo para a companhia, não tem sido suficiente para garantir boas margens -- a própria empresa vem afirmando repetidamente as dificuldades para manter a lucratividade no país. Sem uma participação expressiva em sedãs, com a queda do SUV Ecosport e pouca atuação nas categorias consideradas "premium" (acima de 100.000 reais), sobrou pouco espaço para montadora ganhar rentabilidade.

 

 

A receita global da Ford vem soluçando nos últimos anos, sem uma direção clara de crescimento. Com a competição acirrada ao redor do mundo e com dificuldades para se renovar, a montadora viu o faturamento sofrer impactos ano a ano.

O mesmo aconteceu com o lucro líquido do grupo, em meio a baixas contábeis, quedas na receita e perda de participação de mercado na América do Sul e no mundo. Despesas com fechamento de fábricas e altos investimentos em novos produtos para fazer frente à transformação da indústria no mundo também contaminaram o resultado líquido. E a pandemia veio para ceifar o desempenho da montadora, após anos de oscilações.

Podcast: "Quem está em crise, a Ford ou o Brasil?"

Acompanhe tudo sobre:FordMontadoras

Mais de Negócios

Ele criou um tênis que se calça sozinho. E esta marca tem tudo para ser o novo fenômeno dos calçados

30 franquias baratas a partir de R$ 4.900 com desconto na Black Friday

Ela transformou um podcast sobre namoro em um negócio de R$ 650 milhões

Eles criaram um negócio milionário para médicos que odeiam a burocracia